Em 07/03/2013 às 14h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O bailarino do balé Bolshoi Pavel Dmitrichenko, acusado de organizar um ataque que deixou o diretor artístico do teatro russo quase cego, afirmou no tribunal, nesta quinta-feira, que queria que a vítima fosse espancada, mas não atacada com ácido no rosto.
Um juiz de Moscou ordenou que Dmitrichenko permaneça sob custódia por seis semanas, enquanto as autoridades continuam a investigar o ataque de 17 de janeiro, que surpreendeu a Rússia e deixou o poderoso diretor de balé, Sergei Filin, com queimaduras graves no rosto e nos olhos.
Levado a um tribunal de Moscou sob escolta, Dmitrichenko disse que tinha concordado quando o suposto cúmplice, acusado de realizar o ataque, sugeriu espancar Filin, mas não havia dito a ele para jogar ácido no rosto do diretor.
"Quando soube o que aconteceu com Sergei, fiquei em estado de choque. Eu não podia acreditar que o homem que propôs bater nele fez essa coisa com ácido", disse Dmitrichenko, vestido com um casaco de inverno com capuz preto e um suéter listrado, falando atrás das grades de uma gaiola no tribunal.
Dmitrichenko, que fez carreira interpretando vilões como o monarca assassino Ivan, o Terrível, disse que quando o agressor propôs "bater nele (Filin) na cabeça, espancá-lo, concordei com estas sugestões."
Um agressor mascarado chamou o nome de Filin quando este voltava para casa do teatro Bolshoi, na noite de 17 de janeiro, e jogou ácido em seu rosto, o deixando contorcendo-se de dor na neve.
Dmitrichenko foi preso na terça-feira e admitiu ter organizado o ataque em um vídeo divulgado pela polícia na quarta-feira, mas disse que não queria que tivesse ido tão longe.
O juiz concordou com o pedido do Ministério Público, que considerou Dmitrichenko como um risco de fuga e ordenou que fosse mantido sob custódia até meados de abril. O bailarino disse que não iria recorrer.
A polícia de Moscou disse nesta quinta-feira que Dmitrichenko pagou 50.000 rublos (1.600 dólares) a seus supostos cúmplices.
Um promotor afirmou que o Estado quer que o bailarino, que a mídia russa afirma ter 28 anos, seja acusado de um crime punível com até 12 anos de prisão.