Vereadores reunidos durante interrupção da sessão para apreciação da emenda de José Augusto (de costas, com camisa vermelha)
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Após quase três horas de reunião extraordinária, os vereadores encerraram a sessão sem votar o projeto de lei de autoria da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Cataguases que cria um novo cargo e aumenta salários de outros na Lei do Plano de Cargos e Salários dos Servidores da Câmara Municipal de Cataguases. O projeto de lei recebeu parecer favorável das Comissões e foi declarado legal pelo Procurador Geral do Legislativo, Ricardo Spínola.
O longo debate que tomou conta de toda a sessão, terminou com um discurso inflamado, com alguns gritos, do vice-presidente daquela Casa, Walmir Linhares, em que fez duras críticas ao projeto. Apesar de fazer parte da direção da Câmara, Walmir foi o único integrante da Mesa a não assinar o texto. Ele classificou aquela iniciativa como "vergonhosa" e, adotando uma postura de confronto com seu grupo político, pediu para que o projeto fosse rejeitado anunciando que seu voto seria neste sentido.
Antes porém, o vereador José Augusto Titoneli, um dos últimos a se pronunciar, fez uma proposta de emenda ao projeto. A sessão então, foi interrompida para que ele pudesse apresentá-la e ao ser reiniciada o presidente, Antônio Batista Pereira, o Beleza, informou que ela será inserida no projeto que, por isso, retornará às Comissões. Em seguida encerrou a sessão. Ao Site do Marcelo Lopes ele considerou o debate positivo e acrescentou que não há data definida para nova votação. "Talvez a gente só retome esta votação no dia 3 de fevereiro, em nossa sessão ordinária", revelou.
Em entrevista ao Site, José Augusto Titoneli, explicou sua emenda. "Nossa sugestão é feita no sentido de reduzir o impacto financeiro do projeto em questão e para fazer justiça com a base dos servidores da Câmara. Então eu propuz que o aumento dos assessores de nível 1 recebam um reajuste de duzentos reais ao invés dos cem reais previstos inicialmente e, em contrapartida, distribuir melhor os valores, reduzindo um pouco o que está sendo destinado para o cargo de Assessor Parlamentar II e de Contabilidade. Mas isto é um pensamento que será melhor analisado amanhã em reunião com a Mesa Diretora", acrescentou.
O discurso de Walmir Linhares repercutiu entre seus pares. O presidente da Casa, Antônio Beleza, disse ao Site que "a gente fica surpreso com várias coisas que acontecem com o vereador e até com pessoas de alguns programas de rádio que falam sobre o que não conhecem. Amanhã, vamos conversar com o Walmir, tenho certeza que ele pode fechar com a gente de acordo com esta emenda, mas a consciência é dele. Ele é independente, mesmo sendo da Mesa", disse.
O vereador Serafim disse ter visto a atitude de Walmir "com muita naturalidade. Acredito que a Mesa Diretora saiu fortalecida com este debate.E fico feliz com a aceitação da minha proposta de aumentar o salário dos servidores da base da Câmara. Voltando ao Walmir, tem um ditado que diz o seguinte: cada cabeça uma sentença, então eu acredito que ele tá seguindo o caminho dele, a carreira solo e nesta carreira solo eu acredito que ele vai ser bem sucedido", finalizou.
Para Geraldo Majella Mazini (foto abaixo), vereador que é contrário ao projeto em discussão porque aumenta as depesas da Câmara, analisou a proposta de emenda de seu colega José Augusto. "A forma como foi apresentada esta emenda está ainda muito recente. E vou ser sincero pra você; não consegui dominar qual a intenção dele. Eu, a princípio, sou contra a qualquer aumento que não seja trabalhado mesmo, onde a gente busque trazer uma coisa igualitária para os servidores. Eu tenho uma preocupação de ficar criando muito cargo e multiplicando valores. Eu quero um governo mais barato", frisou.
Ainda durante a sessão, os pronunciamentos do vereador Aquiles Branco e de Joãozinho de Vista Alegre, mostraram que haviam arestas a serem aparadas antes de ser aprovado o texto. Aquiles foi o primeiro a "colocar o dedo na ferida". Ele reclamou em alto e bom som que não foi ouvido pelo grupo do qual faz parte e que, conforme lembrou "ajudei a eleger para a direção desta casa, não me procurou para ouvir minha opinião a respeito deste projeto. Sou Administrador de Empresas e sei que poderia dar minha contribuição neste sentido, mas ninguém me disse nada. Então eu voto contra", resumiu manifestando revolta.
Joãozinho de Vista Alegre mostrou-se preocupado com os compromissos anteriormente assumidos pela Câmara, como o de ajudar a prefeitura a pagar o Cine Edgard. "Quero saber se a criação destes cargos e o aumento de salários não vai impedir que a Câmara ajude a comprar o cinema", perguntou. Depois comparou dois projetos com quase o mesmo teor, sendo que o primeiro não foi votado porque era período eleitoral. O vereador perguntou quantas pessoas seriam beneficiadas no primeiro, bem como o seu impacto financeiro nas contas do Legislativo e a mesma questão para o projeto em pauta. Se as respostas que recebeu mudaram seu pensamento, ele só vai dizer na próxima sessão, às vésperas do Carnaval.
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