Imagine você o casamento entre uma guitarra, um cavaquinho, um contrabaixo acústico e violão. Pronto. Agora a pergunta inevitável: como reunir todos eles em uma canção? Pois fique sabendo, surpreso leitor, é perfeitamente possível e compatível e gostoso de se ouvir. Pelo menos quando se está diante do grupo Passo Torto, formado por paulistanos de certidão de nascimento e por aqueles que para aquela capital se transferiram muito cedo.
Formado por Rômulo Fróes, Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral, o Passo Torto é a união de quatro talentosos músicos, letristas, compositores, arranjadores, enfim, de pessoas que fazem música por prazer e por necessidade. Necessidade, aqui entendida, como sendo algo a ser colocado pra fora, orgânico mesmo. Letras muito bem elaboradas, como estas estrofes "passei na frente da sua casa a porta aberta janela trancada/passei na frente da sua casa a rua deserta calçada manchada/passei na frente da sua casa seu corpo coberto a pele marcada".
Em alguns momentos do show percebem-se semelhanças (e não influência, ou os dois?) do grupo com João Bosco e MPB4. Nas letras, muitas citando ruas de São Paulo, situações peculiares daquela metrópole, este jornalista lembrou de Adoniran Barbosa, que não se cansou de cantar a capital paulista. Mas isto é coisa de quem adora Adoniran... Aqui o importante é dizer que o show foi uma viagem pelas histórias que as músicas contam, tudo muito bem encaixado, em harmonia e com interpretações seguras, execuções precisas. Passo Torto é a renovação desta MPB contaminada pelos ritmos clichês. Mostra que a música brasileira espontânea, aquela que é feita por prazer e não imposta pela indústria cultural, continua bebendo na fonte da qualidade. A gente está a salvo. As fotos são de Lilian Donofre, em cobertura exclusiva para o Site. (Atualizado às 16:55 h)
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