A conservadora-restauradora Eliana Mello está em Cataguases para realizar parte de sua pesquisa de mestrado intitulada "o Inventário da Azulejaria Contemporânea Brasileira". Ela considera quatro painéis modernistas existentes na cidade, registrando a situação em que eles se encontram, com o objetivo de formular fichas de inventário que servirão de orientação nos próximos movimentos de preservação, seja de restauro ou conservação dessas obras de arte.

 

"Nessa pesquisa eu tenho como referência um livro de Frederico Moraes, no qual ele fez uma busca na história da azulejaria contemporânea brasileira. Então ele começou desde os azulejos do início do século vinte em São Paulo e foi seguindo um roteiro, passando pelo Modernismo, pelos movimentos artísticos no nordeste, no sul e em outras regiões Brasil afora", destacou a mestranda do programa de Arte da Universidade Federal de Minas Gerais, em entrevista à reportagem do Site do Marcelo Lopes. 

Os azulejos abordados por Frederico são os mesmos observados por Eliana e, em Cataguases, estão presentes na Praça José Inácio Peixoto (painel "As Fiandeiras", de Portinari), na residência da Nanzita (painel "Feira Nordestina", de Anísio Medeiros), no Educandário Dom Silvério (painel "Os Pássaros", de Anísio Medeiros) e no Santuário de Santa Rita de Cássia (painel "Santa Rita de Cássia", de Djanira). 

"Diferente de Frederico, eu observo esses azulejos com um olhar de conservadora-restauradora e, nesse sentido, busco o estado atual de conservação desses painéis espalhados por doze cidades brasileiras, levando em consideração, inclusive, se eles ainda existem, se estão preservados e se possuem proteção", revelou Eliana, completando que sua pesquisa será finalizada até julho de 2015. 

Além de fotografar e registrar os painéis de azulejos em Cataguases, a mestranda também faz levantamento histórico das obras de arte abordadas na pesquisa e, a partir das observações até agora realizadas, Eliana constatou que, por alto, os painéis "Feira Nordestina", "Os Pássaros" e "As Fiandeiras" estão em estado muito bom, mas, segundo ela, "existem informações sobre o painel da Djanira que a gente não encontra em lugar nenhum, como, por exemplo, quem fez o restauro desse painel? Porque ele tem a data de 1980 em um azulejo, sendo que é um painel anterior a 1968? Quem colocou essa placa de 1980 nele? Quando?", exclamou a conservadora-restauradora, concluindo que a ideia principal de sua pesquisa é preservar o patrimônio. (Fotos: Paulo Victor Rocha e acervo pessoal de Eliana Mello)

Abaixo o Painel Feira Nordestina, de Anísio Medeiros, que está localizado na casa que pertenceu à artista plástica Nanzita e hoje é da Igreja Católica, sob a administração da Diocese de Leopoldina.