A Indústria Cataguases de Papel está paralisada desde o último dia 7 de outubro quando os trabalhadores decidiram parar a produção após receberem apenas quarenta por cento de seus salários. Poucos dias depois, no sábado, 10, a empresa teve o fornecimento de energia elétrica interrompido pela Energisa por falta de pagamento, situação que se mantém até esta quinta-feira, 15, data em que aconteceu uma reunião entre trabalhadores e o novo diretor da empresa em busca de uma solução para o problema. 

A reportagem do Site do Marcelo Lopes vem acompanhando a crise na Cataguases de Papel desde os primeiros momentos. Neste período ouviu reclamações e denúncias de vários funcionários e até pedidos para que a empresa volte a ser administrada por um de seus antigos gestores. Nenhuma publicação foi feita a respeito por tratar-se apenas de um assunto interno da empresa. A partir de sábado, com o corte no fornecimento de energia elétrica, a situação ganhou uma nova dimensão, sinalizando que a saúde financeira da Cataguases de Papel poderia estar comprometida. 

Nesta quinta-feira, logo após a reunião com os empregados, o novo administrador da Cataguases de Papel, Roberto Ramos (foto ao lado), que assumiu o cargo no dia anterior (14), recebeu o jornalista Marcelo Lopes para uma entrevista exclusiva, ao lado da advogada da empresa, Kássia Silveira e de outros três funcionários. Ele confirmou o corte no fornecimento de energia elétrica e o pagamento de apenas 40% dos salários dos trabalhadores justificando que estes problemas "não foram causados por um único fator". Segundo ele a Cataguases de Papel tem "uma conta de energia vencida e outra vencendo no dia 21", revelou.

De acordo com Roberto "a greve dos bancos foi, de fato, fundamental para que não operasse nossos títulos no mercado financeiro; que os nossos clientes também não operassem no mercado financeiro e nos honrassem com os pagamentos e também eu fizesse novas operações financeiras. Então isso culminou num colapso. Esses dez dias de greve mais o feriado que tivemos no meio do caminho foi um dos fatores que veio a trazer este problema pontual com a energia. E queira ou não, o pagamento dos funcionários foi atrasado, salvo engano, uma semana, e o restante vai ser pago na quarta-feira, dia 21, pontualmente", garantiu.

O novo gestor da Cataguases de Papel disse ainda que a próxima semana será "de levantamento de dados para que eu possa fazer diagnósticos da empresa, um plano de negócios da empresa, aprovar este plano no Conselho Administrativo da empresa e transformar a gestão da Cataguases muito mais participativa. Eles (funcionários) vão mensalmente saber o que está ocorrendo com a empresa; quero que a sociedade esteja dentro da empresa", contou, elencando outras ideias que pretende implantar. 

Otimista, Roberto afirma que a empresa "vai sair dessa situação pontual. Ela é rentável, basta colocar gasolina no carro e rodar", compara. Ele diz que fará redução de custos mas não acredita em demissão, apesar de não descartar a possibilidade. Por fim informa que a empresa tem capacidade de produção de 120 toneladas por dia de papelão para embalagem totalmente reciclado e quer chegar a produzir 300 toneladas/dia.

Na reunião com os trabalhadores, Roberto Ramos falou sobre o fornecimento da energia elétrica, revelando que iria reunir-se com representantes da Energisa nesta tarde para tratar do assunto, e que esperava poder contar com a eletricidade ainda hoje (quinta-feira). O encontro aconteceu por volta das 15 horas com o diretor jurídico daquela empresa, advogado Eugênio Kneip Ramos. O desejo de Roberto, no entanto, foi adiado. Em conversa por telefone com a reportagem do Site, Eugênio Kneip confirmou a retomada das negociações com a Cataguases de Papel informando também que nova reunião foi marcada para esta sexta-feira, salientando que ainda não há nada definido sobre o restabelecimento de energia na empresa.