O Secretário Municipal de Saúde de Cataguases convocou a imprensa local para uma entrevista coletiva que começou pouco depois das 9 horas da manhã na sede da Secretaria de Saúde. Geraldo Antonucci fez esclarecimentos sobre a situação dos médicos que atendem nos PSF’s do município a partir da decisão do Ministério Público Estadual de exigir que todos cumpram a carga horária de quarenta horas semanais. O Secretário de Saúde também falou sobre as denúncias feitas contra ele na Câmara Municipal por duas ex-funcionárias, repasse de verbas para o hospital de Cataguases e sobre a construção da UPA. Veja, abaixo os principais trechos da entrevista concedida por Geraldo Antonucci.

Ministério Público x médicos – O Secretário revelou o conteúdo da Recomendação número 048/2014, de 2 de setembro de 2014 em que o Ministério Público pede que "o Município de Cataguases implemente, no prazo máximo de 6 meses, meios efetivos para verificação de frequência dos servidores públicos atuantes no Sistema Único de Saúde local, como por exemplo, sistema biométrico de aferição de frequência" e a adoção, "no prazo máximo de três meses, as medidas administrativas necessárias à regularização do cumprimento das jornadas de trabalho por parte de profissionais médicos integrantes da Estratégia de Saúde da Família, de forma que os aludidos servidores públicos atendam na íntegra às cargas horárias laborais legalmente previstas".

Antonucci revelou que após tomar conhecimento das determinações do Ministério Público fez diversas reuniões internas buscando formas de adequar-se às normas solicitadas e na manhã dessa quarta-feira, 8, outra, com todos os dezenove médicos que atendem nos PSF’s. Segundo revelou, "a tendência inicial de todos aqueles profissionais demitirem-se do município, foi afastada, pelo menos por enquanto, porque encontramos alternativas que poderão sanar o problema", explicou. Inclusive, acrescentou, com uma readequação dos salários.

Segundo o Secretário, a legislação prevê a possibilidade de os médicos trabalharem vinte horas semanais. "Estamos estudando a possibilidade de colocar um médico de manhã e outro à tarde em cada PSF cumprindo, cada um, vinte horas semanais e atendendo a população conforme o Ministério Público quer", acrescentou Geraldo. Ele completou dizendo que na próxima quinta-feira, 16 de outubro, nova reunião com os médicos será realizada quando deverá ser formalizada uma decisão sobre o assunto e levada ao Ministério Público para aprovação. Ele negou que médicos tenham pedido demissão informando que quatro dele estão de férias.

Denúncias de ex-funcionárias – "Entreguei ontem ao Ministério Público um calhamaço de documentos e provas sobre todas as denúncias. Estou tranquilo quanto à isso. Pode ter erro, pode? Mas fiz tudo com a mais absoluta transparência e dentro da lei. Vou citar o exemplo do meu filho, como elas (as denunciantes) já citaram. Ele tem um câncer ósseo, no fêmur, que precisou cortar vinte centímetros e colocar uma prótese. Ele fez todo o procedimento como qualquer outra pessoa e foi atendido pelo SUS. Não houve em momento algum, qualquer privilégio ou regalia. Inclusive, viajou nos carros da Secretaria de Saúde e quando teve de ir no carro sozinho foi porque ele não podia dobrar a perna. Sobre a questão da fisioterapia a que tinha de fazer duas vezes por semana, conseguimos treinar no INCA (Instituto Nacional do Câncer) um fisioterapeuta daqui de Cataguases exatamente para evitar este deslocamento até o Rio de Janeiro duas vezes por semana. Portanto, está tudo muito claro e em breve vamos disponibilizar todas estas informações para vocês da imprensa". Por fim, Geraldo negou que sua secretaria beneficie o presidente da Câmara, Vereador Fernando Pacheco.

Repasse de recursos para o Hospital – De acordo com o provedor do Hospital de Cataguases, José Eduardo Machado, a Secretaria Municipal de Saúde não estaria repassando recursos referentes a procedimentos previamente contratados. Geraldo confirmou esse atraso e acrescentou: "São seiscentos mil reais de pagamentos dos procedimentos que a gente faz no hospital. Temos alguns procedimentos em atraso de meses passados e alguns desse mês. Mas hoje, até amanhã, já chega o valor e nós vamos limpar grande parte. Todo mês a gente faz isso e todo mês fica um para trás. Hoje seria em torno de duzentos mil reais essa parte que fica para ser acertada depois. O motivo é que nós recebíamos, até março deste ano, do chamado "fundo a fundo", uma quantia de aproximadamente oitocentos e oitenta mil reais por mês destinado ao pagamento destes procedimentos. Só que a partir de março, alguém no passado, não sei quem, fez um trabalho que mudou essa regra e a partir daí, nos tiraram cento e sete mil reais por mês. Com isso nós ficamos defasados pra acontecer essas coisas que não estavam acontecendo, entendeu? O dinheiro vem do governo federal, quando recebemos, transferimos imediatamente. Esse mês, parece que teremos um incremento e deveremos zerar isso".

Construção da UPA -  "Pagou a primeira parcela e estamos aguardando agora a Portaria para reiniciar a obra. Deve chegar agora entre novembro e dezembro. Mas já está tudo autorizado direitinho. Nós temos um comunicado que Cataguases tá ok, então é só mesmo aguardar a Portaria. Com o fechamento do Pronto Cordis correu tudo pra cá (Hospital de Cataguases) e às vezes isso tumultua um pouco. Se a gente puxar um pouco desse serviço para lá (UPA), vai desafogar a urgência e emergência de lá. Vamos dividir os atendimentos, podemos até fazer um pronto atendimento infantil, por exemplo.  A idéia é manter os dois e crescer o atendimento em saúde no município.