Equipe de produção do documentário "Cataguases Andergrald", que começou a ser rodado em fevereiro, na cidade
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Na última semana de fevereiro tiveram início os trabalhos relacionados à produção do documentário Cataguases Andergrald. Proporcionar uma releitura em torno das narrativas que tratam a cidade como uma localidade predisposta aos mais variados experimentos no campo da arte é o desafio imposto pelos seus realizadores. Esse é mais um projeto cinematográfico independente, desenvolvido pelo trio Eduardo Yep, Inácio Frade e Helena Frade. O primeiro trabalho do grupo, o documentário "Firma o Guia Povo do Santo", tratou das experiências religiosas umbandistas vivenciadas por sacerdotisas e sacerdotes residentes em Cataguases e Leopoldina. O curta-metragem foi inscrito na 1ª Mostra de Cinema e Audiovisual – MOCINA/UFJF, evento em que recebeu o prêmio de melhor filme na categoria documentário. Participou também do 15º Festival Primeiro Plano, em Juiz de Fora e do 7º FIFER – Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife.
A nova obra,
Cataguases Andergrald, parte de um pressuposto: a existência de um Mito da Vocação Cultural, legitimado por um seleto grupo detentor dos capitais disponíveis para o financiamento de projetos artísticos na cidade. A intenção dos criadores do argumento é colocar em suspensão as narrativas consensuais que realçam uma espécie de obsessão pelas artes como mote para forjar uma identidade única que deságua sempre e necessariamente no estuário "cultural" da cidade. Helena Frade nos conta que "a proposta se volta para a seleção de personagens, deslocados para as margens do processo de produção cultural, levando também em consideração a diversidade de gênero, idade, escolaridade e situação geográfica. A ideia principal é dar voz a diversos atores sociais que, à primeira vista, encontram-se excluídos da maior parte dos eventos promovidos, entre outros, pelas fundações culturais cataguasenses".
Cataguases Andergrald procura capturar as percepções sobre a esfera artística local tendo por base o diálogo com pessoas que possuem acesso precário ao capital cultural via consumo e mantêm-se categoricamente alienados de sua produção. Eduardo Yep salienta: "Nosso objetivo com o filme é desmontar, e não desqualificar esse mito através de uma escuta daqueles que nunca foram convidados a opinar publicamente sobre a cultura na cidade. Indivíduos que, com uma boa pitada de sorte, entram apenas nas estatísticas e percentuais que as fundações culturais divulgam através de suas assessorias de comunicação", explica.
"Com a realização do documentário, cuja finalização está planejada para o mês de junho, esperamos revelar alguns pensamentos alternativos, porém, sombreados pelo que chamamos de mito da urbe cultural", arremata Inácio Frade. (Fotos: Acervo Cataguases Andergrald)
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