Em 18/01/2016 às 11h22 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Trabalhadores da Cataguases de Papel querem receber salário e 13º atrasados

Eles reclamam até falta de água para beber. Empresa não teria nem matéria prima para voltar a produzir, além de dívidas com fornecedores

Trabalhadores da Cataguases de Papel querem solução para uma das piores crises vividas pela empresa

Trabalhadores da Cataguases de Papel querem solução para uma das piores crises vividas pela empresa

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Funcionários da Cataguases de Papel reuniram-se às 8 horas da manhã, na sede da empresa com um representante da diretoria para tentar um acordo visando o recebimento de salário atrasado, e do décimo terceiro salário e o retorno ao trabalho. A fábrica vive sua pior crise desde que foi adquirida por empresários paulistas. O clima de revolta e insatisfação dos trabalhadores parecia estar no limite.

Segundo apurou a reportagem do Site do Marcelo Lopes, a unidade continua sem energia elétrica, não há matéria prima para que as máquinas voltem a funcionar e há dívidas com fornecedores, inclusive, alguns deles estavam na portaria no momento em que a reunião acontecia, aguardando também uma posição da direção sobre quando serão honrados aqueles compromissos. 

Entre os funcionários a situação beira o limite da tolerância, conforme a reportagem apurou em depoimentos. Sem trabalhar desde dezembro e também sem receberem o salário referente àquele mês nem tampouco o décimo terceiro, o clima é tenso e de revolta com os diretores da Cataguases de Papel. Eles exigem o pagamento imediato do salário e condições adequadas de trabalho com garantias que esta situação não voltará a se repetir.

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Antônio Cláudio dos Santos Batista, pedreiro, há três anos na empresa, revela a situação na fábrica: "Não tem matéria prima. Não tem luz, não tem nada aí. Água de beber também não tem", ressaltou, completando em seguida: "Essa situação vem rolando há tempos. A fábrica está parada há mais de mês. A fábrica funcionou através do gerador em novembro e depois que o óleo acabou ela parou. O que precisa é pagar energia", concluiu acrescentando que em sua casa dependem da empresa ele, mais quatro pessoas e ainda paga uma pensão.

"Hoje deixaram uma ordem aí para voltar para trabalhar normal, mas não tem como trabalhar normal. A gente não tem nada pra comer em casa como vai trabalhar? A gente tá esperando dinheiro para poder comprar alguma coisa para poder trabalhar", desabafou José do Carmo da Silva Vitório, que trabalha como Serviço Geral há 37 anos na Cataguases de Papel. Com o longo impasse ele mostra que a paciência dos trabalhadores pode estar chegando ao fim. "Aqui vai acontecer o seguinte: se este homem não tem condição de tocar, ou ele abre mão pra passar pra outro ou acerta com o funcionário, porque do contrário, do jeito que tá aqui, uma hora vai dá uma tragédia aqui.  A situação chegou no limite, não estamos aguentando mais não. A pressão tá demais", finalizou.

Irregularidades trabalhistas também foram denunciadas. "Cadê o décimo terceiro?", questiona Reinaldo das Graças Rosa, 21 anos na empresa, ajudante de almoxarifado. "Mandou todo mundo assinar a folha aí, ó, dizendo que tinha pago metade do décimo terceiro e não pagou nem um centavo. Falar a verdade pro senhor: eu não assinei, não! Falei pro pessoal: Vocês assinam porque vocês é bobo. Eu não recebi dinheiro de férias. Porque mandou todo mundo assinar folha de férias e não pagou ninguém. Teve muita gente que não recebeu. Tem gente aí que tá três meses sem receber (sic)", contou. 

Reinaldo disse que apenas o pagamento do salário não é o suficiente. "Se pagar todo mundo vai trabalhar. E vamos querer também um planejamento porque isso aqui tá pior do que zona". Ele também critica a forma como são escolhidos os diretores da empresa: "Todos que vem de lá, só vem na base da mentira. Eles vem lá de São Paulo, ficam uns dias e depois vazam fora e tornam a mandar outro. Por isso que essa fábrica tá desse jeito", analisa. E por fim ele fala como enxerga a realidade dos próprios funcionários: "A situação hoje entre nós é crítica. Teve muita gente que não recebeu. Tem gente aí que tá três meses sem receber. Ele (o diretor Roberto Ramos) tinha que vir com o dinheiro na mão", finalizou.

imageOutro lado
Procurada pelo Site do Marcelo Lopes a Cataguases de Papel se manifestou através de sua advogada, Kássia Silveira. Ela confirmou que a fábrica voltou a funcionar nesta manhã após a reunião. Segundo a advogada, o setor administrativo está funcionando normalmente graças ao gerador que ainda tem óleo suficiente para gerar energia elétrica necessária para o setor. Nas demais áreas, os funcionários estão realizando serviços de manutenção de máquinas e limpeza geral. Kássia ainda informou que na reunião desta manhã foi dito aos trabalhadores que o salário atrasado será pago nos próximos dias, tendo o dinheiro, inclusive, sido levantado junto a bancos e também será apresentado um Plano de Ação para a empresa.
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Tags: Cataguases de Papel, trabalhadores, papel, salário, crise, gerador





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