Em 19/12/2011 às 21h05 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O ano de 2012 começa com novidades em Leopoldina. A Casa de Leitura Lya Maria Müller Botelho, que funciona no coração de Leopoldina (Rua José Peres, 4 - Centro), será coordenada por Alexandre Moreira e Maria Lúcia Braga. Alexandre Moreira é de Curitiba mas estava no Rio de Janeiro há muitos e muitos anos, já Maria Lúcia Braga é conhecida na região por várias realizações, entre elas o Festival de Viola e Gastronomia de Piacatuba. A Casa de Leitura Lya Maria Müller Botelho, que é mantida pela Energisa, foi inaugurada em agosto de 2009 e recebeu até agora cerca de 21.467 visitantes.
As expectativas dos novos coordenadores são imensas. Para Alexandre Moreira, a Casa de Leitura deve assumir seu papel dentro da comunidade Leopoldinense como um centro de referência e divulgação da leitura e, consequentemente da escrita, proporcionando farto material de aprendizagem e de crescimento intelectual, utilizando-se de todos os meios disponíveis para que todos, sem exceção, tenham acesso à leitura. Para que a Casa de Leitura Lya Maria Muller Botelho possa cumprir plenamente o seu papel, o advogado e arquiteto Alexandre Moreira afirma que “é imprescindível que a sociedade local e da região prestigiem seus eventos, contribuam com idéias e sejam parceiros em suas propostas.”
Maria Lúcia Braga é pedagoga, já trabalhou com educação especial (foi diretora da Apae de Leopoldina), alfabetização e como professora de artes e também foi secretária de Cultura de Leopodina. Agora na coordenação da Casa de Leitura pretende “instigar a leitura e confeccionar livros artesanais com estórias criadas a partir das vivências das crianças” e também “trabalhar em parceria com todo o universo da escola pública e particular, de Leopoldina e distritos, como sempre trabalhei”, conclui Maria Lúcia.
A Casa
Uma mansão construída pelo engenheiro Ormeo Junqueira Botelho, com traços da arquitetura vitoriana, foi inspirada em Tara, a fazenda do filme “E o Vento Levou...”, de 1939. A casa da Família Botelho é agora a Casa de Leitura Lya Maria Muller Botelho e Memorial Ormeo Junqueira Botelho, uma instituição particular, um presente para Leopoldina da Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho e com patrocínio da Energisa. É um espaço dedicado à literatura infanto-juvenil, um espaço lúdico onde crianças e jovens darão liberdade para a imaginação.
No segundo andar tem duas salas de leitura com livros infanto-juvenis de todos os tipos e temas, e para todas as idades. Tem também a sala de referência para os professores, com livros e revistas voltados para a formação e informação dos mestres. E ainda duas salas de informática para pesquisa na internet e leituras digitais.
Uma outra sala espaçosa, com grandes janelas voltadas para o jardim e o bosque da propriedade, abriga a gibiteca. Com pufes espalhados num ambiente climatizado, não há como resistir a uma boa leitura. Crianças e adultos não querem mais sair deste ambiente mágico.
Memorial Ormeo Junqueira Botelho
Uma sala no primeiro andar da Casa de Leitura Lya Maria Muller Botelho é dedicada ao Memorial Ormeo Junqueira Botelho. Este homem, que durante seis décadas esteve no comando da Companhia Força e Luz Cataguases-Leopoldina (hoje Grupo Energisa), engenheiro, formado no Rio de Janeiro, foi um dos primeiros parlamentares a se preocupar com uma necessidade de uma política voltada para o uso do solo, para sua conservação. Terceiro filho do senador Francisco de Andrade Botelho e de Maria Nazareth Monteiro Junqueira Botelho, nasceu na propriedade dos avós maternos, a Fazenda Nyagara, em Leopoldina. Construída há cerca de 150 anos, uma das mais tradicionais propriedades da região, por ali passaram várias gerações da família Junqueira. Era sempre para a Nyagara que o estudante Ormeo Junqueira Botelho se dirigia em suas férias.
A vida profissional começa em Caxias, RS, onde é admitido em 1919 como auxiliar-técnico da Inspetoria de Estradas de Ferro. Ele trabalha no estudo da estrada Caxias-Vacaria e é logo promovido a engenheiro auxiliar. Em 1920, Ormeo Junqueira Botelho ingressa na Cataguazes-Leopoldina e tem como primeira empreitada o levantamento da planta da estrada de rodagem Piacatuba-São João Nepomuceno. Logo passa a projetar linhas e redes de distribuição em toda a Zona da Mata, com o apoio do então eletricista Humberto Mauro, futuro pioneiro do cinema no Brasil.
Em 1923, com a morte do pai, afasta-se temporariamente da Companhia, sendo designado por seus tios como sucessor paterno e tutor dos irmãos menores. Passa também a administrar a Fazenda Santo Antonio, de propriedade da família e grande produtora de café. Na ocasião, assume em Leopoldina a gerência da Casa Bancária Ribeiro Junqueira Irmãos e Botelho e os negócios por ela controlados. Como, por exempo, as usinas de leite. Ele contrata um suiço especialista na fabricação de queijos, porque achava que a região não podia se limitar a produzir apenas “queijos de Minas”, precisava diversificar fabricando também queijos “tipo-europeu”. Obteve sucesso na produção de queijos do tipo Emmental e Gruyére. Foi dessa experiência que resultou a Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina, da qual foi um dos co-fundadores.
Ormeo sucede o pai também como tesoureiro na Casa de Caridade de Leopoldina até 1945, quando é eleito provedor e fica até 1972. O “engenheiro-provedor” construiu o Pavilhão Nossa Senhora do Carmo e modernizou as instalações da instituição. Em 1924, ele realiza o sonho do padre Júlio Fiorentini e cria o Orfanato Lenita Junqueira, sendo seu primeiro presidente. No mesmo ano, é lançada a pedra fundamental da Companhia de Tecidos Leopoldinense, que abre as portas em 1926. Ormeo construiu o edifício da fábrica e a vila operária; é também um dos acionistas e, até 1965, diretor-presidente, ano em que se demite.