Anjo Gabriel encanta pela sonoridade e qualidade de suas músicas
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O grupo pernambucano Anjo Gabriel trouxe seu rock psicodélico a Cataguases ontem, 19 de outubro, e realizou um show inesquecível. Após uma pequena introdução o grupo mostrou pouca conversa e muita música boa. "Peace Karma" abriu o show, seguido de "Sunshine Inter Our Space", ambas do primeiro trabalho da banda, chamado "O culto Secreto de anjo Gabriel". A platéia toda ficou estarrecida com a sonoridade diferenciada e setentista do grupo. Cris Ras com sua guitarra Gibson de dois braços emulava a figura de Jimmy Page (Led Zeppelin), mas o músico tirava de seu instrumento desde sons mais pesados até sutilezas psicodélicas que deixariam David Allen (Gong) ogulhoso; Marcos da Lata era só empolgação com seu baixo Fretless (Sem trastes), abusando dos efeitos e utilizando inclusive, um arco de violino em algumas ocasiões; André Sete além de pilotar os teclados com extremo bom gosto e sutileza, ainda utilizava instrumentos exóticos para uma banda de rock, como a flauta transversal e o Theremin, enriquecendo ainda mais a sonoridade do grupo. Tudo amparado pela bateria neurastênica de CH Malves. A canção "Mantra III" mostrou as influências indianas do grupo e Cris conseguiu fazer sua guitarra soar como uma cítara.
A banda quase não utilizou vocais e nem foi preciso, a sonoridade instrumental do Anjo cativou a todos desde os primeiros acordes e perdurou por toda a apresentação, que se encerrou com "O Poder do Pássaro Flamejante", do já citado primeiro trabalho. Lógico que o público não dexaria o grupo encerrar sem um bis. O quarteto voltou ao palco e mandou uma inédita que segundo o baixista Marco, fará parte do proximo trabalho do grupo.
Mais um grande show realizado em Cataguases sob a produção de Fausto Menta, extremamente competente e antenado com o que de melhor acontece no nosso panorama musical, com apoio da Fundação Ormeo Junqueira Botelho e patrocínio da Energisa, através da Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.
Pouco antes da banda fazer a passagem de som, os músicos do Anjo Gabriel receberam este colunista no camarim que resultou na entrevista abaixo.
Como começou a banda? CRIS – Começou comigo e com o baixista, o Marco. Nos conhecemos na faculdade de história de Pernambuco. Logo depois nos encontramos em uma comunidade e tivemos a idéia de iniciarmos o Anjo. Isso em 2005. Nesse mesmo ano o André se juntou a nós e o baterista CH logo depois.
Vocês estão lançando um novo trabalho chamado "Lucifer Rising", que é a trilha sonora para um cultuado documentário do cineasta Kenneth Anger.
Como tiveram essa ideia?
ANDRÉ – Foi meio que um acidente. Nós fomos convidados para tocar em um festival de cinema, na mostra Play The Movie, em Recife. A idéia seria tocarmos em cima de um filme à nossa escolha. Mas nós entendemos que precisaríamos fazer uma trilha sonora para o filme escolhido e assim fizemos, foi um mal-entendido que deu certo.
CRIS – Escolhemos esse documentário porque queríamos um filme que tivesse a ver com o grupo, que tivesse nosso astral, e o Kenneth é bem musical. No documentário aparece Mick Jagger, a trilha sonora foi composta por Jimmy Page, por isso optamos por ele.
Esse trabalho foi lançado somente em vinil. Porque vocês não lançam tambéem em CD? CRIS – o vinil é algo que realmente buscamos, que faz parte da nosa sonoridade e combina conosco. Tem até gravadoras ineressadas em lançá-lo em CD e vamos fazer isso, mas nosso formato preferido é mesmo o LP.
Vocês tem uma sonoridade bem diferente. Eu diria que não encontramos traços de música brasileira. Vocês fazem um rock genuinamente inglês.
Como vocês conseguem?
ANDRÉ – Olha é com muita dificuldade. Nós tivemos que comprar nosso próprio gravador analógico para que pudéssemos gravar nosso som do nosso jeito. Tivemos dificuldades de achar estúdios e técnicos que nos entendessem.
CRIS – E mesmo pra gente conseguir levar essa sonoridade para os palcos é complicado, pois sempre enfatizamos com os produtores que nos contratam que precisamos de amplicifadores valvulados e outros aparatos para que possamos conseguir esses timbres também ao vivo.
E você, André, sendo o tecladista, não sente dificuldades em reproduzir todos os sons ao vivo, já que é dificil transportar orgãos e pianos na estrada?
ANDRÉ – Sinto sim, nesse último trabalho usei no estúdio um piano elétrico que me faz muita falta ao vivo. O jeito é tentar substituir, ou mesmo excluir algumas partes para que possamos soar o melhor possível.
Essa sonoridade diferenciada tem aitingido o exterior? Vocês pensam em fazer algo fora do Brasil? ANDRÉ – Tudo caminha nessa direção. Nosso último trabalho já foi lançado na Itália, então será uma evolução natural tocarmos fora.
Cris, sendo guitarrista, quais suas maiores influências no instrumento?
CRIS – Tenho muitas influências, desde os guitarristas mais famosos como Tony Iommy (Black Sabbath) até os mais desconhecidos Steve Hillage. Eu tento absorver o máximo que posso de todos eles.
Marcos, você sendo o baixista, como lida com a responsabilidade de segurar as bases durante o show?
MARCOS – É complicado, pois às vezes o som cai no improviso e acabo interagindo mais com todos, levando meu insrumento à frente da sonoridade, o que gera algumas brigas depois. Eles brigam comigo, mas no fim fica tudo bem (Muitos risos).
Quais os planos do Grupo daqui pra frente?
MARCOS – Continuar a divugação de "Lucifer Rising" que acabou de ser lançado, e assim que possível, gravar nosso terceiro trabalho. (Fotos: Marcelo Lopes)
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