Bil Crepaldi, da Tribuna, fez um desabafo sobre a situação da renovação do contrato do Pronto-Socorro
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Após um longo debate ocorrido na Câmara Municipal de Cataguases na noite desta terça-feira, 31 de maio, um acordo foi firmado entre o Hospital de Cataguases e a Prefeitura sobre o valor a ser repassado mensalmente pelos serviços prestados pelo Pronto-Socorro. O entendimento permitiu também o retorno à normalidade no atendimento daquele serviço que ameaçava ser limitado, a partir desta quarta-feira, 1º, a casos de urgência e emergência, conforme havia sido anunciado pela direção daquela Santa Casa.
Quando a reunião ameaçava terminar sem acordo, o Secretário de Desenvolvimento Econômico, Alex Carvalho, apresentou uma proposta de correção do serviço de Pronto-Socorro prestado pelo Hospital. Atualmente a municipalidade repassa R$250 mil; ele ofereceu então, R$300 mil enquanto o novo contrato estiver sendo negociado. O provedor do Hospital Bil Crepaldi aceitou a proposta até que um novo contrato seja assinado entre as partes. O novo valor corrige a inflação do período, segundo justificou o Secretário.
No próximo dia 8, Prefeitura e Hospital sentam-se com o Ministério Público para dar início às negociações de renovação do contrato de prestação de serviços do Pronto-Socorro, vencido em fevereiro último. O Hospital também vai receber R$150 mil retroativo aos meses de fevereiro, março e abril (quando o contrato expirou) com recursos que serão repassados pelo Legislativo ao Executivo que, por sua vez, os encaminharão à Santa Casa. Os procedimentos legais para esta transação serão realizado em uma reunião extraordinária da Câmara Municipal, que vai acontecer na próxima sexta-feira, 3.
Debates calorosos
O provedor do Hospital de Cataguases Wilson Crepaldi Júnior, o Bil Crepaldi, fez um desabafo da Tribuna da Câmara ao dizer que não existe política na administração do hospital e "queremos apenas renovar o contrato com a prefeitura". Ele também reclamou das acusações sofridas nas redes sociais e do prefeito que "nunca nos visitou no Hospital", revelou.
O presidente do Conselho Municipal de Saúde, Eliermes Teixeira, falou das dificuldades enfrentadas por municípios da região em manter as UPA's - Unidades de Pronto Atendimento. Segundo revelou, "elas não custam menos de um milhão de reais mensais". Ele disse também que a manutenção de um Pronto-Socorro "é cara". Já a supervisora administrativa do Hospital, Maria Inês Dal Bianco, refutou a acusação de que o Hospital seja um "cabide de emprego" e que sessenta por cento do atendimento do Pronto-Socorro é básico e não de urgência e emergência. O Procurador do Hospital, advogado Bruno Couto, lembrou as tentativas de renovação do contrato com a Prefeitura e deixou claro a intenção da municipalidade de postergar aquela negociação até chamar o Ministério Público para negociar a partir do próximo dia 8.
O médico Joseph Freire fez uma intervenção no debate para colocar os municípios da microrregião no problema de financiamento do Pronto-Socorro. Como usuários do sistema, ele disse que estas prefeituras "preferem praticar a ambulanciaterapia e jogar os pacientes na porta do hospital". Segundo ele, os prefeitos investem na aquisição de ambulâncias e transferem os seus doentes para cá. Assim, é preciso cobrar dos prefeitos destes municípios uma parcela de recursos para que ajudem a custear o Pronto-Socorro. A médica Maria Ângela Girardi disse que a situação do Pronto-Socorro só vai melhorar se a Prefeitura investir na contratação de bons médicos concursados. Ela alertou para uma piora da situação com a perda maciça de usuários dos planos de saúde.
O Promotor de Justiça Rodrigo de Barros foi claro ao afirmar que o SUS é o maior cliente do Hospital, mas disse também que não cabe à ele pagar a conta sozinho. Segundo ele é preciso ter em mente um acordo que não promova uma inadimplência futura e sugeriu que seja analisada a planilha do hospital pelas partes interessadas "a fim de que se possa chegar a um denominador comum". Ele também reconheceu o problema dos municípios menores que utilizam o Pronto-Socorro e não contribuem com sua manutenção e disse que a reunião de 8 de junho vai definir o assunto. A Defensora Pública, Eliana Spíndola, foi clara ao dizer que não iria aceitar a limitação no atendimento do Pronto-Socorro porque isso iria prejudicar a população mais carente e pediu para que a direção do Hospital revisse aquela decisão.
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