Até ontem, dia 11, Cataguases tinha 6.813 recuperados da Covid-19 conforme o Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde. Uma dessas histórias de cura é a do Cláudio Berno, de 27 anos, que ficou internado durante dez dias no Hospital Cataguases (HC), tendo passado cinco desses na UTI. Ele foi hospitalizado apresentando sintomas da doença, incluindo falta de ar. Em pouco tempo, o quadro agravou, quando foi necessário aumentar o fluxo do oxigênio para auxiliá-lo em sua respiração. Diante da situação, foi recomendado pelo médico responsável pelo tratamento o uso do medicamento tocilizumabe, comercializado no Brasil com o nome Actemra, com custo de R$7 mil cada caixa, sendo necessárias duas para o tratamento.
Com a família sem os recursos para custear os medicamentos, os amigos de Cláudio decidiram fazer uma vaquinha virtual do remédio que poderia fazer com que ele vencesse a batalha contra a Covid-19. A campanha mobilizou pessoas de Cataguases e chegou a outros estados, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo. O valor foi arrecadado na sua totalidade em seis dias via PIX e plataforma digital. Após o uso do medicamento Cláudio apresentou uma melhora considerável. A alta aconteceu no último sábado, dia 10, com direito a celebração entre o paciente, os profissionais de saúde e os familiares.
No total, o valor arrecadado foi 6.247,20 via PIX, R$4.870,00 via plataforma digital “Vakinha”, excluídas as taxas, e o restante foi completado pela família de Cláudio.
Já em casa, Cláudio agradeceu a todos que acreditaram na sua recuperação. “Vivi dias difíceis, em que eu não conseguia me mexer e sentia muita falta de ar. Obrigado a todos que doaram, eu e minha família não esperávamos essa solidariedade e com tantas pessoas envolvidas no meu caso, inclusive de outras cidades. Eu quero agradecer ao tratamento impecável que tive pelos profissionais do Hospital Cataguases, onde fui muito bem atendido, incluindo o doutor Nivaldo Gribel, a doutora Larissa Resende, os enfermeiros, fisioterapeutas e a assistente social, que auxiliou muito a minha família”, disse.
Medicamento não é indicado para todos os casos de Covido-19
O coordenador médico da Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Cataguases, médico pneumologista e intensivista, Nivaldo Gribel, lembra que o tocilizumabe não é oferecido pelo SUS, porque ele ainda não faz parte dos medicamentos padronizados pelo Sistema e possui um alto custo. Ele lembra que o tocilizumabe não deve ser utilizado em todos os casos nem de forma preventiva. “O uso não é recomendado a todos os pacientes, são para casos específicos. É uma medicação feita pelo uso venoso, que não é dada a todos que estão infectadas pelo Coronavírus, nem de forma preventiva. Ele é utilizado nas pessoas com COVID-19, normalmente até a primeira semana, são aqueles pacientes com insuficiência respiratória aguda grave, que estão em uso de suplementação de oxigênio, mas excluídos aqueles que estão em ventilação mecânica e/ou infecção secundária”, explicou.
Texto: Bernardo Chaia | Fotos: Arquivo pessoal e reprodução site Vakinha