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A Microsoft está se preparando para o lançamento do Windows 8.1, uma profunda e importante renovação do ideal expresso pelo Windows 8. O código está pronto (embora a Microsoft se reserve o direito de fazer algumas alterações), e é hora de obtermos a resposta: o Windows 8.1 redime os pecados do Windows 8?
Depois de uma análise profunda, podemos dizer "sim e não". Mais do que uma simples atualização, o Windows 8.1 é um exercício em concessões, para a Microsoft e para nós.
Cedendo à pressão
Para a Microsoft o mantra "nenhuma concessão" guiou o desenvolvimento do Windows 8. PC ou tablet, apps Modernos ou para o Desktop, visuais coloridos ou produtividade bruta, o Windows 8 deveria ser um sistema único capaz de atender a tudo.
Mas algo estranho aconteceu no meio do caminho: a estratégia "tudo mais a pia da cozinha" da Microsoft para o seu repaginado sistema operacional acabou cheia de meio-termos.
Em vez de oferecer uma experiência intergrada, a mistura da Interface Moderna e o tradicional desktop deu ao sistema um comportamento bipolar e desconcertante. Para piorar as coisas, o sistema tinha o péssimo hábito de arrancar o usuário à força de uma interface e, sem cerimônia, arremessá-lo em outra. A Interface Moderna, embora linda, parecia na melhor das hipóteses inacabada, cheia de comportamentos rebuscados e recursos ausentes. E em um esforço para empurrar todo mundo para a "era moderna" a Microsoft eliminou o adorado Botão Iniciar (e o menu associado) e tornou impossível iniciar o sistema diretamente no desktop.
Os usuários mais devotos do PC se sentiram rejeitados, e reclamaram por terem sido relegados à "segunda classe". As vendas de PCs despencaram. Agora, menos de um ano depois, o CEO de longa data da Microsoft, Steve Ballmer, anunciou que irá deixar o cargo.
Meu colega Mark Hachman acertou na mosca nos comentários finais de seu preview do Windows 8.1: "os usuários criticaram duramente o Windows 8 por seus vários pecados, mas a Microsoft não guardou mágoas e decidiu corrigir vários deles no Windows 8.1".
Este esforço para chegar a um acordo é representado pela nova opção para iniciar o sistema diretamente no desktop (Boot to Desktop) no Windows 8.1. Embora seja um recurso tão simples quanto possível, e escondido em um submenu obscuro, sua existência é uma benção para os fãs do desktop que recorriam a processos complexos para evitar a obrigatoriedade da Tela Iniciar. Ela torna o Windows 8.1 muito menos frustrante em aparelhos sem telas sensíveis ao toque, e o mesmo pode ser dito sobre as novas opções para desligar e reiniciar o computador encontradas num menu para "Usuários Avançados", que pode ser aberto teclando Ctrl+X ou clicando com o botão direito do mouse no canto inferior esquerdo do desktop.
Ironicamente, ao mesmo tempo em que estes ajustes fogem do foco na Interface Moderna do Windows 8, eles ajudam o Windows 8.1 a ficar mais próximo do ideal de "nenhum meio-termo", já que deixam um PC se comportar como um PC.
Nem todos os ajustes no desktop do Windows 8.1 são tão bem-vindos. Por exemplo, o Gerenciador de Arquivos não mais mostra as "Bibliotecas" de conteúdo por padrão, embora haja uma opção no menu Exibir para reverter este comportamento. Mais polêmico é o tão falado retorno do Botão Iniciar, mas não do Menu Iniciar e suas listas de programas e atalhos.
Clicar no Botão Iniciar o leva de volta aos Blocos Dinâmicos da Tela Iniciar na Interface Moderna. O salto é confuso a princípio, mas faz sentido se você pensar na Tela Iniciar como uma versão moderna do Menu Iniciar. E o Windows 8.1 permite que você mude o comportamento do Botão Iniciar para abrir a tela Aplicativos, o que resulta em uma experiência muito mais parecida com a do menu original, mesmo que ainda envolva a Interface Moderna. A nova abordagem é um meio-termo aceitável, desde que você também esteja disposto a ceder.
Reduzindo a curva de aprendizado
O novo comportamento do Botão Iniciar não existe apenas para te irritar. Ele fornece uma pista de como sair do desktop, e reforça a noção de que a Tela Iniciar substitui o velho menu. Você dirá "Ah, agora eu entendi!" na primeira vez que clicar no botão e abrir a Tela Iniciar.
As dicas não acabam ali. Enquanto o Windows 8 foi criticado por gritar "se vira!" em vez de guiar os usuários pela nova interface, o Windows 8.1 é recheado de dicas e melhorias de usabilidade.
Grandes painéis surgem na tela logo após a instalação, identificando claramente os vários atalhos nos cantos da tela e como usá-los. Um novo app chamado Help + Tips fornece tutoriais sobre todos os aspectos do controle do computador, com visuais exuberantes e curtas animações. Uma seta apontando para baixo surge quando você move o mouse na Tela Iniciar, indicando o caminho para a tela Aplicativos. Até mesmo a Loja (Windows Store) foi redesenhada para facilitar a navegação.
É maravilhoso. O Windows 8.1 ainda será um choque para os novos usuários, mas promete uma curva de aprendizado muito mais suave do que aquela exigida pelo Windows 8.
Ajustes de usabilidade
A capacidade de ter três ou mais apps rodando "lado-a-lado" de uma só vez, como a opção de ajustar o tamanho de cada app dinâmicamente, aprimora a usabilidade da interface moderna no Windows 8.1. Outra novidade é que alguns apps, como o Internet Explorer 11, podem abrir múltiplas janelas. Este recurso não é páreo para a flexibilidade das tradicionais "janelas" no desktop que dão nome ao sistema mas é um meio-termo.
