O Pronto-Socorro do Hospital de Cataguases está atendendo - desde as primeiras horas desta quarta-feira, 30 de abril - somente casos de urgência e emergência. Quem não se enquadra nestas condições está sendo orientado a ir para uma das unidades básicas de saúde nos bairros, os postos de saúde, como são conhecidos.
A medida causou insatisfação e até revolta entre as pessoas que aguardavam logo cedo o atendimento médico naquela unidade, apesar de vários cartazes espalhados pelo local informarem a respeito do novo procedimento (foto abaixo). A Polícia Militar chegou a ser chamada, mas prevaleceu a decisão do Hospital que, conforme salientou sua direção, não está deixando de prestar atendimento, mas apenas cumprindo o que consta no contrato firmado com a Prefeitura de Cataguases.
O Site do Marcelo Lopes teve acesso ao contrato que em sua cláusula IV estabelece como responsabilidade do Hospital de Cataguases "manter o serviço de urgência e emergência em funcionamento vinte e quatro horas por dia, sete dias da semana, atendendo a legislação vigente no que concerne a equipe exigida para pronto atendimento na rede de urgência e emergência, utilizando o acolhimento com protocolo de classificação de risco". (Veja reprodução do documento ao final da matéria)
A reportagem esteve no Pronto-Socorro na manhã desta terça-feira, 30, onde fez dois vídeos sobre o atendimento que está sendo prestado a partir desta data à população. Um desses vídeos está disponível na fanpage do Site, no Facebook e o outro, ao final desta matéria. O local estava vazio e até aquele momento, apenas 82 pessoas haviam sido atendidas desde a zero hora. Segundo o responsável pela portaria do local, Altair Oliveira, até ontem, dia 29, a média de pessoas atendidas até aquele horário era de duzentas pessoas.
Entenda o que está acontecendo
O Hospital de Cataguases assumiu os serviços de Pronto-Socorro durante a gestão do prefeito Cesinha Samor, até então responsável por este tipo de atendimento. À época, ficou acordado o repasse mensal de R$ 450 mil ao Hospital pela prestação deste serviço, porém, este montante nunca chegou a ser pago pela prefeitura, que voltou atrás antes mesmo de assinar o contrato, que ficou acertado em R$ 250 mil/mês.
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Apesar de ter assinado o documento com a Prefeitura, desde então o setor técnico do Hospital afirma que o valor é insuficiente para manter o serviço. Hoje Cataguases paga R$ 352 mil/mês e em função de um recente acordo com o Ministério Público e demais municípios que utilizam os serviços da Rede de Urgência e Emergência, anunciou que vai passar a pagar R$ 386 mil mensais, sendo que as demais prefeituras também vão pagar proporcionalmente à utilização do serviço. O novo sistema ainda não tem data para entrar em vigor.
Os médicos que trabalham no Pronto-Socorro estão sem receber salários há sete meses e o hospital espera entrar no seu caixa cerca de R$ 800 mil de repasses atrasados da Prefeitura de Cataguases que serão utilizados para pagar parte da dívida com os médicos. A Prefeitura, por sua vez, informou recentemente a este Site, teve parte de seus recursos sequestrados pelo governo para quitar dívidas e espera que sua cota do Fundo de Participação dos Municípios que é depositado dia 30 - hoje - seja repassada integralmente para começar a acertar a situação com o hospital, além do recebimento do IPTU que começa a vencer dia 20 de maio.