O "apóstolo" Clayton caminha para a delegacia acusado de matar o taxista de Miraí
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Algemado, com a cabeça raspada e vestindo o uniforme da Subsecretaria de Administração Prisional SUAPI, e com o rosto coberto por uma toalha branca, Clayton de Oliveira, 39 anos, suspeito de ser o mentor e executor da morte do taxista de Mirai, José Ari Moreira da Silva, 62 anos, de Miraí, morto em Muriaé, foi apresentado à imprensa no final da tarde desta quarta- feira, 29 de abril, na delegacia de Polícia Civil, no bairro Safira, em Muriaé. Participaram da coletiva o delegado Regional de Polícia Civil de Muriaé Luiz Carlos dos Santos, Eduardo Freitas da Silva, responsável pelo inquérito e Thiago Soares Marty, titular da delegacia em Miraí.
O suspeito, que se intitula apóstolo evangélico, foi preso pela Polícia Civil, na terça-feira, 28, na rodoviária de Caratinga (MG), em um ônibus que veio da Bahia. O suposto apóstolo esteve em Porto Seguro (BA) para onde foi logo após o crime para fazer uma palestra em uma clínica de recuperação de dependentes químicos. Clayton manteve durante quatro ou cinco anos uma igreja em Miraí e, além dele, outros dois menores são suspeitos de terem participado do homicídio do taxista.
O delegado Eduardo Freitas, responsável direto pelo caso, confirmou que o acusado confessou, durante depoimento em Caratinga, ter planejado e participado apenas de roubo contra José Ari e que ele teria sido morto pelos dois adolescentes de Muriaé, que também estariam envolvidos no caso. Os menores também prestaram depoimento e apresentaram versões diferentes deste episódio. O delegado informa, porém, que "o único menor que assumiu estar presente no local onde o taxista foi morto, alega que o assassinato foi praticado pelo suspeito preso ontem. Diante dessa e de outras contradições, vamos fazer uma acareação para confrontar essas informações", completou Eduardo Freitas.
Os delegados descartaram a hipótese do homicídio ter sido praticado por engano."O trio saiu de Muriaé e foi a Miraí com o crime planejado e a vítima muito bem definida", destacaram. "O que eles estavam buscando, inicialmente, era roubar o táxi e o dinheiro da vítima, mas como José Ari conhecia Clayton, que já residiu em Miraí, ele decidiu pela morte do motorista porque teria ficado com medo de ter sido reconhecido por ele o que o levaria a denunciá-lo à Polícia", acrescentou o delegado Thiago Marty, de Miraí.
O delegado regional de Muriaé, Luis Carlos dos Santos, informou também que a prisão de Clayton é "provisória, inicialmente por trinta dias, podendo ser prorrogada por igual período", acrescentando que o inquérito está em fase final e que deverá estar concluído "muito antes do prazo inicial visto que restam apenas alguns procedimentos para esclarecer alguns pontos e acabar com algumas contradições", destacou. Luis Carlos também agradeceu o esforço dos agentes das cidades envolvidas e reiterou o compromisso da Polícia Civil com a sociedade: "Todos podem estar certos que a Polícia Civil vai sempre fazer tudo o que for possível para oferecer o seu melhor à população de Muriaé, região e ao estado de Minas Gerais".
Relembre o caso
De acordo com o que a Polícia Civil apurou até o momento, na noite do dia 14 de abril, José Ari foi contratado por três pessoas para uma corrida até Muriaé. Antes de sair ele telefonou para a esposa avisando sobre a viagem. Foi a última vez que ele fez contato com alguém da família.
Na manhã de quartafeira, 15, após denúncias anônimas feitas através do telefone 190 da Polícia Militar, policiais militares de Muriaé encontraram o táxi de José Ari, um Fiat Siena prata, trancado em uma área de despejo de desaterros, próximo a um curral, no bairro Alto do Castelo, naquela cidade. A perícia técnica foi acionada e, como as chaves do veículo não foram encontradas, um dos vidros foi quebrado para que os peritos pudessem realizar o trabalho. Dentro do carro e no porta malas foram encontrados vestígios de sangue. Próximo dali, recolheram uma toalha com objetos e documentos da vítima, além de um cordão e duas pulseiras douradas que, conforme informaram familiares de José Ari, não lhe pertenciam.
Durante aquela semana, a família de José Ari chegou a oferecer uma recompensa para quem repassasse informações concretas que levassem ao seu paradeiro. Na manhã do dia 18 (sábado), o corpo do taxista, finalmente, foi encontrado enterrado a cerca de 50 metros de distância de onde seu táxi havia sido localizado. Segundo policiais civis e familiares do taxista, o corpo foi achado no mesmo ponto onde, no dia anterior, uma retroescavadeira foi utilizada, por inciativa conjunta da família com a polícia, para escavar e revirar a terra, como parte das ações feitas ao longo da semana à procura de José Ari.
Com o trabalho da máquina, uma pequena quantidade de terra ficou sobre o cadáver e na manhã daquele mesmo sábado, parentes do taxista voltaram ao local e após sentirem um mal cheiro muito forte, reviraram a terra com pás e enxada conseguindo assim localizar e desenterrar o corpo que mais tarde foi identificado como sendo José Ari. (Fotos gentilmente cedidas por Silvan Alves e Rádio Muriaé)
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