Existe vida após a morte? Reencarnação? Estas são algumas perguntas que povoam a cabeça de milhões, talvez, bilhões de pessoas mundo afora. Este assunto ganhou nova luz com o trabalho de pesquisa para seu doutorado em Saúde pela Faculdade de Medicina da UFJF, da professora de Psicologia, Mestra e agora Doutora Sandra Maciel de Carvalho, que trabalha na Faculdade Sudamérica.
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Sua pesquisa – a primeira desse tipo no mundo – “Inquérito nacional de casos sugestivos de reencarnação na população brasileira adulta”, foi orientada pelo Professor Alexander Moreira-Almeida, recebeu a colaboração da Universidade da Virginia (EUA) e o apoio financeiro da Fundação Bial (Portugal). Um trabalho exaustivo e longo que teve a participação de 402 pessoas espalhadas por todo o país, e lança novo olhar para o tema que sempre desperta discussões.
“Nosso objetivo foi – comenta Sandra – conhecer o perfil das pessoas que alegam as memórias no Brasil, as características dessas (memórias) e como elas podem se associar com a saúde mental, felicidade e religiosidade/espiritualidade. Também analisamos o conteúdo das alegadas memórias e a influência que tiveram nas vidas dos participantes/familiares”, explica.
Pessoas de 21 estados e do Distrito Federal participaram da pesquisa on-line e responderam a um questionário especialmente elaborado para este tipo de abordagem. A maioria dos participantes é do sexo feminino (79%), branca (75%), espírita (55%), com ensino superior até pós-doutorado (68%), trabalhadora (51%), da saúde ou educação. “O que esses dados demonstram é que as alegadas memórias de vidas passadas são frequentes em nossa população e o alto nível educacional dos participantes contraria a ideia de que experiências espirituais são típicas de pessoas com baixa escolaridade ou capacidade crítica”, comenta Sandra.
As alegadas memórias se manifestaram espontaneamente (82%), em média, aos 19,9 anos. Na infância, 30% tinham alguma filia (desejo intenso ou interesse muito forte e especifico), a maioria por tabaco e 71% apresentaram fobia que ainda persiste em 71% dos casos. A maioria supõe que a fobia está associada ao “seu” tipo de morte. Marcas de nascença estão presentes em 54%, que a associam ao tipo de morte ou estilo de vida que teriam tido. Habilidade não treinada está presente em 48% dos participantes – a maioria – habilidades manuais. “Essas são características típicas desses casos, denominados na literatura científica de Casos Sugestivos de Reencarnação, que nossa amostra reitera.”
Conforme conta Sandra, a análise qualitativa das alegadas memórias revelou que o que as pessoas mais mencionaram foi o tipo de morte que teriam tido e/ou o que teria acontecido entre as “duas vidas”. “Via de regra, descrevem vidas com sofrimento intenso, abandonos, traições, crimes, perversidades em geral. Dos que afirmaram que as memórias tiveram impacto em suas vidas (48%), a maior parte foi negativo, influenciando comportamentos, emoções e relações familiares.”
Ela conclui dizendo: “Espero que esta pesquisa contribua para jogar luz sobre o tema, uma vez que dá voz às centenas de pessoas da população brasileira que alegam memórias de supostas vidas passadas. Nossos achados sugerem que esta população apresenta potencial necessidade de cuidados em saúde mental, sendo este um tema relevante na prática clínica, embora ainda muito desconhecido dos profissionais. E, também, contribuir para a discussão do tema experiências espirituais e para o questionamento se a mente existe apenas enquanto há funcionamento cerebral ou se ela pode persistir após a morte”, finaliza a professora doutora.
Para fazer download da tese na íntegra: https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/16316
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Fotos: Acervo Pessoal