Oninho alegou "foto íntimo" para renunciar ao mandato a pouco mais de vinte quatro horas de seu término
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O prefeito de Recreio (59 km de Cataguases), Ônio Fialho Miranda, cujo mandato está se encerrando, renunciou ao cargo na noite desta sexta-feira, 30 de dezembro. A notícia surpreendeu toda a população local, mas não afetou a rotina da cidade, conforme apurou a reportagem do Site do Marcelo Lopes. Logo mais, haverá um baile popular de reveillon, contratado pelo próprio Ônio Miranda e que vai custar aos cofres públicos, conforme edital de licitação, pouco mais de R$40 mil. Ele, recentemente, foi condenado pela prática de crime eleitoral e está inelegível por oito anos. A condenação está em fase de recurso em segundo instância.
Por volta das 22 horas desta sexta-feira, 30 de dezembro, a irmã de Ônio Miranda, a ex-secretária Municipal de Educação e Cultura de Recreio, Vânia Fialho Miranda e Brum, entregou ao presidente da Câmara Municipal de Recreio, vereador Fabrísio Brito de Barros, o "Pão Doce", a carta de renúncia do prefeito. Curta e objetiva, ele justifica sua decisão dizendo apenas ser de "foro íntimo, especialmente para atender a legislação de pessoal, de meus cargos federais". Ele também agradeceu ao Legislativo pelo apoio recebido em seu mandato. Junto com a Carta Renúncia, informou estar entregando também uma cópia de seu Imposto de Renda referente a 2016.
Nesta manhã de sábado, o atual vice-prefeito de Recreio, João Dólar (foto ao lado), ainda não havia assumido o cargo. As lideranças políticas do município aguardavam orientações do juiz eleitoral da Comarca de Leopoldina para dar andamento ao processo, segundo apurou a reportagem. Em conversa por telefone com o prefeito eleito José Maria Barros, ele disse que a renúncia de Ônio Miranda "pegou a todos de surpresa. Não entendemos o motivo deste gesto a poucas horas do término do mandato, mas para nós que vamos assumir amanhã nada muda", disse. João Dólar tomará posse duas vezes em menos de vinte e quatro horas. É que neste domingo ele será empossado novamente como vice-prefeito, desta vez, ao lado de Zé Maria Barros (foto abaixo), seu companheiro de chapa na última eleição.
Oninho, como é chamado, é médico e estava no final de seu terceiro mandato à frente de Recreio. Ao contrário das duas vezes anteriores em que ocupou o cargo, agora, fez um governo distante dos anseios da população e tomou medidas que também contribuíram para isto. Uma delas - que certamente ajudou neste sentido - foi seu distanciamento do hospital. Sob o argumento de que o município dispunha de poucos recursos, reduziu drasticamente o repasse de verbas para aquela casa de saúde até manter apenas as verbas obrigatórias. Em outra frente, tentou mascarar o ainda maior problema enfrentado pelo município que é o abastecimento de água. Em plena crise hídrica, o prefeito minimizou a realidade e até promoveu o carnaval, atraindo turistas e aumentando ainda mais o consumo do precioso líquido.
Apesar de ter adotado uma série de atitudes equivocadas à frente do Executivo, Oninho decidiu sair novamente candidato à reeleição para o que seria seu quarto mandato. Nas ruas, porém, sentiu o peso de sua impopularidade, pois tentaram impedi-lo de fazer campanha em um determinado bairro da cidade, quando, inclusive foi agredido fisicamente. Em um momento ainda meio obscuro da campanha, teve um de seus veículos incendiado, caso que ainda não está devidamente esclarecido pela polícia. Para completar, cometeu, segundo a justiça, crime eleitoral durante a realização da Exposição Agropecuária de Recreio deste ano (veja a matéria completa
aqui) por abuso de poder político e improbidade administrativa e, esta semana, veio à tona, que seu governo não estava informando ao Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais os gastos realizados na Saúde, uma prática obrigatória para todos os municípios do país.
Veja a íntegra da carta renúncia abaixo.
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