Um dos assuntos mais debatidos na última reunião da Câmara Municipal de Cataguases, ocorrida dia 05 de novembro, foi a licitação para o Transporte Coletivo cujo edital pode ser divulgado a qualquer momento. Os vereadores, no entanto, julgam necessário realizar – preliminarmente – audiências públicas a fim de debater o assunto por todos os segmentos da população, utilizando, inclusive, o estudo apresentado pela empresa Cidade Viva, no último dia 31 de outubro, naquela Casa Legislativa. Os vereadores insistem no debate argumentando que o município não pode incorrer no mesmo erro cometido com a Copasa e também para que o serviço atenda plenamente as necessidades dos usuários.
A reportagem do Site do Marcelo Lopes foi ouvir o outro lado desta história; os proprietários das duas empresas que prestam o serviço de transporte coletivo em Cataguases (Viação Bonança e Transportes Coletivos Leo). Oder Ferreira, da Viação Bonança, e Leo Angelo Martins, da Transportes Coletivos Leo, possuem o mesmo pensamento muito parecido a respeito do assunto. Eles concordam com o Legislativo Municipal sobre a necessidade de promover várias audiências públicas e fazem outros questionamentos a respeito do processo em andamento. “Um assunto importante que ainda ninguém abordou é se após a licitação o preço da tarifa vai continuar o mesmo ou sofrerá reajuste”, questiona Leo. “Também não está claro se a redução do número de carros para atender a demanda não vai trazer problemas para o usuário”, comenta Oder.
Indagados sobre o estudo apresentado pela engenheira Liane Born, da Cidade Viva, os dois empresários concordaram com as sugestões mas afirmam que somente ele não é suficiente para resolver o assunto. “É preciso também apresentar um estudo de viabilidade econômica com a planilha de custos”, asseguram. Eles também responderam que aceitariam aplicar em suas frotas o resultado do estudo a título de experiência com o objetivo de verificar se as propostas ali elencadas atendem a realidade de Cataguases. “Esta sugestão é a ideal para este momento, uma vez que depois de licitado, o serviço será implantado e teremos que conviver com ele por no mínimo quinze anos”, explica Leo. “Mas se der errado, será muito mais difícil corrigir e pode piorar ainda mais a realidade atual”, completa Oder.
Os vereadores Rafael Moreira (foto ao lado), relator da Comissão de Obras e serviços Públicos da Câmara Municipal de Cataguase e Betão do Remo, que estão tratando deste assunto no âmbito do Poder Legislativo Municipal, vem pressa no processo que vai definir o modelo do transporte coletivo no município. “A licitação vai acontecer. Quanto a isso não há a menor dúvida. Mas não pode ser no ritmo e da forma que o Executivo deseja”, afirma Rafael, explicando seus motivos em seguida. “Primeiramente nós não temos sequer um plano de mobilidade urbana, que deveria ser discutido e votado antes desta licitação porque é a base de tudo o que faremos depois. Precisamos saber quais tipos de transportes temos, queremos e com que frequência vamos utilizar: ônibus, Uber, táxi, mototáxi, bicicleta, patinete, enfim, hoje as opções são muitas”, disse.
Betão (foto abaixo ao lado) lembra o que considera “erros” já cometidos pelo Executivo neste processo. E cita como exemplo – dizendo-se espantado – a exclusão do Conselho Municipal de Trânsito e Transportes dos debates sobre o assunto. “Até agora ele sequer foi ouvido e deveria ser o primeiro a opinar e coordenar este debate”, afirma. Outra falha considerada por ele é que o Executivo ainda não enviou cópia do estudo para o Poder Legislativo nem para o Conselho de Trânsito. “Isto sem contar que ainda não se falou das gratuidades, considerada muito elevada para os padrões atuais e que compromete o preço da tarifa, conforme apontou o estudo da empresa Cidade Viva”, completou aquele vereador.
Todas estas questões, bem como horários das linhas, o fim da parada para almoço e jantar dos motoristas, como o fim do sistema bairro a bairro, entre outros assuntos, serão discutidos nas audiências públicas, revela Rafael. “Por tudo já citado é que não podemos agir de forma precipitada. Esta é a oportunidade para definirmos um sistema de transporte de acordo com nossas necessidades e para ser mais eficiente”, afirma. Perguntado sobre a ideia de implantar em caráter experimental as soluções apontadas no estudo, primeiramente nas empresas que hoje atuam na cidade, aquele vereador disse apoiar a ideia. “É o melhor jeito de saber se vai dar certo. E com isso podemos descartar o que não funcionou e melhorar o que deu certo antes de fazer a licitação”, finalizou.