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Se depender da Intel, tablets de alto desempenho irão ficar muito, muito baratos. Durante o Intel Developer Forum (IDF) em San Francisco a empresa apresentou seu novo "sistema em um chip", de codinome Bay Trail, que será a base de novos tablets com Windows ou Android com preços que podem chegar a apenas US$ 199.
De fato, o Gerente Geral do grupo de Mobilidade e Comunicação da Intel, Chris Walker, disse que tablets com estes preços chegarão ao mercado no final de 2013, e que os fabricantes de equipamentos (OEMs) terão "a flexibilidade para ir ainda mais baixo".
A Intel nos deu cerca de duas horas com dois designs de referência de tablets equipados com processadores quad-core Atom Z3770 rodando a 2.4 GHz e acompanhados por 2 GB de RAM DDR3L/1067, um rodando o Windows 8.1 e outro rodando o Android. Os aparelhos tinham telas de 8 polegadas com resolução nativa de 2560 x 1440 pixels. Embora a Intel não tenha planos para levar estes tablets ao mercado, Walker afirmou que eles representam o que as parceiras da Intel irão oferecer no final deste ano.
Não foi supreendente ver que a versão Android era capaz de rodar perfeitamente jogos simples como Jetpack Joyride, mas foi uma revelação ver o jogo de tiro em primeira pessoa Team Fortress 2 rodando de forma relativamente fluida no modelo com Windows 8.1.
E os processadores "Bay Trail" serão capazes de mais do que apenas jogos. Em uma outra demonstração um representante do laboratório de experiência do usuário da Intel abriu o Adobe Photoshop CC e começou a editar fotos usando o tablet. Ele também demonstrou algumas tarefas simples de edição de vídeo. Em ambos os casos o tablet Bay Trail completou as tarefas consideravelmente mais rápido que um Acer Iconia W510, equipado com um processador da geração anterior, "Clover Trail", contra o qual foi comparado. A mensagem da Intel foi clara: um tablet Bay Trail rodando o Windows será capaz de desempenho adequado em quase qualquer aplicativo Windows.
Rainha dos PCs, plebéia entre os tablets
O domínio da Intel no mercado de PCs parece absoluto: 85.2% dos PCs usam um processador da empresa, de acordo com dados de uma pesquisa no primeiro trimestre do mercado feita pela Mercury Research. A vasta maioria dos servidores também usa processadores Intel. Mas as empresas que produzem smartphones, tablets e PCs ultraportáteis tem virado o nariz para os produtos da Intel, porque a empresa não conseguiu entregar os componentes baratos e de alto-desempenho/baixo consumo de que elas necessitam. Nestes mercados a inglesa ARM Holdings tem sido a força dominante, oferecendo o design básico de processadores para empresas como a Apple, Nvidia, Qualcomm e Samsung, que o usam para construir seus próprios chips.
Com as vendas de tablets e PCs em trajetórias opostas - espera-se que 407 milhões de tablets sejam vendidos em 2017, em comparação a apenas 333 milhões de PCs - a Intel precisa de um forte portfólio de chips de baixo consumo para dispositivos ultraportáteis se quiser crescer.
"Em termos de tablets, se você olhar para os segmentos com Windows 8 e Android, acredito que há uma enorme oportunidade para o Bay Trail", diz Nathan Brookwood, analista da Insight 64. "O problema é superar a negatividade associada aos primeiros tablets conversíveis baseados nos processadores Clover Trail", que a Intel lançou em Setembro de 2012.
Walker diz que o Bay Trail irá mudar tudo isso. "Um processador Bay Trail quad-core irá proporcionar desempenho de CPU duas vezes superior ao Clover Trail, e desempenho de GPU três vezes superior", diz ele. Em grande parte isto é devido ao fato de que estes processadores de baixo consumo são baseados em uma nova microarquitetura da Intel chamada Silvermont. Eles são produzidos usando o mesmo processo de 22 nanômetros que a Intel usa em seus processadores Core de quarta-geração (Haswell), e terão muitos dos mesmos recursos, embora não tenham o mesmo desempenho.
