Fonte e foto : Radio Muriaé
Pedro Ricardo, da Agência Minas
Numa iniciativa que envolve a participação de universidades, agências de desenvolvimento, empresas privadas, Governo Federal e centros de pesquisa, o Governo de Minas Gerais está intensificando as ações com vistas à implantação de um novo complexo aeronáutico no país. A expansão da fábrica de helicópteros da Helibras, em Itajubá, que acontece nesta terça-feira (02), é um dos importantes pilares desta estratégia.
O esforço abre perspectivas para a diversificação da economia mineira, a preparação de mão de obra qualificada e a geração de aproximadamente 20 mil empregos diretos e indiretos, dentro de um prazo estimado em 15 anos. Além disso, a estratégia de criar um pólo aeroespacial no Estado possibilitará tornar o Brasil referência internacional e única na América do Sul no desenvolvimento de tecnologias para fabricação de helicópteros e de aeronaves não tripuladas.
O complexo já possui iniciativas em cinco cidades mineiras – Itajubá, Lagoa Santa, Goianá, Tupaciguara e Confins – além de projetos de transferência de conhecimento, pesquisas e capacitação de mão-de-obra especializada. Em Itajubá, o Centro Tecnológico de Helicópteros, após as obras de expansão, será responsável por possibilitar ao Brasil, num prazo de dez anos, se tornar auto-suficiente na concepção e fabricação de helicópteros com 100% de tecnologia nacional.
Em Tupaciguara, no Triângulo Mineiro, está sendo instalado o Centro de Inovação Aeroespacial da Axis com participação do Instituto de Estudos Avançados do Comando da Aeronáutica e da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Já a cidade de Lagoa Santa deverá sediar um escritório de engenharia da Embraer, que atualmente está no parque tecnológico BH-Tec. Nessas cidades, duas escolas do Programa Brasil Profissionalizado, do Governo Federal, serão instaladas. Nas unidades serão ministrados cursos técnicos, profissionalizantes e de formação de tecnólogos.
Em Goianá, na Zona da Mata, onde está sediado o Aeroporto Itamar Franco, está sendo estudada a possibilidade de oferecer um espaço de logística para o processo de exploração do petróleo do pré-sal.
E em Confins, a conversão do Aeroporto Internacional Tancredo Neves na primeira “aerotrópolis” (cidade-aeroporto) do Cone Sul será mais um pilar para que Minas se transforme, num futuro próximo, no palco de uma grande indústria aeronáutica. O conceito de aerotrópolis visa o desenvolvimento do Vetor Norte, que compreende 13 municípios do entorno do aeroporto, com a atração de empresas de alto conteúdo tecnológico, como já ocorreu em alguns lugares, como Cingapura e Dubai.
A implantação do complexo aeronático em Minas tem a participação das secretarias de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superio (Sectes), de Desenvolvimento Econômico (Sede) e de Educação (SEE).
Uma nova vocação
Como parte desta nova vocação de Minas, está sendo celebrada em Itajubá, no Sul de Minas, a expansão da fábrica da Helibras - Helicópteros do Brasil S/A, subsidiária do Grupo Eurocopter. Até 2017, o investimento de R$ 420 milhões possibilitará à empresa fabricar 50 helicópteros militares modelo EC 725, com capacidade para 30 passageiros, que serão entregues às Forças Armadas brasileiras. As aeronaves terão 50% de conteúdo brasileiro, incluindo o modelo AS350 Esquilo, até então o único helicóptero produzido no país e o mais vendido em todo o mundo.
O projeto de ampliação da Helibras é resultado do acordo feito em 2008 entre a empresa aérea, o Governo de Minas e o Ministério da Defesa. Na ocasião, foi assinado contrato com as Forças Armadas no valor de 1,9 bilhões de euros (R$ 5 bilhões). O acordo inclui a transferência de tecnologia francesa, o que, num prazo dez anos, possibilitará à Helibras se capacitar para projetar e construir um helicóptero genuinamente brasileiro.
