Em 30/08/2013 às 20h09 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Os fiscais chegaram até o local por meio de denúncias dos vizinhos que não suportam mais conviver com o forte mau cheiro de esgoto e querem uma solução para o problema. Um deles, que prefere ficar no anonimato, disse à reportagem do site que "o fedor existe há vários meses e desde que começou relatamos o problema à empresa e nada foi feito até hoje para solucioná-lo". A mesma pessoa completa: "Como não obtivemos resposta, procuramos a imobiliária que alugou o imóvel e a partir daí começamos a ter uma esperança porque seus responsáveis foram até lá e confirmaram nossas queixas", completou. De acordo, ainda, com aquela fonte, descobriram que a empresa não podia estar funcionando porque não possui o alvará da Prefeitura.
O Site apurou que o imóvel foi locado à Nutrição Refeições Industriais Ltda no dia 10 de janeiro de 2012 por R$647 mensais, e poucos meses depois teriam começado os problemas de mau cheiro provocado pelo vazamento do esgoto que revelou, também, a péssima higiene do local. No principio deste ano, de acordo com vizinhos ouvidos pelo Site, a situação teria se agravado motivando os moradores a denunciarem a situação. De acordo ainda com informações colhidas pela Reportagem, a Nutrição Refeições tem sede em Belo Horizonte e presta serviços ao governo de Minas Gerais, especificamente à Secretaria de Estado de Defesa Social – SEDS – onde foi contratada para fornecer alimentação a diversos presídios mineiros. Aqui na região ela é a responsável pela alimentação dos presos das cidades de Leopoldina, Visconde do Rio Branco, Ubá e Cataguases, estas últimas onde são preparadas estas refeições, além do café da manhã e o lanche da tarde.
A comida servida aos detentos obedece a critérios estabelecidos pela SEDS que, inclusive, determina o cardápio a ser servido e o peso de cada marmitex. Uma cópia deste menu é enviado também ao presídio que confere se as refeições estão obedecendo as regras estabelecidas em contrato e, ainda, abrem duas delas aleatoriamente para "prova" onde são testados o sabor e o odor. Cada refeição custa ao Governo de Minas R$3,80 em média e pesa cerca de 240 gramas e o café da manhã, em torno de R$1,20. A Nutrição Refeições fornece diariamente uma média de 500 marmitex ao presídio de Cataguases e outras 300 em média para a unidade em Leopoldina, além de café da manhã (café com pão e manteiga) e o lanche da tarde que é composto de pão com manteiga e suco. Estas refeições são feitas – no caso de Cataguases – neste imóvel e levadas por um veículo de passeio comum até os dois presídios em horários pré-estabelecidos.
Os fiscais municipais após vistoriarem o local multaram a empresa e deram um prazo até a próxima segunda-feira, 2, para desocuparem o imóvel e transferirem suas atividades para um endereço comercial adequado para o funcionamento de um restaurante industrial. Eles também informaram o fato ao diretor do Presídio em Cataguases, Alan Neves, para que ele pudesse tomar as providências necessárias como comunicar o ocorrido a seus superiores e providenciar, provisoriamente, outro fornecedor das refeições. No final da tarde o Site confirmou a informação de que a partir do dia 2, ou seja, segunda-feira, e até a próxima sexta-feira, 6, a alimentação dos detentos será feita pelo restaurante do Fábio, que até recentemente funcionou na Avenida Eudaldo Lessa. Outra informação ainda não confirmada é de que a empresa já teria conseguido um galpão para alugar. A Nutrição Refeições emprega cinco funcionários em Cataguases, segundo apurou a reportagem, mas nenhum deles quis comentar o ocorrido nem informar o nome do responsável na empresa que pudesse falar sobre o episódio.
Esta situação, porém, e ao que tudo indica, não chegou a comprometer a qualidade da comida, já que não teria sido registrado, até o momento, nenhum incidente provocado pela ingestão destas refeições. Conforme revelam as fotos ao
final desta matéria, a frente da casa é suja e tem aparência de abandono. Lá
dentro, no quintal cimentado, corria uma água e paralelamente, um líquido
vermelho aparentando sangue animal. As panelas usadas pelas cozinheiras estão
velhas, amassadas, com crostas de sujeira, o mesmo acontece com vasilhas de
plástico que acondicionam verduras. As paredes não são de azulejos (como deveriam
ser) e há várias marcas de sujeira, provavelmente oriundas do manuseio dos
alimentos. O único forno está com manchas amarronzadas que indicam falta de
limpeza e não há nenhum equipamento indicado para restaurante industrial. Já o
piso da cozinha, em cerâmica, estava coberto por um liquido pegajoso e havia
recipientes com gordura usada guardados embaixo da pia. Tudo o que é descartado
pelas cozinheiras cai em uma tubulação que, por não ter sido projetada para
aquela quantidade de sujeira, estourou fazendo com que o esgoto desça direto
para o imóvel abaixo que fica amontoado como uma lagoa nos cômodos do
apartamento e provocam o mau cheiro, insuportável. O líquido que consegue escorrer
cai em goteira num terreno baldio atrás da casa.
Veja as fotos.