A criação de uma Unidade de Conservação de Proteção Integral vai permitir a utilização do local apenas para pesquisa, educação ambiental ou turismo ecológico, disse Clodoaldo
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A perereca Aparasphenodon pomba, há pouco tempo descoberta no Município de Cataguases, está incluída na lista de espécies animais "criticamente ameaçadas de extinção", segundo estudo realizado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação (Icmbio). Esse anfíbio, descrito em 2013 pelo biólogo cataguasense Clodoaldo Lopes de Assis, continua sendo registrado apenas na região de Sinimbu e corre o risco de desaparecer para sempre da natureza, devido à degradação ambiental de seu habitat.
Conforme destaca Clodoaldo, a Aparasphenodon pomba pertence a um grupo de anfíbios anuros conhecidos popularmente como pererecas-de-capacete, porque possuem uma forte ossificação na cabeça. Ainda de acordo com informação do pesquisador, existiam registros de quatro espécies desse gênero (Aparasphenodon) no Brasil, e os estudiosos se surpreenderam com a existência de uma quinta espécie, ainda mais ao saberem que ela vive em uma região tão degradada como a Zona da Mata Mineira.
"Agora a preocupação é com o risco do desaparecimento dessa espécie a qual mal conhecemos", ressalta o biólogo, lembrando que é preciso tomar uma série de medidas para tentar preservar esse animal, o qual foi catalogado graças à pesquisa que vem sendo realizada desde 2007. Mestre em Biologia Animal, além de consultor ambiental e de pesquisador colaborador do Museu de Zoologia da Universidade Federal de Viçosa, Clodoaldo alerta que, diante da constatação de ameaça de extinção da perereca Aparasphenodon pomba, a primeira coisa que deveria ser feita é transformar a área onde a espécie foi encontrada em uma Unidade de Conservação de Proteção Integral, que permita a utilização do local apenas para pesquisa, educação ambiental ou turismo ecológico.
Segundo o biólogo, "ter um cuidado maior também com a preservação das áreas ao redor de onde a perereca vive" e "realizar estudo de hábitos, dietas, comportamentos reprodutivos, defesa contra predadores, entre outras questões de biologia da espécie" são outras duas ações importantes a serem executadas. "Além dessas, a conscientização da população sobre a necessidade da preservação ambiental é fundamental para a sobrevivência daquele anfíbio e de qualquer outra espécie", acrescentou Clodoaldo, lembrando que já foi cogitada a criação da Unidade de Conservação na área onde a perereca habita, mas a propriedade está na Justiça.
O pesquisador cataguasense sublinha que, enquanto a questão não se resolve, continuam sendo realizados os esforços para encontrar novas populações de Aparasphenodon pomba na região, buscando descobrir como e onde esse anfíbio se reproduz. Com o empenho, a pesquisa já registrou, além da mencionada perereca, mais 100 espécies de lagartos, serpentes, cágados, sapos e rãs que vivem nas áreas de mata de Cataguases, como, por exemplo, nas regiões das Serras do Sapecado e da Neblina, de Sinimbu e do Horto Florestal. Por isso, conforme conta Clodoaldo, o estudo, além de trazer informações importantes para serem utilizadas no meio cientifico, mostra também uma boa parcela da biodiversidade local, criando subsídios para tomada de decisões sobre a preservação e conservação de determinadas áreas. (Fotos gentilmente cedidas por Clodoaldo Lopes de Assis)
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