Além Paraíba vive às voltas com a criação de uma CPI – Comissão Parlamentar de Inquérito – para apurar possíveis irregularidades na Secretaria Municipal de Obras. O caso começou através de uma denúncia feita por um funcionário comissionado da prefeitura daquela cidade, Renato Miranda, mais conhecido por Renato Urso, que viu um carro particular estacionado ao lado da bomba de gasolina existente no barracão da Prefeitura. Ele fotografou a cena que, no entanto, não mostra o veículo sendo abastecido. A confirmação de que o fato ocorreu foi feita por outro funcionário que, ainda conforme a denúncia, teria colocado o combustível na caminhonete Fiat Strada, placa HJP 0199, de propriedade de Ideraldo Barros Gonçalves, o “Gigi Baião”, com autorização de Alcir Blanco, que ocupa cargo de confiança do Prefeito Wolney Freitas.
Ideraldo Cosme Barros Gonçalves é irmão do vereador Neidson Baião, genro do prefeito Wolney Freitas. Ex-líder sindical ferroviarista e ex-juiz trabalhista, atualmente é proprietário de um haras em Além Paraíba, onde cria cavalos da raça Pampa e não tem nenhum vínculo com a Prefeitura, mas, segundo muitos funcionários de lá, “tem carta branca para mandar” dentro da Secretaria Municipal de Obras, inclusive, com ascendência sobre os funcionários municipais.
As mesmas denúncias foram feitas por Renato ao Delegado de Além Paraíba, Dr. Rodrigo Bustamante, que revelou ter aberto inquérito para apurar as denúncias e indícios de que outros veículos particulares são, ou foram abastecidos na bomba de combustíveis exclusiva para os carros da Prefeitura. Renato também disse ter presenciado máquinas da Prefeitura trabalhando em um sítio localizado no Torrentes, que seria de propriedade de Ocimar de Castro Neto, Secretário Municipal de Obras até o segundo semestre de 2010. Ele teria sido afastado do cargo, segundo fontes da Prefeitura “por não estar funcionando bem”. No entanto, fontes ligadas ao governo municipal asseguram que Ocimar continua pertencendo ao quadro de funcionários da Prefeitura, no cargo de “assessor de gabinete” do Prefeito.
As denúncias levaram os vereadores Simone Cabral, Gelson Luiz de Moura e Marco Camilo Jorge a assinarem um pedido de instalação de CPI visando apurar as irregularidades. Entretanto, o Presidente da Câmara baseou-se em um artigo do Regimento Interno que exige a aprovação em plenário do pedido de CPI, o que não aconteceu. Os vereadores autores da proposição, insatisfeitos, acionaram a Justiça argumentando que o artigo 58 do Regimento Interno da Câmara Municipal era inconstitucional e saíram vitoriosos. Recentemente o Presidente do Legislativo Municipal foi obrigado pela Procuradoria de Justiça do Estado de Minas Gerais a apresentar um projeto de resolução adequando o texto à legalidade. Com isto, para se instalar uma CPI em Além Paraíba é preciso que o pedido seja assinado por três vereadores, o que equivale a um terço.
A Vereadora Simone Cabral revelou que um novo requerimento pedindo a instalação da Comissão de Inquérito já está pronto e com as mesmas assinaturas dos Vereadores Gelson Luiz de Moura, Marco Antônio e a dela, e deverá ser apresentado no plenário na sessão do próximo dia 26. O presidente da Câmara, vereador João de Deus Ribeiro disse que logo após este procedimento irá nomear os seus membros (presidente, relator, vice-presidente) e que não vai interferir na instalação da CPI.
Na ocasião da denúncia o vice-prefeito de Além Paraíba, Oberdan Moreira Rocha, atual Secretário Municipal de Obras, saiu em defesa de Ideraldo Gonçalves. Segundo ele a denúncia é fruto de uma rixa entre Renato e Ideraldo e que ele somente recebeu o combustível porque trabalhava como voluntário “durante os trinta dias decorridos do evento adverso/calamidade (provocado pelas fortes chuvas que caíram sobre aquela cidade)”. Ele afirmou ainda que a caminhonete recebeu 45 litros de gasolina. (Fonte: Jornal Agora e A Gazeta)
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