Em 22/06/2013 às 13h58 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O Paquistão poderia assegurar a paz no Afeganistão,
liberando dezenas de prisioneiros talibãs para ajudar a iniciar o processo,
disse o Ministério das Relações Exteriores do Afeganistão, neste sábado, em
declarações que reforçam as questões inquietantes envolvendo negociações de paz
no Catar.
O comunicado do ministério foi uma resposta às
observações do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão na terça-feira,
que saudou a abertura de um escritório do Talibã na capital do Catar, Doha,
dizendo que o país estava "pronto para continuar a facilitar o processo
(de paz) para alcançar uma paz duradoura".
O Afeganistão, há muito tempo, acusa o Paquistão de
jogo duplo em relação à guerra de 12 anos contra o Talibã.
"(Se) O Paquistão tem a determinação sincera de
apoiar o processo de paz no Afeganistão ... então o passo mais útil e urgente
seria o de liberar os líderes talibãs afegãos que foram detidos pelas
autoridades paquistanesas", disse o Ministério do Exterior afegão.
O Talibã abriu seu escritório em Doha nesta semana, em
meio a sinais de esperança de um movimento de processo de paz congelado há
muito tempo.
Mas a cerimônia de abertura causou um rebuliço, com o
Talibã levantando bandeira e cartazes proclamando o "Emirado Islâmico do
Afeganistão", o nome utilizado durante a sua breve liderança talibã de
1996 a 2001.
Isto levou Karzai a cancelar os planos para uma
delegação de paz afegã viajar para o Catar e a suspender negociações com os
Estados Unidos sobre um pacto de segurança vital, na crença de que havia
falhado em garantir que o Talibã não use o escritório de maneira ruim.
O principal partido de oposição do Afeganistão e da
aliança de líderes do norte do país, a Frente Nacional, também condenaram o
alarde sobre a abertura do escritório do Talibã.
"Este é um ato ilegal, em conflito com as
convenções internacionais e provoca sérios danos à legitimidade do Estado
político afegão", disseram em um comunicado no sábado.
Karzai é conhecida por desejar principalmente a
liberação de Mullah Abdul Ghani Baradar, o ex-segundo no comando do líder
talibã Mullah Omar e uma figura muito influente na insurgência.
Baradar era o comandante responsável cotidianamente
por liderar a campanha Talibã contra as tropas dos EUA e da OTAN, até sua
captura em 2010, em Karachi, por uma equipe conjunta da CIA e oficiais da
inteligência paquistanesa.
Ele também foi o braço direito do recluso líder talibã
Mullah Mohammed Omar, que lhe deu o apelido Baradar, ou irmão.
As autoridades afegãs acreditam que Baradar poderia desempenhar um papel fundamental nas negociações com os insurgentes, atuando como um intermediário em conversas com líderes do Talibã, incluindo Omar.