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Até o dia 16 de setembro, a sétima edição da Mostra de Fomento à Dança vai levar às ruas do centro e da periferia 28 apresentações de 26 companhias que foram contempladas pelo programa municipal de incentivo à dança. "Notamos que parte desses projetos [contemplados em editais] eram produções para espaços abertos, em relação com a cidade. Nesta edição, mantivemos as apresentações em teatros fechados, mas também estamos fazendo em locais alternativos", explicou Marcus Moreno, coordenador do programa.
Os espetáculos, que são gratuitos e diários, ocorrem na Galeria Olido (parte interna e nas ruas do entorno), no hall da Praça das Artes, no centro da cidade; no Centro Cultural Cidade Tiradentes, no Centro Cultural da Penha, na zona leste; e no Estação Capão Redondo do metrô, no extremo sul de São Paulo. As apresentações no teatro são na Sala Paissandu, da Galeria Olido.
Aos 46 anos, a servente Severina Conceição viu, pela primeira vez, uma apresentação de dança contemporânea. O passo apressado de todos os dias, após o almoço no centro, desacelerou na última quinta-feira (5) pelo som de uma flauta e pelo movimento "interessante", segundo descreveu a funcionária, dos corpos de bailarinos da companhia Omstrab. E a curiosidade venceu a pressa. "É bem diferente do que já tinha visto. É muito bonito".
Diferentemente de Severina, muitos foram os que entortaram o pescoço, desaceleraram o passo, mas seguiram o percurso apressado. "Desculpe, não posso falar agora. Só estou passando", disse o senhor que se deslocava por entre os dançarinos que coreografavam o espetáculo Cidade nas ruas do entorno da Galeria Olido. "É diferente de se apresentar para um público que já está mais habituado. Esse público passante é espontâneo. É um outro jeito de disseminar essa linguagem artística pela cidade. É um lugar de descoberta", explicou Moreno.
A funcionária pública Vilma Souza, 57 anos, também estava voltando do almoço quando foi surpreendida pela apresentação. "Fiquei impressionada e curiosa também para saber o que era. Vi que era arte: a expressão pelo corpo. Gostei muito", apontou. Vilma, que frequenta espetáculos de dança em um centro cultural perto de casa, achou interessante a proposta da companhia Omstrab, porque traz elementos que são próprios do ambiente urbano, mas com uma linguagem artística. "Não sei o que está retratando ao certo, mas eu vejo moradores de rua ali", arriscou.
O espetáculo Cidade foi inspirado nos espaços públicos e sonoridades de São Paulo. Ele surge de uma pesquisa do grupo que buscou perceber elementos sonoros e movimentos que se perdem na urgência cotidiana. "O trabalho nasce das influências da rua, chegou-se a um formato de palco, mas sempre tivemos, desde as pesquisas, a proposta das intervenções", explicou Fernando Lee, diretor da companhia. Ele acredita que a interação com o público subsidia o trabalho dos dançarinos para experiências no palco. "Existe uma dinâmica neste sentido. Na rua exige muito mais concentração. O palco é um espaço controlado, não passa criança, bêbado, criança. É um aprendizado".
Neste domingo, às 19h, a companhia Núcleo Entretanto apresenta o espetáculo Rutilo Nada, inspirado na obra da escritora Hilda Hilst. De acordo com os idealizadores, os poemas de Hilst têm uma conexão com a criação em dança, pois ambos têm o corpo "como lugar e meio para realização de seu trabalho". Entre os temas abordados na peça, estão "os limites do desejo, as relações socialmente intoleráveis e a ferocidade humana". A exibição ocorre na Sala Paissandu, na Galeria Olido.
A programação completa da sétima edição da Mostra de Fomento à Dança pode ser conferida no site.
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