Fausto Menta divulgou nota em sua rede social onde revela como ficou sabendo de sua exoneração e mágoa com a atitude do prefeito
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Há poucos meses, o então secretário de Saúde, Eliermes Teixeira, contou ter sido exonerado pelo prefeito por meio de uma mensagem do aplicativo WhatsApp. Na última quarta-feira, 17 de abril, coube ao vice-prefeito Tita Lima informar ao Secretário Municipal de Cultura e Turismo de Cataguases, Fausto Menta, que ele estava sendo exonerado do cargo. A notícia foi dada à ele dentro de um carro nas proximidades da praça Chácara Dona Catarina, onde funciona aquela secretaria, no meio da manhã. "...a cena da minha exoneração, no meio da rua, dentro de um carro, foi a culminância de um processo covarde de 'fritura' em fogo brando", afirmou em texto divulgado no começo da tarde deste sábado de Aleluia, 20 de abril, em uma rede social onde também se mostra magoado com tudo o que aconteceu.
A exoneração de Fausto será publicada na edição deste domingo, 21 de abril, no Jornal Oficial Cataguases. Curiosamente, seu desligamento da Secretaria que geriu por dois anos e quatro meses ocorre em meio a várias ações no setor. Exatamente uma semana após a visita do Consultor do Ministério da Cidadania que veio avaliar o município para o projeto Rede Cidades Criativas da Unesco. Além disso, contou com o apoio decisivo de Fausto Menta a conquista do edital da Ancine que está permitindo a realização de três longas metragens na cidade e que poderá render ainda recursos da ordem de R$ 10 milhões. Teve também participação decisiva na aprovação da Lei Orgânica da Secretaria Municipal de Cultura normatizando a proteção, preservação e promoção do patrimônio cultural do município. Isto tudo sem gastar um centavo do minguado orçamento da sua Pasta, cujos recursos ao longo do ano, conforme revelou na nota divulgada, são deslocados para outras áreas.
Segundo pessoas ligadas à Administração Municipal ouvidas pela reportagem, a saída de Fausto é parte de uma série de mudanças que o prefeito Willian Lobo começa a fazer. Segundo estas fontes o objetivo é tornar a administração mais eficiente. Entre as alterações está a nomeação do advogado Roosevelt Pires para o cargo de Chefe de Gabinete, vago desde a saída de João Paulo Vargas Vairo e a nomeação de outros dois novos colaboradores, o advogado Ricardo Spínola e Antônio Batista Pereira, o Beleza, além de remanejar o atual coordenador da Defesa Civil, Carlos Pires Júnior para outro setor, e entregar ao atual secretário de Esportes, José Vitor Lima, a Secretaria de Cultura e Turismo, que vai acumular as duas pastas.
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Há, porém, uma outra versão apurada pelo Site do Marcelo Lopes sobre a demissão do Secretário de Cultura e Turismo de Cataguases. Segundo um integrante do alto escalão da prefeitura, o que levou Fausto a ser defenestrado da atual administração atende pelo nome de Ricardo Dias. Ele explica: "Tudo começou por causa da antiga delegacia. À época, o vereador Ricardo Dias pleiteava transformar o local em sede de seu instituto. Porém, devido a atuação determinante de Fausto e demais setores da Cultura, o imóvel retornou ao município, desagradando profundamente Ricardo Dias. A partir daí - ainda segundo a análise da fonte ouvida pelo site - aquele vereador se empenhou no andamento da Comissão Especial de Inquérito sobre o caso Innovar - que começou em 2017 - com o objetivo de cassar o prefeito Willian, numa votação que foi barrada pela justiça a apenas dois dias de ocorrer, o que provocou um desgaste sem precedentes na imagem do prefeito. Antes, e para tentar melhorar a relação entre eles, continua esta mesma fonte, Willian ordenou sua bancada na Câmara Municipal a votar em Ricardo para presidente do Legislativo, o que foi determinante para sua vitória. Isto, porém, não trouxe, até o momento, nenhum benefício concreto ao chefe do Executivo municipal. Para Willian se o prédio da antiga delegacia tivesse sido doado ao Instituto, nada disso teria acontecido", finaliza.