Quatro helicópteros já foram entregues ao Governo Federal, sendo um para cada uma das unidades das Forças Armadas: Marinha, Exército e Aeronáutica. Outra aeronave foi entregue para o Grupo de Transportes Especiais da Presidência da República. Até o final do ano, a previsão é de que outros três helicópteros já estejam prontos. Com a expansão, a Helibras passou de 260 funcionários, em 2008, para mais de 700, em 2012. Apenas o quadro de pessoal do setor de engenharia passou de nove para 54 engenheiros.
O secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Narcio Rodrigues, ressalta que a implantação do complexo aeronáutico é resultado de um pacto entre a indústria, as universidades e o Governo de Minas para o desenvolvimento de uma nova realidade. “Esta realidade é pautada pelo desenvolvimento de novos produtos e, sobretudo, pela valorização do que já existe em Minas”, afirma.
Para consolidar o desenvolvimento de know-how local no setor, a Helibras e a Universidade Federal de Itajubá vão criar, até 2016, o Centro de Tecnologia de Helicópteros (CTH). A iniciativa também tem a participação dos governos federal e estadual e tem a finalidade de tornar Minas Gerais uma referência internacional no desenvolvimento de tecnologias voltadas para a concepção e fabricação de helicópteros e aeronaves não tripuladas.
“Trata-se de um empreendimento que está entre os 12 projetos do Plano Brasil Maior e que vai abrir oportunidades para o incremento da economia, por meio da ampliação da pauta de exportações de produtos e serviços de alto valor agregado”, destaca o professor da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), coordenador operacional do projeto de implantação do CTH, Elzo Alves Aranha. O centro ocupará uma área de 12,6 mil m², a um quilometro do Campus da Unifei, em Itajubá. O empreendimento deverá gerar 120 empregos diretos, incluindo técnicos e cientistas que se dedicarão ao desenvolvimento de novas tecnologias para o setor.
Formação é essencial
O CTH será um reforço significativo na formação de mão de obra qualificada para o desenvolvimento do setor aeroespacial. Além disso, outras iniciativas já colocam Minas Gerais em uma posição privilegiada na capacitação especializada no ramo. São 14 universidades públicas estaduais e federais, além de seis institutos federais e uma rede privada de universidades. Entre as escolas que estão trabalhando com o setor aéreo estão as universidades federais de Itajubá (Unifei), de Minas Gerais (UFMG) e de Uberlândia (UFU).
O Estado deverá investir, ainda, R$ 38 milhões (recursos da Fapemig) para qualificar engenheiros e técnicos em engenharia aeronáutica e desenvolver novos produtos no Escritório de Engenharia da Embraer, no Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec). A previsão é a formação de 200 técnicos especializados na área até 2020.
Para Odenir de Almeida, professor do curso de Engenharia Aeronáutica da Universidade Federal de Uberlândia, a partir do momento em que há uma política de investimento contínuo na implantação de uma área de alta tecnologia como esta, o empreendimento tem uma importante função para todo o Brasil ao possibilitar a transferência do conhecimento gerado. “Para as universidades, o complexo aeronáutico em Minas se constituirá num grande laboratório, pois viabiliza o desenvolvimento de novas pesquisas em praticamente todas as áreas da engenharia aeroespacial”, afirma.
Segundo o especialista, a economia e a educação mineiras podem contar com novas possibilidades de expansão. “Hoje, Minas Gerais já tem boa infraestrutura, boas universidades, políticas de crescimento e, sobretudo, vontade de crescer. Quanto ao futuro, com a consolidação do pólo aeronáutico e a atração ou criação de novas empresas, vários resultados são tangíveis, como a expansão do setor, a criação de novas escolas técnicas, centros de manutenção e logística, por exemplo”, aposta Almeida.
