Em 02/03/2013 às 20h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Portugueses marcham contra austeridade e pedem renúncia do governo

Centenas de milhares de portugueses tomaram as rua

Centenas de milhares de portugueses tomaram as rua

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Centenas de milhares de portugueses tomaram as ruas de Lisboa e outras cidades neste sábado para exigir o fim das medidas de austeridade determinadas pelo resgate financeiro internacional e para pedir que o governo de centro-direita renuncie.

 

As manifestações, que se seguem ao maior aumento de impostos que se tem memória no país, marcam a maior demonstração pública de descontentamento desde as manifestações de setembro do ano passado, que forçaram o governo a ajustar algumas de suas medidas de austeridade.

 

Mais de 200 mil manifestantes se reuniram na grande Praça do Comércio e nas ruas ao redor, em Lisboa, onde fica o Ministério das Finanças, gritando: "Está na hora do governo ir embora!".

 

Muitos carregavam cartazes com slogans como "Austeridade mata" e "Que se lixe a Troika, poder para o povo!", visando a chamada Troika de credores da Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.

 

"Grandola", a música símbolo da revolução dos Cravos de 1974, que derrubou a ditadura fascista de Antonio Salazar depois que o exército se rebelou, ecoava na multidão em Lisboa, que tem uma população de cerca de três milhões de pessoas.

 

Os manifestantes têm usado cada vez mais a música nas últimas semanas para interromper discursos de ministros do governo em eventos públicos.

 

As manifestações, que coincidem com a revisão trimestral de inspetores da UE/FMI, são os primeiros grandes protestos desde que o governo reconheceu no mês passado que a crise econômica desse ano será pior que as previsões iniciais.

 

A previsão de queda de 1,9 por cento aumentará ainda mais a pior recessão desde os anos 70 no país, em seu terceiro ano.

 

O aumento de impostos e os cortes orçamentários determinados pelos termos do empréstimo de 101,3 bilhões de dólares (78 bilhões de euros) acordado em meados de 2011, reduziram a demanda dos consumidores e empurrou o desemprego para um nível recorde de 17 por cento, levando milhares de pequenas empresas à falência.

 

"Esse governo deixou o povo a pão e água, vendendo propriedades do país a preço de banana, para pagar dívidas que foram contraídas por políticos corruptos para beneficiar os banqueiros", disse Fabio Carvalho, um cineasta que estava protestando.

 

"As coisas precisam mudar, se não hoje, amanhã, e precisamos continuar nas ruas para que o governo caia", acrescentou.

 

As manifestações foram organizadas em Lisboa, Porto e outras cidades via internet por um grupo de ativistas conhecido como "Que se Lixe a Troika".

 

Veronica Pereira, uma mãe desempregada que diz que não tem mais como mandar a filha para a faculdade, disse: "Nosso povo tem o hábito de deixar as coisas acontecerem, mas acho que isso está mudando radicalmente agora. Precisamos protestar para mudar as coisas".

 

Fazendo eco às suas palavras, o hino de Bob Dylan de 1964 "Os Tempos estão Mudando - The Times They are a-Changing" tocava alto nos alto-falantes dos carros.

 

Fonte: Reunters

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