Veja abaixo a longa nota divulgada por Fausto Menta.
Caros Amigos;
Aceitei, com muito orgulho, o convite feito pelo Prefeito William Lobo para ser Secretário Municipal de Cultura e Turismo de Cataguases, sabendo do tamanho da responsabilidade que pesaria sobre os meus ombros pelos quatro anos seguintes.
Vinha de experiências muito enriquecedoras no setor privado e, sentindo-me preparado para o desafio, sonhava em colaborar para que essa Administração Municipal realizasse na política de cultura e turismo uma intervenção à altura da importância histórica que o patrimônio cultural da cidade representa para o país.
Pleno de entusiasmos, de ideias e com uma descomunal vontade de realização, dediquei-me integralmente ao trabalho, contando somente com uma reduzida equipe de abnegados colaboradores. Enfrentando dificuldades, inimagináveis aos olhos da população, logo descobri que a funçãoexigiria muito mais do que demonstrações de extremo profissionalismo. Desde a velha conhecida falta de recursos, até mesmo para obter material básico para realizar simples anotações, é ingrato o abismo que vai do ideal à má vontade.
Persisti, na crença de que não há nada tão ruim que não possa ser melhorado. Com o passar dos meses, porém, o que era simples limitação passou a ser cerceamento, o que era mero obstáculo passou a ser subterfúgio para inflexíveis negativas e o que era apenas possibilidade passou a ser considerado excentricidade.
Como resultante dessas metamorfoses todas, houve um divórcio entre os planos da Municipalidade e as ações voltadas para a Cultura Patrimônio e Turismo. Um divórcio penoso, no qual nem mesmo as aparências se salvaram, pois a relação foi contaminada por boicotes, fofocas, intrigas, muita mesquinhez, altas doses de sordidez e, acima de tudo, muitos ciúmes.
Corroída por estaterrível enfermidade, a Municipalidade foi levada a trocar a segurança pela insensibilidade, deixando-se seduzir por alguns bajuladores e oportunistas de toda estirpe. Tentei alertar. Tentei esclarecer os trâmites. Recebi somente o silêncio como resposta. O distanciamento do centro decisório como demonstração de desapreço.
Se uso aqui muitas metáforas, é que estou compensando com alguma pretensão de sutileza a ausência mais absoluta de qualquer mínimo lampejo de respeito e de elegância por parte de quem não tem nem mesmo coragem para olhar nos olhos e dizer com clareza as razões de sua opção por minha exoneração. Porque, por fim, se marcar uma corriqueira audiência foi se tornando uma batalha inglória, a cena da minha exoneração, no meio da rua, dentro de um carro particular, foi a culminância de um processo covarde de "fritura" em fogo brando.
Nada a lamentar, porém, pois a política, infelizmente, tem se transformado no reduto de espíritos pusilânimes e o poder, numa máscara para tibiezas do caráter, numa âncora para a fraqueza moral.
Saio, entretanto, triste da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo. Por não ter podido fazer mais do que foi possível fazer. Frustrado, por não haver conseguido ir além dos projetos que ficaram nas gavetas. Decepcionado, por não levar adiante planos factíveis, amputados drasticamente na raiz pela miopia dos que não compreendem a dinâmica das políticas para a Cultura, Patrimônio e Turismo.
Mas, mantive e mantenho a espinha dorsal ereta. Não me dobrei. Não transigi. Não tangenciei e nem fugi das minhas responsabilidades. Jamais negociei com a minha integridade. Tenho a alma intacta, pois falei e pratiquei sempre a verdade, a lealdade e a firmeza de princípios e de propósito.
Sempre ouvi dizer que é perigoso acender luzes em porões muito escuros. Nunca imaginei, porém, que seria dentro de um carro particular, no meio da rua, por alguém que não foi o responsável pelo meu convite que essa máxima assumisse o corpo e a forma da sua verdade mais objetiva. E isso é muito triste.Mas, os homens passam. A cidade fica. Todos nós passamos.
Muito obrigado a todos que me acompanharam, que me confiaram, que me apoiaram e colaboraram nesta jornada.
Um forte abraço a todos e até breve!