A família Bay Trail
Processadores Bay Trail estarão disponíveis em configurações dual-core e quad-core e serão comercializados usando três marcas da Intel já existentes: Atom (para tablets), Pentium e Celeron (estas últimas para notebooks ultraportáteis e desktops de baixo custo). Os Ultrabooks, por sua vez, devem usar processadores Intel Core.
Todas as três famílias terão GPUs Intel HD Graphics e serão capazes de suportar resoluções de vídeo de até 2560 x 1600 pixels, com suporte completo à API gráfica DirectX 11, da Microsoft.
Por enquanto a Intel está focando sua atenção em seus processadores Atom da série Z3000, incluindo o já mencionado Z3770 usado nos designs de referência que nos foram mostrados. Este processador quad-core pode endereçar até 4 GB de RAM DDR3/1067 em uma configuração dual-channel. O Atom Z3770D tem o mesmo clock, mas é limitado a 2 GB de RAM DDR3/1333 single-channel e uma resolução de tela recomendada de 1920 x 1200 pixels. O Atom Z3680, por sua vez, é o processador Bay Trail mais simples: é um chip dual-core que roda a até 2 GHz, mas pode endereçar apenas 1 GB de RAM DDR3/1067 single-channel, e a Intel recomenda uma resolução máxima de tela de 1200 x 800 pixels.
Gráficos e autonomia de bateria
A presença das GPUs Intel HD Graphics, com clock de até 667 MHz, permite que a Intel suporte várias tecnologias de vídeo que até o momento só estavam disponíveis nos processadores da família Core.
Processadores Bay Trail terão suporte completo a aceleração de hardware para todos os codecs de vídeo mais importantes (incluindo o H.264, VA1, MPEG-2, MPEG-4/H.263 e MJPEG) e suporte a codificação de vídeo em H.264 e MPEG-2. Os chips também tem suporte a sistemas de DRM com o HDCP 1.4 (para conexões com fio) e HDCP 2.0 (sem fio) que serviços de vídeo como o Netflix e a Amazon precisam usar para poder fazer o streaming de conteúdo. Aparelhos baseados em processadores Bay Trail terão suporte a saída de vídeo HDMI 1.4 em resoluções de até 1080p, e DisplayPort 1.2 em resoluções de até 2560 x 1440 pixels. O padrão WiDi da Intel para streaming de vídeo sem fios para TVs compatíveis também é suportado.
A família Bay Trail também implementa vários recursos de gerenciamento de energia para maximizar a autonomia de bateria. A Burst Technology 2.0 da Intel permite que um núcleo do processador opere a uma frequência mais alta do que sua frequência base se ele estiver dentro de limites estabelecidos de consumo de energia e temperatura, e esses "saltos" na frequência podem ser ajustados dinamicamente. A alimentação é compartilhada entre a CPU e a GPU, então quando um tablet está executando uma tarefa computacionalmente intensa que não envolve processamento de imagem, partes da GPU podem ser desligadas e a energia direcionada para o processador.
Da mesma forma, quaisquer partes da CPU que não estejam sendo ativamente exigidas em um dado momento podem ser desligadas quase que completamente, para ampliar a autonomia da bateria. Um SoC Bay Trail operando em standby consome quase nada. No início deste ano a Intel disse que os SoCs baseados na arquitetura Silvermont, o que inclui os Bay Trail, exigem 4.3 vezes menos energia elétrica do que quatro de seus principais concorrentes.
Não é para todos
Qualquer usuário interessado em jogos sofisticados ou outras tarefas computacionalmente intensivas, como edição de fotos e vídeos em nível profissional, vai precisar de mais do que o Bay trail tem a oferecer. E a Intel vê tablets com processadores Core no futuro. A empresa também planeja lançar, em 2014, processadores Bay Trail capazes de rodar a versão de 64 Bits do Windows 8.1.
Por enquanto, entretanto, iremos reservar nosso julgamento do Bay Trail para quando conseguirmos submeter alguns dispositivos comerciais a nossos extensos testes de desempenho e autonomia de bateria. Mas se a nossa experiência com os tablets de referência com o Atom Z3770 for um exemplo, a Intel tem o sucesso em suas mãos.
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