Em 27/02/2015 às 16h00 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Saúde em Cataguases é tema de reunião com representantes de diversos setores da sociedade

O juiz Edson Geraldo Ladeira propôs alternativas para ajudar o Hospital de Cataguases

O juiz Edson Geraldo Ladeira propôs alternativas para ajudar o Hospital de Cataguases

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O Juiz da Segunda Vara Cível da Comarca de Cataguases, Edson Geraldo Ladeira, e a Defensoria Pública de Minas Gerais em Cataguases, através de sua coordenadora regional, Eliana Maria de Oliveira Spíndola, realizaram no Salão do Júri do Fórum, na noite desta quinta-feira, 26 de fevereiro, uma reunião com diversos setores da sociedade civil para tratar da saúde oferecida aos cataguasenses e população vizinha, com foco no serviço prestado pelo Hospital de Cataguases. Ao final foi criado um grupo misto, com representantes de diversos setores da sociedade para estudar mais detalhadamente a situação e propor soluções.

imageCom o objetivo de discutir os principais problemas enfrentados pelo setor de saúde e buscar soluções alternativas para a melhoria da qualidade desses serviços no município, conforme revelou o juiz Edson Ladeira, a reunião contou também com a promotora de justiça Shermila Peres Dhingra, o provedor do Hospital de Cataguases, Wilson Crepaldi Júnior (Bil), o Secretário Municipal de Saúde, Geraldo Antonucci, o presidente da OAB em Cataguases, Márcio Fachini Garcia, Padre Edson Campos, que administra uma comunidade terapêutica, além dos vereadores José Augusto Titoneli, Walmir Linhares, Fernando Pacheco, Geraldo Majella Mazini, Vinicius Machado, Fernando Amaral, Maurício Rufino e Aquiles Branco. Também participaram representantes de diversos segmentos como Rotary e Lions Clube, Conselho Municipal de Saúde e os médicos Joseph Freire, Teresa Titoneli e Maria Ângela Girardi.

A criação do serviço de Urgência e Emergência e o SAMU, a implantação do Pronto-Socorro nas dependências do Hospital de Cataguases com atendimento em sistema de "porta única" onde os pacientes são atendidos todos obedecendo o estabelecido pelo Protocolo de Manchester, em uma fila de espera que prioriza os casos mais graves, falta de medicamento na farmácia do SUS, ausência de médicos nos PSF's do município e as dificuldades financeiras enfrentadas pelo hospital de Cataguases que teriam sido agravadas a partir do momento em que assumiu o serviço de Pronto-Socorro, foram os principais temas abordados. 

image"Nós conhecemos os problemas e precisamos buscar soluções para que tenhamos uma saúde com qualidade em nosso município", destacou a defensora Pública Eliana Spíndola, justificando a realização daquele encontro. Em seguida, o provedor do Hospital fez uma descrição detalhada da situação daquela entidade que assumiu no dia 5 de janeiro último. Ressaltando que os recursos são pequenos para as despesas, Bil (foto ao lado) afirmou, entre outras frases impactantes que, se a proposta de voltar com o Pronto-Socorro para o Hospital de Cataguases fosse apresentada à ele hoje, "não assinaria aquele documento". E justificou dizendo que desde aquele dia o hospital "vem perdendo receita porque o paciente que tem um plano de saúde e se vê obrigado a enfrentar uma fila ou esperar um longo tempo por atendimento prefere ser atendido pelo SUS".

A promotora Shermila Peres Dhingra defendeu a implantação da Rede de Urgência e Emergência no Estado e o atendimento por ele estabelecido chamado "porta única". Segundo ela o Ministério Público vem atuando nos municípios visando "o cumprimento da lei", acrescentando que se há algo neste processo que não esteja agradando ou atendendo às necessidades dos envolvidos é preciso procurar o Poder Legislativo para que "faça as mudanças necessárias nas leis". Segundo aquela promotora, o que o Ministério Público está fazendo é dar aos usuários dos SUS os mesmos direitos daqueles que podem pagar por um plano de saúde ou por um atendimento particular, "afinal são cidadãos como qualquer um e, por isso, têm os mesmos direitos", frisou. 

imageOs médicos Joseph Freire, Tereza Cristina Titoneli e Maria Ângela Girardi fizeram pronunciamentos mostrando a realidade vivida pela classe no município. Maria Ângela frisou a importância de se contratar médicos com currículos bons para trabalhar nos PSF's e no Hospital mediante uma remuneração adequada propondo até a criação de um Plano de Cargos e Carreiras. Para Tereza Titoneli, a baixa remuneração é um dos principais problemas enfrentados pela categoria. Conforme ela lembrou, o SUS paga valores irrisórios para o médico atender e acompanhar um caso de cirrose hepática, "apesar de todos os riscos que esta doença pode trazer para o paciente", frisou. Na mesma linha de raciocínio o médico Joseph Freire abordou a questão da remuneração e também tratou da situação dos PSF's que, segundo ele, servem basicamente para "trocar a receita do paciente". Ainda segundo aquele médico, o Pronto-Socorro do Hospital é muito frequentado "porque há uma cultura na cidade de que lá você é atendido e sai com o resultado do exame na hora, o que não acontece quando se vai no Posto de Saúde ou na Policlínica", sobrecarregando o hospital cujo Pronto-Socorro deveria atender apenas urgência e emergência, analisou.

imageO Secretário Municipal de Saúde de Cataguases, Geraldo Antonucci, fez um breve relato da situação da saúde no município. Segundo informou, o governo do estado atrasou a remessa de medicamentos para a cidade e no final do ano passado mandou apenas parte da cota destinada a Cataguases. Para espanto da plateia ele informou que são consumidos 80 mil comprimidos de rivotril por mês e que comprou 200 mil drágeas de omeprazol para suprir a demanda "até a normalização da remessa do estado", disse. Ele também revelou que o prédio onde funcionou o Pronto-Socorro será montado o setor de Oncologia com os serviços de Quimio e Radioterapia por meio do Hospital Nove de Julho, de Juiz de Fora. No encerramento da reunião o vereador Geraldo Majella Mazini propôs a formação de um grupo de trabalho para aprofundar o debate sobre a situação da saúde no município e propor soluções. 

O juiz Edson Ladeira acatou a sugestão e após escolher um representante de cada setor da sociedade civil presente no encontro, manifestou-se propondo o sorteio de uma rifa com recursos sendo revertidos para o hospital de Cataguases e doações mensais em dinheiro através de carnês, também foram citados por aquele magistrado. A primeira reunião com o grupo recém-formado será realizada na próxima quinta-feira, na sede da OAB em Cataguases.



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Tags: reunião, saúde, justiça, defensoria, hospital





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