Da esquerda para a direita, o provedor do Hospital, José Roberto Furtado; a Secretária de Saúde, Daniela Coelho e o presidente do Conselho de Saúde, Joseph Freire
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A decisão repentina dos médicos plantonistas do Pronto-Socorro do Hospital de Cataguases de atender somente aos casos de urgência e emergência, pegou a todos de surpresa. Pelo menos foi o que ficou constatado durante reunião do Conselho Municipal de Saúde realizada na noite desta terça-feira, 30 de abril, ainda sob o efeito da medida que deixou aquele local praticamente vazio durante o dia e gerou protestos e reclamações de toda ordem. Nesta quarta-feira, 1º de maio, o local mantém o novo modelo de atendimento.
Espécie de válvula de escape da população que necessita de atendimento médico imediato, a mudança repentina, cumprindo somente o que determina o contrato (atendimento de urgência e emergência), foi o assunto do dia na cidade e até o provedor, José Roberto Furtado (foto abaixo) afirmou durante a reunião do Conselho, ter sido surpreendido com a iniciativa que, garantiu, não teve a participação do Hospital. "Foi uma decisão dos médicos e eu não posso obrigar ninguém a trabalhar sem receber", disse. Ele estava acompanhado do procurador do Hospital, Eliermes Teixeira (foto ao lado), que ressaltou a "grande dificuldade para contratar plantonista" e a esperança de receber da prefeitura um precatório em torno de R$ 2 milhões.
O hospital devia até esta terça-feira, o equivalente a sete meses de salário aos médicos plantonistas, algo em torno de R$ 3 milhões. Com o recebimento de pouco mais de R$ 500 mil pagos pela Prefeitura de Cataguases, o mês de fevereiro foi quitado, informou aquele provedor. O atraso nos salários, afirmou, deve-se a erro das administrações anteriores, sem entrar em detalhes. José Roberto assumiu no começo deste ano e garantiu que desde então vem cortando despesas e economizando "tudo o que posso", para equilibrar a situação financeira do hospital, acrescentou.
Também pego de surpresa com a notícia do Pronto-Socorro, o prefeito Willian Lobo de Almeida, fez um vídeo de desabafo na tarde desta terça-feira. Apesar de não ter nenhuma responsabilidade com a administração do Hospital de Cataguases, já que a prefeitura apenas contrata os serviços daquela Santa Casa, ele vem sendo muito criticado pela situação do Hospital. Ao lado dele no vídeo aparecem o presidente do Conselho Municipal de Saúde, médico Joseph Freire, o secretário municipal de Fazenda, Mauro Fachini e o vereador Mauro Ruela.
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Além de repetir - talvez pela milionésima vez - que o município sofre com o calote do governo de Minas, informou ter pago naquele dia mais de R$ 500 mil reais atrasados ao hospital. Willian também levantou outro problema ao dizer que o valor do repasse da prefeitura é referente a seis médicos plantonistas por dia (hoje e já há alguns meses, devido ao atraso no pagamento, o hospital tem mantido entre um e dois médicos de plantão, apenas). Como não trabalham seis médicos de plantão diariamente, ele considera que a prefeitura deveria pagar proporcionalmente ao número de médicos que efetivamente trabalharam naquele mês, mas não adota esta postura porque, segundo ele, prejudicaria ainda mais o hospital.
Alguns participantes da reunião quiseram saber como será o atendimento em finais de semana, feriados e à noite, mas o provedor disse que não responde pelos médicos e que o Pronto-Socorro pode voltar a funcionar da forma que a cidade está acostumada "a qualquer momento". A Secretária Municipal de Saúde, Daniela Coelho (foto ao lado), lembrou o costume da população de ir ao hospital em busca de atendimento médico imediato, disse que os postos de saúde vão continuar funcionando normalmente e que está definindo alguns assuntos com o Ministério Público para, em seguida, renovar o contrato do Pronto-Socorro com o Hospital de Cataguases.