Os triatletas cataguasenses Newton Leitão e Roberto Marinho participaram da 12ª edição do Ironman Brasil. O evento esportivo reuniu no dia 27 de maio mais de dois mil competidores, de 35 países, na cidade de Jurerê, Florianópolis (SC). Os “Atletas de Ferro” encararam o desafio de 3,8 km de natação, 180,2 km de ciclismo e 42,2 km de corrida, com tempo limite de 17h. Newton e Roberto finalizaram o percurso em 12:07 e 10:51 horas, respectivamente.
Em entrevista à jornalista Márcia do Vale, para o Site do Marcelo Lopes, os triatletas “Leitão” e “Bulal” relatam o desafio e as experiências no esporte.
[caption id="attachment_8170" align="aligncenter" width="400" caption="Newton Leitão: a vontade de superação marcou toda a prova"]
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- Há quanto tempo você se dedica ao esporte?Newton Leitão: Ao triathlon específicamente há seis anos
Roberto Marinho: Comecei a praticar o triathlon em 1997, inicialmente na distância Short (750 metros de natação / 20 km de ciclismo / 5 km de corrida), e fui aumentando progressivamente a distância ao longo dos anos.
- Como surgiu o triathlon na sua vida?NL: Através de um convite do Bulal em uma de nossas pedaladas.
RM: Inicialmente participava de corridas rústicas e maratonas, mas sempre gostei de nadar e pedalar. A partir de um incentivo de um grande amigo resolvi participar de uma prova em Juiz de Fora em 1997 e nunca mais parei.
- Como foi para você participar do Ironman?NL: Sinto que realizei algo muito difícil e prazeroso ao mesmo tempo, experiência única que somente quem já fez sabe o que é. Não dá pra descrever a sensação, emoção diferente de todas as outras que senti.
RM: Um grande desafio, que me propus a fazer. Apesar da grande distância da prova, a preparação física e mental faz com que nos tornemos aptos a realizá-la e isto serve também como incentivo para enfrentarmos os grandes desafios que a toda hora surgem em nossas vidas.
- Como foi sua preparação para esta prova?NL: Eu me preparei, durante um ano para essa prova, foram muitos treinos acumulativos de cansaço para poder entender o que eu poderia passar lá, sequências de treinos de manhã e de noite, muitas vezes tive que treinar forçado porque sabia que não seria moleza.
RM: Iniciei minha preparação específica para o Ironman há cerca de um ano. Normalmente praticava duas sessões de treino por dia, sendo que nos finais de semana realizava os treinos mais longos de bicicleta e corrida. Gostaria de dizer que o apoio da minha família e dos meus amigos de treino foram fundamentais nesta preparação.
– Foram cerca de doze horas de prova. Qual foi o momento mais difícil?NL: O momento mais difícil, por incrível que pareça, foi na bike, pois seria meu ponto forte e poderia render sem tanto sofrimento por ter base esportiva no ciclismo. Eu passei por uma situação difícil a quarenta dias antes da prova, após treinar um ano na minha bike, que iria fazer a prova e por um descuido ocorreu um problema nela, tive que trocá-la por um tamanho menor. Sem ter outra saída, a não ser fazer com ela mesmo, fui contando que conseguiria suportar a má postura nos 180 quilômetros, mas não foi assim, logo no quilômetro 45 eu vi que o dia seria longo e difícil, minha região lombar começou a doer muito, então eu tinha que dosar a força no pedal para não abandonar na maratona. A dor foi tão intensa que eu passei a não conseguir ingerir nenhuma alimentação de tanto mal estar, a sensação era que a bexiga tinha estourado, não bebia e nem comia nada, e daí pra frente me restou controlar o sofrimento com a cabeça e com força de vontade de cruzar a linha de chegada. Essa prova apresenta muitas condições que obrigam o atleta a concentrar em ir até o fim, e se não fizer isso, o abandono é certo, uma verdadeira briga entre o corpo pedindo para parar e a cabeça querendo seguir em frente, servindo de experiência única e mostrando que somos feitos de algo além do corpo.
RM: Os últimos vinte quilômetros da maratona foram os mais difíceis, pois o corpo já estava exausto e ainda tinha um longo caminho a ser percorrido. Contudo, o que realmente foi mais difícil foi a árdua rotina de treinos e conseguir conciliá-la com a vida profissional e familiar.
[caption id="attachment_8171" align="aligncenter" width="400" caption="Roberto Marinho: apesar do cansaço, já pensa em participar de outra competição."]
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– Como você avalia o movimento do esporte em Cataguases?NL: Eu sinto que podemos incentivar mais gente a praticar esporte que não seja futebol somente. Criar escolinhas de outros esportes também, para que possamos escrever novas matérias com outros atletas em outras modalidades; temos crianças aí com excelente potencial em diversos esportes. Eu vejo que atualmente a cidade está voltada somente para aparição política, trocando eventos culturais e esportivos a troco de mídia, e não é isso que o esporte precisa, e sim de gente capacitada a desenvolver novos projetos para a cidade melhorar. Cidade que tem esporte não tem droga e não tem doença, vamos pensar nos jovens que vão chegar na adolescência sem ter o que fazer, sem exemplos, sem ter em quem se espelhar, vamos lutar para que isso melhore, a situação é de risco, pensem nos seus filhos!
RM: Infelizmente não só em Cataguases como em todo Brasil, o esporte amador não é valorizado. Os resultados obtidos na grande maioria das vezes são alcançados a partir de esforços individuais. Mas, felizmente, vejo hoje um número muito maior de pessoas praticando atividades físicas do que há alguns anos atrás. Estamos necessitando aqui em nossa cidade de mais áreas para a realização de atividades físicas, como pistas de caminhada e ciclovias e de um maior apoio dos setores público e privado na preparação de atletas e equipes das mais diversas modalidades que já existem em nossa cidade.
– Deixe uma mensagem para as pessoas que ainda não praticam atividade física.NL: Para as pessoas que ainda não praticam esporte nenhum, que comecem agora a praticar alguma modalidade de interesse, procure realizar atividades que estejam dentro da sua habilidade e dentro do seu perfil genético. No esporte você vai aprender coisas que a vida custa ensinar como humildade, respeito, honestidade, disciplina, superação, dedicação, perseverança dentre outras muitas coisas que podem ser levadas em paralelo na sua rotina social.
RM: O esporte, além dos já conhecidos benefícios para a saúde física e mental, nos torna pessoas mais plenas, mais disciplinadas e preparadas para enfrentar as grandes batalhas do dia a dia.
- Quais os próximos desafios?NL: Meu próximo desafio vai ser descansar... rs (brincadeira) em agosto faço a copa internacional de mountain bike, em Congonhas, Minas Gerais.
RM: Ainda estou em fase de descanso do Ironman, mas já estou pensando em participar de uma corrida em trilhas, em Tiradentes, na distância de 50 quilômetros. (Fotos cedidas pelos atletas)
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