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A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, se encontrou neste sábado com o papa Francisco e, aparentemente respondendo a críticas dele a uma insensível "ditadura da economia", pediu maior controle dos mercados financeiros.
Na quinta-feira o papa fez um apelo por uma reforma financeira no mundo e disse que a crise econômica global tornou a vida pior para milhões de pessoas nos países ricos e pobres.
Merkel visitou Roma por poucas horas apenas para se encontrar com o pontífice. Eles conversaram em particular na biblioteca do papa, por 45 minutos, um tempo extraordinariamente longo para uma audiência reservada.
Depois, Merkel disse aos repórteres que os escândalos e excessos criticados por Francisco durante a semana mostram que checagens e avaliações essenciais não estão funcionando adequadamente.
"As crises explodem porque as regras do mercado social não estão sendo observadas", disse ela, acrescentando que o reforço da regulação do mercado financeiro seria um dos principais objetivos do encontro de líderes do G20, que reúne as maiores economias do mundo, em setembro.
"Tivemos progressos, mas longe do ponto em que possamos dizer que o tipo de desajuste que levou às crises no mercado não voltará a ocorrer. Por isso, a questão terá papel central na reunião do G20 este ano", afirmou.
"É verdade que as economias existem para servir ao povo e este não tem sido, de modo algum, o caso em anos recentes."
Filha de um pastor luterano, Merkel disse que o papa Francisco falou principalmente sobre globalização, União Europeia e papel da Europa no mundo.
"O papa Francisco deixou claro que precisamos de uma Europa justa e forte e eu achei a mensagem muito encorajadora", declarou Merkel, que lidera o partido União Democrática Cristã, de forte base católica.
Em seu principal pronunciamento desde sua eleição, em março, Francisco também fez um chamado aos países para que assumam um maior controle sobre suas economias e protejam os mais pobres.
Merkel, que cresceu na Alemanha Oriental, comunista, antes da reunificação alemã, disse após o encontro que ela e Francisco "viveram sob ditaduras", referindo-se à junta militar que comandou a Argentina, terra natal no papa, de 1976 a 1983.
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