Ivan Botelho falou sobre a nova realidade do Grupo Energisa
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Em meados de abril deste ano a Energisa concluiu o processo de transferência do controle acionário do Grupo Rede após vencer uma disputa por sua aquisição que teve início em julho de 2013. Com isso, tornou-se o sexto maior grupo de distribuição de energia do país com seu faturamento saltando de R$2,9 bilhões para R$8,4 bilhões. O número de concessionárias sob sua gestão também cresceu de cinco para treze e o volume de clientes ultrapassou a marca dos seis milhões (mais de 15 milhões de consumidores). A Energisa repetiu assim a estratégia utilizada entre 1996 e 2000 quando multiplicou seu tamanho por sete ao adquirir as antigas estatais de Sergipe, Paraíba e a de Nova Friburgo.
À frente deste grupo está o empresário Ivan Müller Botelho, presidente do Conselho de Administração da Energisa, cuja sede fica em Cataguases. O empresário esteve na cidade nesta sexta-feira, 5 de setembro, para participar da solenidade na Câmara Municipal quando recebeu o título de Cidadão Benemérito. Pouco antes do início da cerimônia ele falou com exclusividade ao Site do Marcelo Lopes que convidou o jornalista Jorge Fábio do Nascimento para participar da entrevista. Veja, abaixo, os principais trechos da conversa.
Aquisição do Grupo Rede "Está tudo indo muito bem, dentro do que havia sido planejado. Nós estivemos em campo antes de fazer a compra, com mais de cem pessoas espalhadas pelo Brasil afora e tá dando certo. Semana passada passei uma semana em São Paulo olhando as empresas lá. Achei ótimo. Tudo muito bom. É um estado maravilhoso, um progresso enorme. Já estive em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Paraná, então tá tudo indo bem.
Empreendedorismo
"Isto vem de família, vem do meu pai (Ormeo Junqueira Botelho). Meu pai era uma pessoa muito aberta e muito avançada para a época dele. Eu herdei do meu pai. Quando ele assumiu a empresa ele implantou o sistema dele e o único filho a trabalhar com ele fui eu. Hoje tenho dois filhos que são excelentes profissionais e que comandaram o processo de aquisição do grupo Rede. O Ricardo (Botelho) é o responsável pela parte toda de operação e o Maurício (Botelho) está na parte financeira. Mas a empresa tem um time enorme de ótimo profissionais.
Mudança da sede da empresa para outra cidade
"Não. Não. Não e não!". Pronto. (rs) É melhor eu dizer logo não do que ficar aqui tentando explicar meia hora que não há esta possibilidade. Com a aquisição do Grupo Rede aumentou bem o número de empregos. A Energisa Soluções que é uma subsidiária, vem crescendo muito, né? E a Energisa Holding, o grupo, tem crescido muito também. A nossa base de compras é aqui, a nossa base toda em alta tecnologia de computação é aqui. Quer dizer, hoje nós fazemos todas as nossas compras aqui e nós pagamos - esse número é um número estratosférico que outro dia eu estava vendo - são trinta mil faturas por mês, cerca de mil e quinhentas faturas por dia, que é feito aqui. Toda a Tesouraria está concentrada aqui e assim vai continuar."
Crise de energia "O perigoso é faltar energia. Eu não quero ser terrorista, mas vou dar a vocês uns números: O reservatório do Centro-Sul, que nesta mesma época estava com cinquenta por cento de água, ele hoje está com vinte e oito. O reservatório do Nordeste, que são aí o Sobradinho e Três Marias, ano passado estava em quarenta e cinco, agora estamos chegando a vinte e cinco. O Norte tá cheio, mas também não tem reservatório, é fio d'água e também o sul, mas nós estamos rodando com as térmicas, né? A energia éolica é ainda muito pequena, incipiente. A gente tem uma eólica no Rio Grande do Norte, onde nós temos 150 megawatts, mas o Brasil pretende chegar daqui a uns cinco anos ou mais; dez anos é o previsto, com dez por cento da matriz em eólico. Agora, o eólico é vento. Às vezes venta, às vezes não. O vento não é o dia inteiro. Tem áreas que venta mais à noite, outras mais de manhã, e temos "El Niño" que afeta tudo, água e vento. Então não é dizer assim o eólico é a salvação. Não é a salvação".
Cenário Político eleitoral
Eu tenho a impressão, pelo que eu vejo como cidadão, é que existe uma vontade no Brasil enorme de mudança. E as mudanças estão acontecendo. Esta, por exemplo, que está acontecendo aí foi trágica (morte de Eduardo Campos). Eu acho que isso aí ninguém escapa não.
Realidade EconômicaEu estive agora percorrendo o interior de São Paulo, como já falei. Área do Paranapanema, do Tietê e outras duas áreas. E fui há uma cidade chamada Catanduva que produz oitenta por cento dos ventiladores do Brasil, coisa que eu não sabia. Eu fui a uma fábrica, a maior de lá (não vou dizer o nome) e o presidente da empresa me falou. "Pro senhor ver, como pode ser empresário num país desse? Eu não consigo mais chegar e produzir... Eu tô importando ventilador da China. Tá vendo esse ventilador aí atrás? Esse aí é chinês, mas vem com o meu nome, a caixa já vem escrito de fábrica o meu nome. Fora tem uma outra caixa, então eu tiro a caixa de fora, fico com a de dentro e vendo mais barato do que se fosse produzir porque eu não tenho eficiência".
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