Encontro discute a realidade da criança no meio em que vive


Encontro discute a realidade da criança no meio em que vive

“Como vão nossas crianças?” Para promover uma reflexão que vai levar a uma resposta sobre o relacionamento entre pais e filhos, professor e aluno, e adulto e criança, foi realizado na noite desta terça-feira, 24 de setembro, no Centro Cultural Humberto Mauro – que estava lotado -, em Cataguases, um encontro interdisciplinar com a médica neurologista Gláucia Quinderé Pimentel, a musicoterapeuta, psicopedagoga clínica e neuropsicopedagoga clínica, Renata Alves Vieira e a psicóloga, Ludmila Silva Cesário.

O tema sensível e muito atual fez as três profissionais transitarem por diversas áreas na busca pela compreensão do ser criança, sua realidade enquanto ser humano e suas necessidades. Entender primeiro, afirmam, é a base para evitar erros e conduzir uma educação mais adequada, respeitando cada uma de suas fases, permitindo assim, seu desenvolvimento por completo. Em entrevista ao Site do Marcelo Lopes, a neurologista Gláucia Pimentel, falou em nome das demais colegas e mostrou que nem tudo pode ser doença:

– Muitas vezes a gente recebe em nossos consultórios pacientes queixando-se doentes, mas na verdade, estão com dificuldades na parte afetiva, na escola, aprendizagem e a gente vê que em todas as áreas, os terapeutas, as escolas, os pais e as próprias crianças estão perdidas ali sem saber que rumo seguir diante desta situação. Diante disso a gente percebe a necessidade de algum tipo de orientação e compartilhamento destas dúvidas sobre o que está ocorrendo para que a gente possa chegar a um denominador comum. E muitas vezes o que está ocorrendo não é doença”, explicou.

Em sua fala sobre o tema, Gláucia abordou a fase anterior a concepção da criança no útero materno até a adolescência. Frisando apenas as informações essenciais à compreensão da formação do cérebro de um novo ser humano, ela lembrou que a carga genética dos pais é transferida para o feto antes mesmo dele se formar. Em outro ponto, destacou a importância da existência de uma rotina na vida da criança porque contribui significativamente na interligação de seus neurônios, e consequentemente o seu desenvolvimento.

Renata Vieira, psicopedagoga, citou casos frequentes de alunos com problemas de Dislexia, TDAH, Discalculia, entre outros e os diferenciou daqueles que são apenas dificuldades no aprendizado e que podem ser resolvidos mudando o método de ensino. Ela também relatou a necessidade de um adulto acompanhar a criança em suas atividades, fazer junto e não deixá-la sozinha. “Interagir, inclusive quando estiver brincando, é um dos caminhos para que esta criança não apresente este tipo de problema de aprendizagem ou comportamento”, salientou.

A psicóloga Ludmila Cesário refletiu sobre a realidade das crianças na atualidade. Ela questionou a sobrecarga de atividades destinadas à elas. “Isso é mesmo necessário ou nossas crianças não podem mais brincar, ou ficarem sem fazer nada?” Em seguida apresentou as dificuldades educacionais: autoridade e frustração e como lidar com este antagonismo de respeitar a autoridade do outro e conviver com suas frustrações. O incentivo à competitividade foi outro tema questionado e que pode contribuir para produzir efeitos adversos ao esperado, bem como a superexposição tecnológica, que deve ser apresentada à criança com restrições e de acordo com seu desenvolvimento. Por fim falou sobre a medicação em casos de doenças efetivamente diagnosticadas em contraposição a um processo de medicalização de todo e qualquer sintoma considerado “fora da curva” na vida da criança. Ela encerrou o evento com as três palestrantes mediando perguntas da plateia.