O Pronto Socorro do Hospital é o segundo em volume de atendimento na região
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Desde que assumiu o Pronto Socorro o Hospital de Cataguases vem sofrendo com a falta de profissionais médicos plantonistas. Agora, por exemplo, está buscando pediatras e anestesistas para contratar. Mas há carência também em outras especialidades, porém, conforme revelou o médico e diretor clínico daquele hospital, Ricardo Caetano de Souza, "do jeito que está ainda dá para a gente ir contornando com o corpo clínico do hospital". Desde que a Rede de Urgência e Emergência foi criada na região, Cataguases é a segunda cidade em maior número de atendimentos, perdendo apenas para Juiz de Fora, informou aquele médico.
Ricardo revela uma outra situação que vem se tornando rotina. "A gente tem visto aqui uma rotatitividade muito grande entre os médicos plantonistas que vêm de fora. Devido ao fato de serem de fora mesmo. E tem também o problema financeiro que, às vezes, em outros hospitais, ele é coberto. Então o profissional procura aquilo que é de maior interesse financeiro para ele. Onde paga melhor, ele vai. É a lei de mercado", explicou.
Nas demais especialidades que também não há plantonistas suficientes, o diretor clínico do hospital tem contado com o apoio dos médicos que lá trabalham. "Eles estão dobrando o atendimento para não deixar a população sem amparo. Só que isso, com o tempo, fica inviável, até porque o número de atendimento que a gente tem feito no hospital tem sido maior mês a mês. Hoje, em média, temos de sete mil a 8 mil atendimentos/mês", informou Ricardo.
Ele cita o exemplo de um médico de Muriaé que dava plantão em Cataguases e que acabou de se demitir. Segundo Ricardo, "ele não tinha condição física para atender aquele número de pacientes. Nós temos, realmente, em alguns dias da semana, uma quantidade de pacientes que extrapola o normal", acrescentou. "Muitos desses atendimentos deveriam ser feitos nos PSF's. Eu, quando trabalhei lá dispunha apenas do esteto (estetoscópio, aparelho usado para auscultar o paciente) e do meu conhecimento como médico. É isso que sobrecarrega o Pronto Socorro do Hospital, onde cerca de sessenta por cento dos pacientes que nos procuram não são casos de urgência e emergência e poderiam ser atendidos nos Postos de Saúde", assegura.
A situação, porém, tende a se complicar ainda mais, na visão de Ricardo. Segundo disse "estamos passando por um processo de expectativa, uma vez que ficamos sabendo que há uma manifestação do Ministério Público com relação ao horário de médicos no PSF" (exigindo o cumprimento da carga horária de trabalho). Ele completou dizendo que há informações de médicos pedindo demissão dos PSF's. "Se esta situação se confirmar já estamos antevendo que nossa realidade aqui no hospital vai ficar muito mais prejudicada", disse.
Para completar a realidade da saúde atual de Cataguases, o usuário também não está satisfeito com o serviço que recebe, conforme reconheceu a administradora do Hospital, Maria Inês Dal Bianco. Ela resumiu a situação em poucas palavras: "Nós tivemos que trazer o Pronto Socorro prá cá com a promessa do Estado de em meses fazer a construção do novo Pronto Socorro, o que não aconteceu. Com isso veio a insatisfação do paciente usuário do SUS e, principalmente, da nossa clientela de convênios particulares que tem que se submeter a uma porta de entrada única e passar pelo Protocolo de Manchester, que é uma exigência da Rede de Urgência e Emergência".
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