Em 21/02/2018 às 16h15 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Reunião da Câmara discute situação do Pronto-Socorro do Hospital de Cataguases

Bill Crepaldi quer a renovação do contrato com a Prefeitura em condições mais justas

Bill Crepaldi quer a renovação do contrato com a Prefeitura em condições mais justas

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A reunião da Câmara Municipal de terça-feira, 20 de fevereiro, foi bastante intensa e levou à população uma situação bastante grave para a comunidade. A possibilidade de o Hospital de Cataguases deixar de prestar os serviços de Pronto-Socorro, uma vez que aquela Santa Casa necessita reajustar os valores recebidos do município para continuar a manter o setor em funcionamento. O problema é mais grave, pois, conforme informou o Provedor do Hospital, Bil Crepaldi, a instituição tem até o dia 28 de fevereiro para renovar o contrato com o município e, até o momento, as negociações não foram bem sucedidas, uma vez que aquela instituição pede o reajuste de R$ 100 mil e o município ofereceu apenas R$ 20 mil. Atualmente, a Prefeitura repassa, através da Secretaria Municipal de Saúde, mensalmente, R$ 300 mil para a entidade, valor que não sofre reajuste, segundo o provedor, há quatro anos.

imageCom o plenário cheio e com a presença de todos os vereadores, a reunião foi iniciada com a leitura de indicações, projetos de lei que foram votados e leitura de requerimentos. Um dos principais projetos debatido pelos vereadores referia-se a um loteamento no bairro Marote, que se fez presente naquela noite com vários membros de sua comunidade. Ficou decidido que os serviços de infraestrutura que não foram executados pelo empreendedor do loteamento devem ser realizados pelo mesmo, sob pena de acarretar algumas sanções pelo município. Duas moradoras, a jovem Larissa Ávila Rodrigues e a senhora Eurídice Terezinha Aparício, agradeceram o empenho do Legislativo com relação ao assunto e disseram que o gesto significa devolver a cidadania a 50 famílias que moram no local.

Na sequência, o provedor do Hospital foi chamado a esclarecer a situação da Santa Casa. Bil Crepaldi lembrou que várias instituições de saúde no estado de Minas fecharam as portas por não suportarem arcar com as despesas e pela falta de empenho das esferas de poder em repassar os valores que deveriam ser destinadas à elas. "Não queremos que isto aconteça com o nosso Hospital, porque vai ser uma perda incalculável para a nossa comunidade", destacou. Ele lembrou que em 2014, o Pronto-Socorro, então mantido pela Prefeitura, custava aos cofres públicos R$ 660 mil. "Já estamos cansados de apresentar planilhas de custo e vê-las serem contestadas verbalmente, sem que ninguém sequer vá ao Hospital ver o que está acontecendo, o quanto é gasto no nosso Pronto-Socorro. Nós temos remédios, médicos plantonistas 24 horas, aparelhos, centro cirúrgico, serviço de imagem, enfim toda a estrutura para receber os pacientes que nos procuram a qualquer hora" afirmou. Segundo ele, o contrato com o município está vencido e, para manter a prestação do serviço, foram feitos três aditivos para dar continuidade ao atendimento do Pronto-Socorro dentro das dependências do Hospital, nestes quatro anos.

"Estamos mantendo tudo isso, amargando prejuízos mês a mês. Porém, agora a situação é insustentável, e nós não queremos ser mais um na estatística das Santas Casas que já fecharam no nosso estado", afirmou Bil Crepaldi, explicando que a presença de membros da mesa diretora do Hospital e de vários funcionários da instituição ali presentes era para expor a situação da Santa Casa. "Quando este prazo vencer e nós decidirmos pela paralisação da prestação de serviço de Pronto-Socorro, o município que vai ter que assumir, e acredito que os nossos gestores não estão percebendo a gravidade e o custo que será para os cofres municipais criar toda esta estrutura fora do Hospital", frisou. Ele também falou dos serviços que são prestados pela unidade de saúde, que é classificada hoje com o nível II, o que significa que ele possui equipe médica completa de plantão e gestão integrada por procedimentos de saúde. "No dia 1º de fevereiro completou-se quatro anos de funcionamento do Pronto Socorro no Hospital, e nesse tempo os salários foram reajustados, a energia aumentou, os remédios subiram, o que torna inviável manter o serviço sem nenhum reajuste. Para mim esta conta não fecha. O aumento proposto pelo município não cobre os nossos custos", finalizou.

imageEm seguida, a supervisora administrativa do Hospital, Maria Inês Dal Bianco (foto) reforçou a fala do provedor, questionando a qualidade da saúde que a população quer para Cataguases. Ela também apresentou as planilhas de custos para demonstrar a necessidade do aumento requerido pelo Hospital de Cataguases ao município. "Não podemos cruzar nossos braços, por isso estamos aqui convocando toda a comunidade para salvar o Hospital de Cataguases". Ela contou que, quando da assinatura do contrato para que a Santa Casa assumisse o Pronto-Socorro Municipal, há quatro anos, foi acordado um repasse de R$ 450 mil. Na época, a gestão anterior repassou somente R$ 250 mil mensal a princípio e, com muita negociação, chegou-se ao consenso de que o valor seria de R$ 300 mil. "Já era abaixo do que havia sido acordado inicialmente e eu disse naquela oportunidade que estavam decretando a falência do Hospital de Cataguases", afirmou. Ela explicou que no Pronto-Socorro, hoje, 91% do atendimento é realizado pelo SUS e apenas 9% por meio de convênios de saúde, e são atendidos entre 8,5 a 9 mil pacientes por mês. Ela também citou várias melhorias que foram efetuadas pela Mesa Diretora naquela unidade de saúde, muitas delas com a parceria de empresas locais e da iniciativa privada, e lembrou que a ocupação dos leitos de internação é altíssima. Maria Inês ainda argumentou o ganho para a comunidade quando o HC passou a ser um hospital nível II, e que perder isso seria um retrocesso para a cidade. "O que queremos é sentar e negociar para que o Hospital continue prestando o serviço da maneira que vem acontecendo, com o apoio de todos vocês aqui presentes. Pode ser que cheguemos a um valor um pouco menor do pretendido, mas o principal é não perder o que conquistamos até agora, e é essa a ajuda que pedimos aos vereadores, à comunidade, que nos ajude a sensibilizar o executivo municipal para esta causa", disse.

Vários vereadores se manifestaram, opinando e fazendo sugestões para resolver o impasse. Entre as propostas colocadas, ficou decidido que o vereador Vinícius Machado irá se encontrar com o Promotor de Justiça de Defesa do Patrimônio Público da Comarca de Cataguases, Rodrigo Ferreira de Barros, nesta quarta-feira, pedindo a ampliação do prazo para a renovação do contrato do Hospital com o município, que expira no dia 28 de fevereiro, com a finalidade de dar maior prazo para as negociações. Também ficou combinada a convocação de prefeitos da microrregião de Cataguases, cujas populações também são atendidas no Hospital de Cataguases, para que todos sejam sensibilizados a contribuir com a instituição. No final da reunião, alunos do CEFET/Leopoldina também se manifestaram, uma vez que o município, que nos últimos anos vem arcando com o transporte deles até aquela unidade de ensino, não foram todos contemplados com este benefício. O vereador Rogério Ladeira combinou de se encontrar com uma aluna que estava presente e se reunir com o Prefeito Willian e o Secretário de Educação, José Fernando Antunes Millane, nesta quarta-feira, em busca de uma solução para o problema.
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Tags: Hospital, Câmara, repasse, recursos, Pronto-Socorro





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