O Hospital de Cataguases realizou na tarde desta quinta-feira, 10 de junho, uma manifestação pública e divulgou uma Carta Aberta a Cataguases e Região intitulada “O Hospital Pede Socorro”. O texto, além de analisar a situação da pandemia, o papel daquela Santa Casa e o contexto regional e nacional da doença, reivindica lockdown completo. No mesmo documento o Hospital refuta qualquer culpa sobre o atual estágio da doença na cidade e também sobre a alta mortandade, afirmando ser vítima da atual realidade da pandemia no município, uma vez que o tratamento inicial da pandemia vem através de medidas restritivas impostas pelo poder público.
Coordenada pelo médico e diretor técnico do Hospital de Cataguases, Pedro César Martins e que reuniu a equipe de profissionais da linha de frente da saúde daquela Santa Casa, a iniciativa foi organizada para mostrar a atuação do Hospital nesta pandemia como “último elo de toda essa corrente” na prestação de assistência aos enfermos “incessantemente”, conforme revela o texto lido na abertura do evento que aconteceu na entrada principal daquele Hospital. Desde o início da pandemia, acrescenta o texto lido por Sarah Almeida Vieira Miranda, Responsável Técnica de Enfermagem, aquela Santa Casa funciona com 100% de sua capacidade sem perspectiva de melhora nesta situação.
De acordo com a Carta Aberta, é preciso testar o maior número possível de pessoas e “quanto mais cedo for detectada a doença, mais fácil será o tratamento.” E afirma que o hospital tem feito o máximo que está ao seu alcance, “mas precisa fortemente da contribuição da sociedade em geral”, completando com o lembrete de que não “podemos estar em festas”, nem em eventos, acrescentando em seguida que “ainda falta leitos, com pacientes aguardando transferência.” Sobre o aumento da mortandade, o texto revela que ela está ligada “diretamente com a agressividade do vírus, com a morosidade da vacinação, com a demora da procura ao serviço de saúde e com a falta de informação sobre quais medidas necessárias devem ser tomadas por cada indivíduo no início dos sintomas.”
Estiveram presentes o provedor do Hospital, José Roberto Furtado, a médica Maria Ângela Girardi que, em pronunciamento rápido, prestou apoio e solidariedade a todos os profissionais de saúde que estão na linha de frente nesta pandemia e pediu união das cidades vizinhas na tomada de decisões. Os vereadores Silvio Romero, Stefany Carli e Rogério Filho discursaram em apoio ao Hospital e na defesa de medidas mais rigorosas pelo município no combate a Covid-19. Eles foram unânimes em defender a realização de um lockdown que interrompa todas as atividades do município por aproximadamente quinze dias, fazendo coro ao pleito daquele Hospital. Também estiveram presentes o empresário Marcelo Mariotto e o presidente da AFAN, Murilo Mathias e funcionários daquela Santa Casa.
Antes de encerrar, o médico Pedro César Martins lembrou em seu discurso a dificuldade de encontrar médicos para trabalhar e manifestou seu apoio à Secretaria Municipal de Saúde afirmando em seguida que “nós do hospital temos feito todo os esforço e dado o melhor de cada um de nós para atender a todos os pacientes.” Além de reconhecer a alta mortandade, explicou que ela ocorre não por falha no tratamento, mas por causa da gravidade da doença acrescentando que casos leves são orientados a ficar em casa com medicação. Por fim, revelou que a equipe que atende aos pacientes com Covid-19 no Hospital adota o mesmo tratamento que é consenso no Brasil, “inclusive na Usp e em hospitais de grandes centros.” E finalizou pleiteando a redução “ao máximo da atividade produtiva no município.”
A Carta Aberta