Cerca de 400 famílias produzem peixes ornamentais na Zona da Mata


Cerca de 400 famílias produzem peixes ornamentais na Zona da Mata

Uma alternativa de geração de renda sustentável para famílias da Zona da Mata mineira tem ganhado cada vez mais destaque. A produção de peixes ornamentais movimenta mais de R$ 10 milhões ao ano em Minas Gerais, de acordo com uma pesquisa do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste MG), o que faz o estado representar 70% da produção nacional. São cerca de 400 famílias que dependem da atividade para viver. “Hoje, tudo o que eu tenho é graças à piscicultura”, diz o produtor Cristiano Cunha de Paula, de 45 anos, de Patrocínio do Muriaé, cidade incluída na região do polo produtor.

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A produção de peixes se distancia do formato das produções tradicionais da pecuária e agricultura, como o café e o gado de corte. Com apenas 1.000 m², espaço pequeno se comparado à produção de uma lavoura de café, é possível colocar em prática a produção de peixes ornamentais. O manejo dessa cultura também requer menos esforço do que a manutenção de um plantel de bovinos de leite. Porém, o maior atrativo para os produtores é o baixo investimento para um alto retorno financeiro.

O estado conta com um polo produtor de peixes ornamentais composto pelos municípios de Patrocínio do Muriaé, Vieiras, Eugenópolis, Miradouro, Barão do Monte Alto, Muriaé, Rosário da Limeira e São Francisco do Glória. O último estudo do IF Sudeste MG mapeou 225 propriedades com cultivo de peixes ornamentais em sete municípios pesquisados. Em 2021, a região produziu quase oito milhões de peixes, o que gerou uma receita bruta de R$ 10 milhões.

A pesquisa também mostrou que o maior número de produtores de peixes ornamentais do polo está concentrado na cidade de Patrocínio do Muriaé, seguido das cidades de Vieiras e São Francisco do Glória. Além disso, 85% dos produtores entrevistados têm de 30 a 49 anos, e 68% da mão de obra empregada na produção da região é composta pelos próprios familiares. Essa produção é distribuída nos estados de Minas Gerais, seguido dos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo. Segundo o estudo, embora o potencial de produção seja maior, a atividade ainda é carente de assistência técnica especializada e faltam políticas públicas voltadas para o setor.

Venda para todo o Brasil

Patrocínio do Muriaé é conhecida como a capital nacional do peixe betta, espécie que chama a atenção por ser um peixe de briga, devido à sua agressividade contra outros peixes. A criação dessa espécie é feita, atualmente, em garrafas pet, que permitem que um animal não esteja em contato com o outro. Apesar de a cidade ser conhecida por esse tipo de peixe, também há criação de outras espécies. A propriedade de Cristiano Cunha de Paula é um exemplo. Lá, Cristiano produz, além do betta, espécies como o acará, guppy e colisa. O produtor vende para todo o Brasil, com destaque para São Paulo e a região Sul do país.

Cristiano começou a atividade em 2001, quando trabalhava como profissional de serviços gerais em Patrocínio do Muriaé. No início, ele era atravessador da produção de um amigo e, percebendo a oportunidade, montou sua primeira estufa. Sua produção era pequena, e ele se dividia entre as duas atividades. Nos fins de semana, ao invés de se divertir, Cristiano trabalhava com os peixes. Com o crescimento da produção, ele precisou da ajuda dos seus pais. Em pouco tempo, percebeu que poderia viver da piscicultura e pediu demissão do emprego. A própria produção o permitiu melhorar sua estrutura. Hoje, ele tem estufas altamente tecnificadas, com material de ponta, muito mais resistente.

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Fonte: Tribuna de Minas | Foto: Sistema Faemg/Flickr