Em 2020, Cataguases acumula até a noite desta quarta-feira, 20 de maio, 398 notificações para Dengue, dos quais 142 são registros já confirmados de casos da doença. A Secretaria Municipal de Saúde, por meio dos setores de Vigilância em Saúde e do Núcleo de Controle de Endemias, consideram os números preocupantes, mas, para fazer frente a essa situação, afirma também ser fundamental fazer algumas ressalvas e trazer importantes esclarecimentos à população.
Abaixo aquele órgão responsável pela saúde pública do município faz um restrospecto da situação da doença em Cataguases e o que está sendo feito para combater o mosquito Aedes Aegypti transmissor da Dengue. Veja abaixo.
1) A dengue é considerada endêmica em diversas regiões geográficas do país, incluindo Cataguases. Isso significa que, em que pesem todos os esforços de políticas públicas e de programas de saúde para o setor, novas incidências da doença surgem ano após ano, sendo historicamente mais comuns o crescimento de casos nos meses de março e abril, e o recuo dos mesmos nos meses subsequentes. Neste sentido, o que se depreende é que Cataguases sofreu nas últimas semanas um surto de dengue, visto que, em muitos bairros não houve até aqui sequer uma notificação. O que caracteriza o surto é um grande número de ocorrência em comunidades ou áreas específicas, como o que aconteceu no bairro Paraíso.
2) Vale ressaltar, portanto, que Cataguases não está hoje diante de uma epidemia de dengue e, como já estamos em maio, a expectativa é de que já estejamos no limite do surto da doença. Para que se tenha uma ideia do que isso significa em números, na última década, Cataguases sofreu os efeitos de uma epidemia de dengue em dois anos: em 2013, com 1520 notificações, e 1381 confirmações e, a mais grave da série histórica, em 2016, quando somou 2.711 notificações, das quais 2.258 confirmadas.
3) Neste ano, a partir de março, os agentes de endemias passaram a trabalhar com algumas restrições, determinadas pelo próprio Ministério da Saúde, para minimizar risco de contágio do corona vírus (Covid-19). Ou seja, os imóveis só podem ser vistoriados para a identificação de focos do Aedes aegypti em suas áreas externas. E caso tenha algum morador com idade acima de 60 anos, o imóvel não deve mais ser vistoriado em hipótese alguma. “Não temos dúvida de que essa situação contribui pra agravar o quadro da doença, uma vez que mais de 80% dos focos da dengue estão dentro das casas”, explica o coordenador do Núcleo de Controle de Endemias, Cosme Tadeu Alves da Costa.
4) O coordenador do Núcleo de Endemias também lembra que, em virtude dos riscos de contágio pelo novo corona vírus, oito dos 34 agentes de endemias estão afastados, quatro deles por comorbidades e outros quatro por terem idade acima de 60 anos. “Mesmo com as restrições e quadro reduzido de pessoal, todas as rotinas e estratégias que visam a prevenção e combate ao mosquito transmissor da Dengue, vem sendo mantidas rigorosamente.
5) Uma metodologia complementar implantada em Cataguases, desde julho de 2018, foi o uso das chamadas ovitrampas, vasos instalados estrategicamente em áreas externas de muitas casas, que funcionam como armadilhas que atraem as fêmeas do Aedes Aegypti para o depósito de ovos, o que permite identificar as áreas de maior incidência de focos do mosquito. Essas ovitrampas são monitoradas periodicamente pelos agentes de endemias. Apenas neste ano, 34.937 ovos do mosquito foram eliminados por meio desta iniciativa, que é pioneira entre os municípios da área de abrangência da Gerência Regional da Saúde.
6) Outro método também complementar, implantado desde o ano passado e que segue em vigor, tem sido a criação dos chamados peixes larvófagos, ou seja, que se alimentam das larvas do Aedes. Atualmente, em média 50 reservatórios, como toneis, tambores, barris de água e bebedouros de animais de grande porte são mantidos por meio desse controle biológico. “O resultado desse trabalho tem sido muito satisfatório, porque em nossas vistorias de rotina, não temos mais constatado a presença de focos naqueles locais onde era muito comum a presença das larvas”, revela o educador em Saúde, Élcio Amaral Ferreira.
7) Outro dado importante, é que desde janeiro de 2019, até estes primeiros cinco meses de 2020, cerca de 1.000 telas foram instaladas em caixas d’água, que são grandes potenciais para criação de larvas.
8) Neste ano, o Núcleo de Controle de Endemias, com apoio da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos e de associações de moradores, realizou mutirões de Bota Fora em 32 bairros, acumulando a remoção de 44 caminhões de resíduos, dos quais um volume equivalente a onze caminhões foram destinados à Associação de Catadores de Materiais Recicláveis em Geral de Cataguases, a Ascarge Cat.
9) Também importa ressaltar que, o uso do chamado carro Devido a um problema de ordem técnica, na regulagem do equipamento, o chamado Sobre a recente divulgação do uso do inseticida em Ultra Baixo Volume (UBV), que ficou popularmente conhecido como carro fumacê.
10) Diante da crescente incidência de casos em alguns bairros e, por outro lado, tendo em vista a redução no número de agentes de endemias e a impossibilidade atual de acessarmos grande parte de imóveis, o setor de Vigilância em Saúde encaminhou ofício à Gerência Regional, solicitando o “carro fumacê”. O pedido foi atendido, mas, ainda na fase de testes, o equipamento apresentou falhas técnicas e teve que ser removido a Juiz de Fora de onde se aguarda reparo. “A máquina precisa estar em perfeitas condições de funcionamento, com vazão correta, regulagem adequada, enfim, o trabalho não pode ser feito de qualquer jeito”, esclarece a coordenadora da Vigilância em Saúde, Amanda Silva de Souza. Cabe, contudo, também ponderar que o uso do inseticida em Ultra Baixo Volume (UBV), que ficou popularmente conhecido como carro fumacê, só é realmente indispensável em situação de epidemia de Dengue, o que não é a realidade de Cataguases.
11) Enquanto isso, e mais do que nunca, especialmente devido à impossibilidade dos agentes vistoriarem grande parte das residências, a Secretaria de Saúde, por meio da Vigilância em Saúde e o Núcleo de Controle de Endemias, reforça o apelo à população para que também faça a sua parte. “Mantemos a nossa responsabilidade que é a de planejar, executar e monitorar as metodologias implantadas, realizar os mutirões de bota-fora, as pesquisas de controle e incidência de larvas, os trabalhos de educação em saúde, mas nada disso será o suficiente sem o apoio da população”, reiterou Cosme. Como advertiu a coordenadora de Vigilância em Saúde, Amanda Silva de Souza, basta manter uma rotina de vistoria, por um dia fixo da semana, removendo depósitos de água parada que são potenciais criadouros do mosquito. “As novas metodologias implantadas em Cataguases, nos últimos dois anos, contribuíram para evitar uma epidemia de dengue no município, ao contrário do que já aconteceu, nesse mesmo período, em muitos municípios mineiros. Mas o combate à dengue será sempre mais eficaz na prevenção e, nessa etapa todos nós, poder público, profissionais da saúde e toda a população somos chamados a contribuir, cada um com a sua responsabilidade e participação para vencermos essa batalha”.
Foto: Nuriyah Nuyu/Pixabay