A Câmara Municipal de Cataguases adiantou nesta sexta-feira, 18 de maio, sua reunião ordinária prevista para o próximo dia 22, feriado municipal de Santa Rita de Cássia. A sessão começou às 10 horas e pouco tempo depois, o vereador Ricardo Dias, usou a palavra para fazer o seu mais contundente pronunciamento de sua carreira política. Ele respondeu ao prefeito Willian Lobo de Almeida que no dia anterior fez uma participação no programa Conversa Franca, apresentado por Sousa Mendonça, em que comentou a abertura da Comissão Especial de Inquérito (CEI) e teria feito críticas veladas ao comportamento de Ricardo

A maneira como o prefeito reagiu à instauração da CEI, deixou Ricardo Dias um tom acima de seu comportamento habitual. Ele negou querer benefícios desta administração e afirmou nunca dependeu do governador para lhe dar cargos públicos. "Eu não posso admitir que um prefeito vá a rádio e fale situações que não tem nada a ver com a CPI. (...) Quem não deve não teme. Acho que deve ser apurado normal. Olha só o que ele falou na rádio, o seguinte: "eu tô procurando 'boquinha'. Que 'boquinha'? Graças a Deus não tem nenhum funcionário meu ou a pedido meu na prefeitura. (...) Quando perdi a eleição de prefeito fui pra casa para trabalhar. Não dependi de governador pra ganhar emprego. Eu não dependi de colocar esposa e parente na prefeitura, ou na câmara", lembrou. 

Em seguida, enfático, Ricardo Dias lembrou que o tio dele que trabalhava na Prefeitura não foi para lá a pedido dele. "Eu não tenho medo de ameaça. E não mande recado, faça. Porque ameaça comigo não existe. Falando com a pessoa pra mandar recado pra mim, parecendo criança. Um prefeito mandando recado, senhor presidente? Isso é uma vergonha para o município de Cataguases ter um prefeito pra fazer isso!", ressaltou.

E continuou: "Falar que vai fechar o Instituto que atende doze mil pessoas em Cataguases, quase uma cidade (o número de pessoas atendidas)! Manda ele atender. Não tá atendendo ninguém. O SUS tá morto lá. O PSF não tem médico, não tem remédio. E vai fechar (o instituto), vai me perseguir? Eu quero que venha. Vem me perseguir mesmo, porque a CPI vai ser técnica. Aqui não tem moleque não. Eu não tenho medo de falar que vai fechar o Instituto. Tem que ir lá fechar. Acha um erro", desafiou.

Ainda segundo aquele vereador, Willian teria dito "também que todo mundo tem telhado de vidro. Eu tenho, mas tem uns que tem maiores. (...) Eu acho que ele tem que ser rápido porque não vai durar muito tempo não, senhor prefeito, porque em sessenta, noventa dias, já temos o resultado (da CPI). Então corra, vá lá fechar o Instituto, vai fazer antes porque não vai chegar até o final do mandato, não. Porque a coisa é séria, gente. Não tô brincando, não. A coisa é muito séria e esta Casa tem que ter esta seriedade na hora que chegar os documentos aqui. Nós vamos começar semana que vem; vamos fazer diligências; vamos ouvir o prefeito, vamos ouvir os responsáveis pela situação, vamos a Marataízes; vamos ouvir os donos da empresa (Innovar). É uma CPI séria. Então, não adianta tentar obstruir por situações de ameaça e fora do contexto do Poder Legislativo", reiterou Ricardo Dias.

Ele completou: "Pode mandar todos os fiscais la no Instituto, na Farmácia, que vossa excelência (o prefeito municipal) disse que vai fechar. Pode ir lá tentar fechar, porque falou que vai me prender. Eu acho que pode ser o contrário. O que vai acontecer nesta Câmara aqui vai ser inédito. É muito sério e grave, porque mexe com o dinheiro público. E dinheiro público hoje é coisa séria. Tem gente sendo cassada por causa de coisinhas pequenas, por causa de mil, dois mil reais. E lá (na CPI) não. É coisa de 456 mil reais.(...) Aja, não manda recado, não. quem não deve não teme", finalizou recebendo aplausos do público.