Em Ubá, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) prendeu, nesta quinta-feira, 31 de agosto, uma advogada de 42 anos suspeita de integrar grupo criminoso que ingressava com drogas no sistema prisional.
📸 Siga o Site do Marcelo Lopes no Facebook e no Instagram
📱Receba no WhatsApp as notícias do Site do Marcelo Lopes
Além do cumprimento de um mandado de prisão temporária, foram cumpridos outros sete mandados de busca e apreensão na presença de representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Foram apreendidos documentos, notebooks e aparelhos celulares que poderão demonstrar o envolvimento de outros advogados.
Os trabalhos investigativos foram conduzidos pela Delegacia de Polícia Civil em Ubá e os trâmites processuais contaram com apoio da Polícia Penal e do Ministério Público.
Investigação
Nos últimos meses foi constatado significativo aumento no fluxo de drogas dentro do Presídio de Ubá, com apreensões de entorpecentes na unidade prisional. Assim, a Polícia Civil de Minas Gerais, juntamente com a Polícia Penal iniciaram investigações.
Os trabalhos apontaram que uma advogada, integrante de um grupo criminoso, facilitava a entrada e as transações de drogas entre detentos de diferentes pavilhões no presídio, utilizando do parlatório – sala reservada aos atendimentos jurídicos ou íntimos, com total privacidade.
Em julho desse ano, policiais penais prenderam dois detentos por tráfico de drogas no presídio, apreendendo as drogas logo após o atendimento jurídico. A partir de então, a PCMG aprofundou as investigações e concluiu que a advogada presa, com auxílio de outros colegas de profissão, estaria utilizando de suas prerrogativas profissionais para realizar, no presídio, falsos atendimentos jurídicos de detentos que, sequer, eram seus clientes. Apurou-se que os supostos atendimentos tinham a única finalidade de promover a transação de drogas entre os pavilhões.
As investigações apontaram que lideranças criminosas que estavam presas no estabelecimento prisional de Ubá determinavam quais detentos seriam os atendidos pela advogada e a ordem de atendimento a fim de conseguirem fazer circular as drogas e atingirem grandes lucros. Dessa forma, detentos em regime semiaberto, engoliam as drogas e retornavam para unidade prisional onde, após expeli-las, eram atendidos pela advogada no parlatório, que em seguida, atendia outro detento, de outro pavilhão ou regime, possibilitando a circulação das drogas entre presos e pavilhões que não se comunicam. Ela inclusive orientava onde esconder as drogas e coordenava o fluxo de atendimento visando o êxito da empreitada criminosa.
Segundo o delegado responsável Douglas Motta, “os recursos arrecadados nessas transações eram destinados aos pilares criminosos fora dos presídios e financiavam a guerra urbana que assola a região”.
Falsa prerrogativa
O nome da operação faz alusão às prerrogativas conferidas aos profissionais advogados que usam dos preceitos legais para cometerem crimes. O delegado Douglas Motta reitera que “é salutar a presença e participação dos advogados para o sistema e a concretização da justiça, sendo importante que suas prerrogativas legais sejam observadas e cumpridas. O que não pode é o abuso destas prerrogativas que desviam condutas e fomentam a criminalidade”.
O delegado Giovane Dantas, que auxiliou nas investigações, ressalta que “a conduta individual dos profissionais não condiz e não representa a classe profissional dos advogados, que se mantém como peça importante no sistema de justiça”.
LEIA TAMBÉM
Mulher é presa com drogas ao tentar entrar no presídio de Além Paraíba
Homem é pego ao voltar ao presídio de Bicas com drogas no estômago
Fonte e foto: PCMG