O Windows 8.1 também reforça a tela Configurações, adicionando várias opções que anteriormente exigiam uma visita ao Painel de Controle no Desktop. Da mesma forma, o app do SkyDrive permite navegar pelos arquivos locais, servindo como um pseudo Gerenciador de Arquivos com visual Moderno. Novamente são pequenos ajustes, mas que ajudam a ficar em sua interface favorita.
Se você decidir derrubar as barreiras entre as interfaces, a Microsoft facilita a tradição com alguns recursos que englobam ambas e fazem com que o Windows 8.1 se pareça com algo coeso. O novo, e excelente, sistema de busca Big Smart Search, uma das cinco principais razões para migrar para o Windows 8.1, agrega informações dos apps Modernos, arquivos no Desktop e conteúdo na web, criando uma abrangente lista de resultados. Pena que há propagandas entre eles.
Enquanto isso outro novo recurso permite compartilhar o papel de parede do Desktop com a Tela Iniciar, dado ao sistema um visual unificado. Ainda há arestas, mas alternar entre os dois ambientes é muito menos desconfortável, e mais voluntário, do que antes.
A Microsoft aprimorou até mesmo a Tela de Bloqueio (Lock Screen) para que você possa responder a chamadas do Skype ou fazer fotos com uma webcam sem ter de desbloquear seu aparelho.
Mas isso não significa que o Windows 8.1 corrige todas as falhas de seu antecessor. Eu ainda gostaria de ver um indicador visual da barra de "Charms" que fica oculta na lateral direita da tela, bem como uma forma mais óbvia de desligar ou reiniciar o computador. Além disso muitas opções ainda estão ocultas sob cliques e menus supérfluos.
Iterando rumo ao futuro
No geral o Windows 8.1 RTM (ou seja, a versão compartilhada com os fabricantes de PCs) se comporta como o último preview do Windows 8.1, e está recheado de novos recursos, novos segredos e até mesmo um grande conjunto de novos apps. Como nossos artigos anteriores falaram sobre muitas das novidades em mais detalhes do que posso aqui, vou mencionar apenas a principal mudança desde então: o Windows 8.1 vem com uma versão do Skype, que substitui o app de mensagens no Windows 8.
Quase todos os apps integrados ao Windows 8.1 foram modificados de alguma forma, e a nova versão do app Email é um um dos principais destaques (dá pra abrir uma mensagem em uma nova janela!). Em vez de mergulhar nos detalhes, vamos discutir qual o significado destas mudanças para o Windows.
Mais do que qualquer outro sistema operacional antes dele, o Windows 8.1 se apega fortemente à web. A maioria dos apps nativos está de alguma forma ligada a serviços da Microsoft e exige uma Conta Microsoft para funcionar. O SkyDrive fica em segundo plano, salvando automaticamente seus dados e fotos, e sicronizando mais configurações entre seus múltiplos dispositivos do que antes (e também apps!). Enquanto isso, por padrão o sistema automaticamente atualiza todos os seus apps em segundo plano, para que o que há de mais novo esteja sempre à disposição.
O Windows 8.1 incorpora a doutrina "uma Microsoft, o tempo todo" de formas realmente assustadoras. Quando tudo funciona corretamente o sistema cria uma experiência profundamente pessoal que o acompanha entre dispositivos. Não há como negar que o novo foco da Microsoft em atualizações rápidas, em vez dos longos ciclos de múltiplos anos de desenvolvimento do passado, ajudou a transformar os originalmente detestáveis apps nativos do Windows 8.1 em algum muito melhor em um período relativamente curto.
De fato, os serviços da Microsoft estão tão integrados com o Windows 8.1 e são atualizados tão rapidamente que a Microsoft avisou aos desenvolvedores que a versão RTM é código "mais ou menos quase final", e que tanto o sistema quanto seus apps podem receber alguns ajustes até estarem disponíveis ao público.
Dito isto, algumas pessoas podem não apreciar uma relação tão estreita com a nuvem, ou com a Microsoft. Da mesma forma, se você já teve problemas com uma atualização do Windows no passado, pode não gostar da idéia de dezenas de aplicativos se atualizando constantemente sem aviso. Cuidado com as configurações!
No final das contas...
No que realmente importa, o Windows 8.1 é o sistema operacional que o Windows 8 deveria ter sido, e uma amostra de como será a Microsoft do futuro.
Ele é perfeito? Não. Sequer tem todos os recursos que gostaríamos de ver. No fundo, o Windows 8.1 ainda é uma interface para tablets amarrado a uma interface para desktops, um estranho híbrido do velho e do novo. A interface moderna ainda está por lá, e há meio-termos em ambos os lados.
Mas o Windows 8.1 torna a nova fórmula da Microsoft mais palatável, ou menos amarga, para quem decidir fazer a mudança. O sistema facilita a transição dos fãs do Desktop, dando a eles a capacidade de esnobar as partes voltadas aos tablets. Os novos tutoriais e dicas espalhados pela interface irão ajudar muito os novatos. E se você decidir fuçar entre os blocos dinâmicos, vai descobrir que a Interface Moderna no Windows 8.1 é vastamente melhorada em relação à do Windows 8. Como uma atualização, um pedido de desculpas e uma lição de humildade, ele é incrivelmente bem sucedido.
A Microsoft ainda está oferecendo pouco para conquistar os fãs do Desktop que rosnam à qualquer menção da palavra "Moderna", mas se você já fez a transição, não tem motivo algum para evitar esta atualização gratuita quando ela for lançada em 17 de Outubro.
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