Uma das iniciativas neste sentido é o Programa Jovens Mineiros Cidadãos do Mundo, desenvolvido pelo Governo de Minas por meio da Assessoria de Relações Internacionais e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). No primeiro semestre deste ano, a iniciativa enviou um grupo de 20 universitários para participar de um curso de capacitação em engenharia aeronáutica e aeroespacial no Instituti Aéronautique et Sapatial (IAS), em Tolouse, na França.
Almeida, que coordenou a viagem do grupo, salienta que a ação se constitui num passo importante para a formação de mão-de-obra qualificada. “Esta experiência impõe ao estudante novos desafios e uma visão geral da engenharia em sua essência, através do contato direto com diferentes produtos e inovações. Muitos deles já voltaram com uma visão futurista, mostrando interesse em aprofundar os estudos na área”, acrescenta.
Foto: Gil Leonardi
Agência Brasil
Brasília – Em meio à crise da Síria, às revoltas populares em vários países de maioria muçulmana e aos ataques a representações diplomáticas norte-americanas e de aliados, a presidenta Dilma Rousseff condenou hoje (2) a violência e o preconceito contra o islamismo e os Estados Unidos. Ao discursar na 3ª Cúpula de Chefes de Estado e de Governo América do Sul–Países Árabes (Aspa), ela criticou qualquer possibilidade de intervenção militar externa nos países em conflito.
“[A solução] só poderá ser encontrada por eles próprios [os países em conflitos]. Sabemos que o caminho desses países passa por eles”, disse a presidenta, em defesa da busca pelo diálogo e uma alternativa negociada.
Dilma reiterou ainda que as manifestações na Primavera Árabe refletem os desejos universais.
“O mundo árabe vive profundas mudanças, que exprimem anseios universais, como [o desejo de] justiça social e liberdade”, disse a presidenta, lembrando que a história recente na América do Sul mostra que os países da região também viveram “processos semelhantes e luta política e inclusão social”.
Como na 67ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Dilma criticou a onda de violência na Síria, que completa 19 meses, e cobrou do governo do presidente do país, Bashar Al Assad, e da oposição providências. Para ela, todos têm responsabilidades. “Estamos conscientes que a maior responsabilidade recai sobre o governo de Damasco. Mas sabemos também das responsabilidades das oposições armadas, que contam com o apoio militar e logístico estrangeiro”, disse.
Ao mencionar os episódios recentes de violência religiosa envolvendo muçulmanos e ataques a representações diplomáticas norte-americanas e de aliados, a presidenta disse que o Brasil repudia a intolerância. Nos últimos dias, várias representações diplomáticas foram atacadas por muçulmanos indignados com o filme anti-Islã, produzido nos Estados Unidos.
“Repudiamos todas as formas de intolerância religiosa, todas as manifestações de islamofobia”, disse a presidenta. Ela lembrou que o repúdio também é válido contra os ataques a representações norte-americanas, alemãs e britânicas.
Agência Brasil
Brasília – A partir da próxima sexta-feira (5), 301 planos de saúde administrados por 38 operadoras estarão proibidos de serem comercializados em todo o Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a venda dos planos ficará suspensa até que as empresas se adequem à Resolução 259, que determina prazos máximos para a marcação de consultas, exames e cirurgias.
Levantamento do órgão indica que, entre julho e setembro deste ano, foram registradas mais de 10 mil reclamações por parte de usuários de planos de saúde referentes ao não cumprimento dos prazos estabelecidos.
Das 1.006 operadoras médico-hospitalares existentes no país, 241 receberam pelo menos uma queixa. Destas, 38 se encaixam na maior faixa de reprovação (nota 4), com indicador de reclamação 75% acima da média estipulada pela ANS.
Dados mostram ainda que, do total de planos punidos este mês, 80 vão receber a primeira suspensão, enquanto 221 já tiveram a comercialização suspensa na última avaliação, realizada em julho deste ano.
