À esquerda, a capa do livro que será lançado por Lina Tâmega, à direita na foto
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A poesia entre desertos
"Entre Desertos, novo livro de Lina Tâmega Peixoto, é mais uma obra que vai enriquecer a fortuna literária de uma autora que começou a escrever em finais da década de 1940 e ainda tem muito a buscar nas minas de sua escrita" – escreveu Fábio Lucas, um dos mais renomados críticos literários brasileiros. "Ler um livro de Lina requer tempo. Não o tempo normal que se gasta para leituras cotidianas, mas um tempo para se concentrar mais, pois ele exige do leitor mais do que a fruição de palavras que vão puxando palavras. Fui dirigindo meu voo por penetráveis, porém surpreendentes vias – que é assim o caminho dos bons livros – deparando ora com o recurso da metalinguagem, ora com a difícil música de alguns versos ou com a ligeireza do pensamento".
Diz o poeta e crítico Affonso Romano de Sant´Anna: "Deu-me muito prazer a leitura de seus poemas. Raramente encontramos poesia na poesia que nos mandam, você sabe disso, porque é do ramo. Fui lendo e pensando, por que essa mulher não é mais divulgada? A elegância, a singularidade, a maestria, está tudo ali. Você conheceu a Cecília (Meireles). Se Mário de Andrade te conhecesse ia se corresponder com você".
Professora, poeta e crítica literária, a cataguasense Lina Tâmega Peixoto reside em Brasília desde sua criação. Ali exerceu o magistério na Fundação Educacional do Distrito Federal e na Universidade de Brasília. Ao lado do poeta Francisco Marcelo Cabral, fundou em Cataguases a Revista Meia-Pataca (1948-1949). Em 1953, lança seu primeiro livro, Algum dia (Hipocampo Editora, Rio de Janeiro). Ao longo dos anos, surgem vários outros títulos, todos de poesia: Entretempo, Dialeto do Corpo, Água polida, 50 poemas escolhidos pelo autor, Os bichos da Vó, Prefácio de Vida. Publicou também inúmeros poemas e ensaios críticos em suplementos e revistas literárias, do Brasil e de Portugal. Membro do Pen Clube do Brasil-RJ, da Associação Nacional de Escritores e da Academia de Letras do Brasil, Lina é poeta premiada pela União Brasileira de Escritores – UBE-RJ.
Outros Comentários
Lina Tâmega Peixoto já recebeu várias e elogiosas correspondências de poetas e críticos abordando o livro "Entre Desertos": Veja a seguir.
"Ler um livro de Lina requer tempo. Não o tempo normal que se gasta para leituras cotidianas, mas um tempo para se concentrar mais, pois ele exige do leitor mais do que a fruição de palavras que vão puxando palavras. Seu discurso requer um silêncio dentro desse tempo para se buscar, na memória de poemas já lidos, algo que nos favoreça e possa tirar do doce deleite de leitor desavisado". Joaquim Branco (poeta e crítico, Cataguases).
"Lina, teu lirismo é o oásis a brotar entre desertos da solidão e dos vazios humanos. E brota graças ao manancial das águas que percorrem as páginas do teu livro, contraponteando a secura e aridez das areias. Lá está o refrão de ressonância medieval: Ai minha barca navega/ tonta e formosa de lágrimas/ que são dos olhos o mar! No belíssimo poema em que desponta a pungência da solidão, sinto-me só, leio: pediram-me chuva no deserto/ como se fosse um seio/ a amamentar as águas. Acho visceral essa simbologia no percurso do livro, pela coerência que mantém com o conjunto e com o título. Água é amor e vida. Possivelmente, o grande momento poético do conjunto é Portugal, cuja estrofe de abertura é de beleza ímpar. O final também é de alto nível e há versos inspiradíssimos como os séculos guardados em álbuns de retratos. Quero repetir contigo: somente a unção da escrita/ suporta o mundo/ em suas obscuras e intuitivas razões. Astrid Cabral (poeta e ensaísta, Rio de Janeiro).
"Querida Lina: Recebi e agradeço o seu belo livro Entre Desertos. Que fina poesia a sua, tecida com os nomes da vida, com o aroma das romãs e os fios de acácia. Amo a ideia de ermo. De um Deus que colocará caminhos no deserto e rios no ermo. Naquela casa com andorinhas de louça nos beirais das janelas e flores de organdi na jarra, onde a unção da escrita suporta o mundo, eu gostaria de morar. Seus temas me comovem e são também meus: o tempo, a finitude, a velhice (aquela que põe buquês de amora no rosto dos velhos) a natureza morta das frutas e objetos". Raquel Naveira (poeta e crítica, São Paulo).
"Lina: Os poemas são belíssimos, muitos deles com imagens inusitadas, mas que, uma vez lidas, formam um sentido exato e transcendente. O livro está muito bonito. É uma obra difícil, não se trata de poesia digestiva. Não há como pegar o seu livro e ler apenas uma ou duas horas, como se dá com a maioria das oras que circula por aí, até mesmo de poetas renomados. É um texto denso, que exige vagar, um texto mesmo para se meditar, tal como se faz quando se anda num deserto, o indivíduo sujeito a delírios e precisas imprecisões, como se dá sempre que se arrebenta com o convencional e se leva a mente aos extremos das possibilidades e da imaginação". Ricardo Alfaya (poeta, Rio de Janeiro).
"Minha cara Lina Tâmega: Depois de ler e reler Entre Desertos – a mais requintada de suas obras – concretizada nas múltiplas revelações do seu estro para a refinada dicção poética, ocorria-me um gesto lúdico, toponímico, de situá-la no mapa dos melhores criadores da manifestação lírica do país. Os poemas contidos em Entre Desertos se notabilizam pela riqueza metafórica com que o arquétipo das perdas e o das saudades das origens assediam o impulso criador. Além do mais, o conhecimento acumulado ao longo da existência monitora as soluções expressivas, qualificando a autora e despertando a admiração e o aplauso dos leitores". Fábio Lucas (crítico literário, São Paulo).
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