Em 15/03/2014 às 14h10 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Na noite dessa sexta-feira, 14, a Fundação Simão José Silva e a Casa de Cultura Simão trouxeram novamente a Cataguases o Dudu Lima Trio, mas, desta vez, o baixista veio junto com outro músico ilustre, João Bosco. Decano da MPB, João sempre foi cultuado por fazer uma música diferente, com raízes no samba, mas temperada com pitadas de jazz e amparada pelo seu violão sincopado e por seus scats vocais bem característicos. Sua sonoridade ímpar tem sido referenciada por músicos nacionais e internacionais e, por isso, sua apresentação em Cataguases gerou grande expectativa.
O show, intitulado João Bosco e Dudu Lima Trio, fez parte do calendário de eventos preparados em comemoração aos 30 anos da Fundação e, abrindo a noite antológica, no palco do Centro Cultural Humberto Mauro, João, com seu violão iconoclasta, começou apresentando "Jade", canção de clima intimista e aconchegante. O cantor, bem humorado, conversou com a plateia sempre muito a vontade e, depois de mais um par de canções, anunciou a entrada do Trio integrado por Ricardo Itaborahy no piano e Alexandre Scio na bateria, além de Dudu Lima no baixo.
Ao soltarem os primeiros acordes de "Incompatibilidade de Gênios", todos os presentes, mais uma vez, confirmaram que seria um show inesquecível e singular, com um entrosamento quase telepático entre banda e cantor. Após tocar a primeira música junto com os outros artistas, João Bosco deixou o palco e Dudu Lima Trio fez sua apresentação, que contou com uma versão jazzística para o tema "Fé Cega, Faca Amolada", de Milton Nascimento. Também foi tocada a chamada "Suíte Brasil", com vários clássicos do cancioneiro popular, sempre com grande competência e entrosamento, característicos dos maiores trios mundiais de jazz.
Em seguida, João retornou ao palco e contou um pouco do início de sua carreira e da parceria com Vinicius de Moraes, ilustrando o momento com a canção "Medo de Amar", de autoria do "poetinha". A apresentação seguiu com João Bosco tocando seus maiores sucessos, como "Bala com Bala", "Ronco da Cuíca" e tantas outras músicas que fizeram ou fazem parte da história de diversos apreciadores da MPB. A surpresa da noite ficou por conta de "Trem Azul", tema de Lô Borges que nem sempre esteve ligado ao cantor.
No bis, ainda deu tempo para João Bosco apresentar uma composição nova e tocar a consagrada "Clube da Esquina nº2", de Milton Nascimento. O final não poderia ser outro senão com "Papel Marchê", seu maior sucesso. Com o encerramento do show, a sensação que tomou conta do público foi a de ter presenciado uma apresentação antológica, um marco na história cultural de Cataguases. (Foto: Márcio Chagas)
Autor: Márcio Chagas