O diretor-presidente da ANS, Maurício Ceschin, lembrou que o beneficiário dos planos suspensos não terá o atendimento prejudicado. A estratégia da ANS, segundo ele, consiste em impedir as operadoras de vender os planos para novos segurados. “Os beneficiários que estão nesses planos continuam com atendimento sem nenhuma alteração, com seus direitos preservados”, reforçou.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lembrou que o período de suspensão imposto pela ANS permite que a operadora se organize e passe a garantir os prazos estabelecidos aos beneficiários. Para ele, trata-se de uma medida de proteção ao cidadão e uma estratégia pedagógica em relação às operadoras.
“Pela primeira vez, se mexe nas regras de inclusão de novos planos, se mexe no bolso, na lucratividade”, disse Padilha.
“A grande intenção do ministério em apoiar essa medida é criar um cultura e um ciclo permanente que garantirá o cumprimento de prazo a usuários de planos de saúde”, completou.
A lista completa dos 301 planos de saúde suspensos e de suas respectivas operadoras pode ser acessada no site da ANS. O órgão informou que, das 37 operadoras que tiveram planos com a venda suspensa em julho, oito já podem voltar a comercializar produtos.
De acordo com a legislação da ANS, as operadoras de planos de saúde que não cumprem os prazos máximos previstos estão sujeitas a multas de R$ 80 mil e de R$ 100 mil em casos de urgência e emergência.
Em caso de reincidência de descumprimento, as empresas podem sofrer medidas administrativas, como a suspensão da comercialização de parte ou da totalidade dos planos, e ter decretado o regime especial de direção técnica, que prevê a possibilidade de afastamento dos dirigentes.
O médico cataguasense Bruno Caetano do Valle, ocupou a tribuna da Câmara Municipal na sessão ordinária desta terça-feira, 2, para falar sobre a questão da adequação da assistência médica prestada nas unidades de saúde pública de Cataguases. Delegado do Sindicato dos Médicos, ele vem atuando no sentido de reforçar a campanha desenvolvida pela Sociedade de Medicina e Cirurgia de Cataguases por melhorias salariais e de condições de trabalho.
Bruno criticou o atual Plano de Cargos e Salários da Prefeitura de Cataguases, chamando-o de “antigo” e que “não atende aos interesses da classe médica, segundo a visão do Sindicato”. Ainda de acordo com o Sindicato dos Médicos, revelou Bruno, a carga horária recomendada é de 20 horas semanais com salário de R$9.813,00 ou valores proporcionais para carga horária menor. Sobre este assunto o Vereador Vanderlei Teixeira Cardoso, o Pequeno, sugeriu que os médicos façam uma sugestão salarial concreta para “avançar o debate”.
Ainda sobre a realidade do médico em outros municípios, Bruno Caetano, revelou a existência de um movimento no sentido de alterar suas leis municipais adequando a carga horária e salários, na busca de um equilíbrio entre necessidade assistencial e remuneração. O delegado sindical lembrou também que recente decisão do Supremo Tribunal Federal “extingiu a contratação de médicos terceirizados na saúde municipal e os já contratados deverão ser demitidos num prazo de seis meses”.
Bruno fez uma previsão sombria sobre o futuro da assistência médica em Cataguases “caso esta situação persista”. Segundo revelou, a partir de 2013, “haverá um expressivo abandono de médicos no setor público. Eu mesmo deverei me desligar da prefeitura por causa desta realidade por nós vivenciada e após vinte anos de serviços prestados”, completou.
O Procurador do Legislativo, advogado Ricardo Spínola, pediu a palavra para fazer “um esclarecimento”. Segundo ele a medida desejada pelos médicos não pode ser atendida agora por causa da legislação vigente. Segundo a lei, “três meses antes do pleito eleitoral até a diplomação dos eleitos em primeiro de janeiro de 2013, os gestores municipais não podem agir neste sentido’, explicou.