Ao lado das Conselheiras Tutelares e de Adriana Nascimento, da CUFA
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Na noite desta quinta-feira, 23, o projeto Caravana Contra as Drogas levou aos palcos do Anfiteatro Ivan Müller Botelho o rapper, escritor, ator, cineasta e ativista brasileiro Alex Pereira Barbosa, o MV Bill, que conversou com jovens, mc’s, artistas e o público presente sobre diversos assuntos relacionados à sua trajetória de vida que se confunde com a história dos trabalhos sociais desenvolvidos pela CUFA (Central Única das Favelas).
Bill iniciou a conversa contando como foi e é a sua vida na Cidade de Deus e como veio a criar, juntamente com Celso Athayde e Nega Gizza, a CUFA que começou no Rio de Janeiro e hoje existe por todo o Brasil, inclusive em Cataguases sob a coordenação de Adriana Nascimento. Ele também falou sobre o seus trabalhos musicais que geraram polêmicas por tratar de letras que refletem a realidade das favelas, como o Rap "Soldado do Morro", que rendeu uma intervenção arbitrária da polícia em sua residência.
O documentário "Falcão – Meninos do Tráfico", de autoria do próprio MV Bill, também foi assunto do encontro quando falou da realidade "cruel" que as comunidades das favelas vivem e como os jovens são captados pela criminalidade "que sempre está de braços abertos para receber quem estiver disposto a praticá-la" disse Bill, revelando ser "completamente contra as pessoas que entram nas favelas para filmar a vida das pessoas e transformá-las em uma produção comercial", o que não foi o objetivo do seu trabalho.
Também sobre o documentário, o autor revelou que "quando as filmagens eram interrompidas, os fuzis eram encostados na parede e as armas eram postas sobre a mesa, aqueles mesmos jovens que as empunhavam começavam a falar sobre vida, sonhos, amor, família e futebol e parecia que a máscara de monstro que eles usavam caía no chão e eles se tornavam pessoas comuns como todos nós".
MV Bill falou ainda sobre o preconceito racial "que desequilibra as relações sociais até mesmo nas favelas" e quando questionado pelo público, disse que é preciso investir na educação para superar o problema da criminalidade, lembrando que "os problemas sociais são resultados de uma ausência do Estado". Segundo ele, a diminuição da maioridade penal não é a solução para os problemas e a prisão no Brasil só faz piorar os criminosos, pois lá convivem presos de todos os níveis de periculosidade sem distinções e condições de se reeducarem. "A saída é trabalhar na reinserção social dessas pessoas que cometem delitos. Algumas delas sequer foram inseridas na sociedade, portanto não adianta punir sem antes educar", completou.
O ativista destacou que não prega o Rap como saída para o problema da violência, "porque os jovens de hoje não são como os de antigamente e o que foi uma redenção para mim talvez não corresponda ao que será para os outros. É claro que as pessoas devem curtir a cultura Hip Hop, e fazer seus rap’s, mas digo sempre que elas devem estudar, independente se querem ou não ser mc´s, porque caso não deem certo no rap, terão um plano B", frisou.
Ao longo de toda conversa, Bill se mostrou muito receptivo e próximo ao público e, no final do evento, foi bastante aplaudido e fotografado, além de conceder autógrafos aos fãs mais entusiasmados que lá estavam. Em seguida, partiu para a quadra do Bairro Leonardo, onde faria nova apresentação para finalizar a sua missão na cidade de Cataguases. (Fotos: Paulo Victor Rocha)
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