Em 08/03/2013 às 14h38 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
No Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira (8), a rotina da produtora rural Silvani Correa da Silva não será alterada. Às 5h30, ela e as filhas Mônica, Eliane, Suely e Lenir já acordaram e despertaram o restante da família, três meninas e dois meninos. Este é o horário em que se iniciam as atividades na Fazenda Cabeceira do Mono, localizada no município de Coroaci, no Leste de Minas. A propriedade está há quase dois anos inscrita no Minas Leite, programa criado pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e executado pela vinculada Emater-MG.
A família começou a receber a assistência do programa, por intermédio do escritório local da Emater, em meados de 2011, depois da morte do proprietário da fazenda, Elci da Silva. De acordo com Suely, que na época tinha 16 anos, a adesão ao Minas Leite foi decisiva para a mudança de rumo da propriedade. “Aprendemos a administrar, registrando tudo que se relacione aos animais e outros fatores que possam influir na produção da fazenda, o que permite inclusive fazer a previsão de investimentos em melhorias”, explica.
Na propriedade, que ocupa uma área de 112 hectares, havia mais de cem cabeças de gado comum e a produção de leite era pequena. Suely diz que o primeiro passo recomendado pelo extensionista Clésio Peixoto de Melo foi providenciar a plantação de um canavial para ajudar na alimentação dos animais. Ela acrescenta que a fazenda vai adquirir neste ano uma ensiladeira para picar a cana que servirá de alimento aos bovinos.
O manejo dos animais foi aperfeiçoado e agora eles são mantidos em espaços cercados sobre o pasto, conhecidos na região como mangas. De acordo com Suely, o esforço com apoio do Minas Leite para aumentar a produção das vacas deu bom resultado. Ela conta que a família adquiriu um touro Gir, a fim de gerar animais leiteiros e para recria. “Vendemos um touro que já não dava resultado e adquirimos um animal de melhor qualidade, avaliado em R$ 3,5 mil, trocado por alguns bezerros da propriedade”, diz.
Até o fim de março, a fazenda terá a primeira cria do touro, marcando uma nova etapa do trabalho. Mas enquanto esperava o resultado da inclusão do novo reprodutor no rebanho, a família realizou outros trabalhos para obter maior produção das vacas e ajudar no desenvolvimento dos bezerros.
Os resultados são animadores, comenta Suely, pois as 16 vacas em produção garantem 75 litros/dia, volume que era retirado de vinte vacas antes das mudanças propostas pelo Minas Leite. “O trabalho para manter tudo funcionando compensa e estamos aproveitando a experiência acumulada desde a infância: capinar, roçar, fazer cerca, ordenhar as vacas e realizar outras atividades”, ela observa. Ela ainda enfatiza que o Minas Leite ajudou a família a buscar melhores resultados, principalmente com uma produção de alta qualidade, e a introdução da gestão do negócio por meio do programa foi de fundamental importância.
Resultados surpreendentes
Para Silvani Correa da Silva, os resultados do trabalho coordenado pelas filhas mais velhas (Mônica, a primeira, tem 22 anos) na Fazenda Cabeceira do Mono e em outra propriedade da família na localidade de São Matias, próximo a Coroaci, são surpreendentes. Ela observa que não esperava tantas melhorias, apesar de reconhecer que a família tem muita disposição para o trabalho, e acredita que os resultados serão cada vez melhores com a assistência técnica da Emater. Além disso, Silvani diz que a família se organizou para realizar os trabalhos na pecuária e ainda prosseguir nos estudos. “Todos colaboram, inclusive os menores, quando têm condições de ajudar em tarefas mais leves e em casa”, assinala.
O extensionista Clésio de Melo ressalta que a família de Silvani tem condições de seguir com resultados crescentes na produção de leite porque demonstra interesse em melhorar sua participação no mercado e está atenta à adoção das práticas recomendadas pelo programa.
Mulheres do campo
Segundo o Censo Agropecuário de 2006, Minas Gerais tem 378.088 mulheres ocupadas em estabelecimentos de agricultura familiar. Segundo o superintendente da Subsecretaria de Agricultura Familiar/Seapa, José Antônio Ribeiro, o próximo censo deve registrar uma elevação expressiva do número de mulheres em atividade no segmento.
Fonte: Agência Minas