Em 26/02/2013 às 08h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Às vésperas de conclave, renúncia de cardeal aumenta clima de incerteza no Vaticano

Um clérigo graduado renunciou na segunda-feira

Um clérigo graduado renunciou na segunda-feira

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Um clérigo graduado renunciou na segunda-feira, e o papa Bento 16 realizou uma alteração na lei vaticana para permitir mais rapidez na eleição do seu sucessor, ampliando a sensação de que a Igreja Católica vive uma crise.

 

A três dias de se efetivar a renúncia do papa Bento 16 --algo inédito em cerca de seis séculos--, ele aceitou a demissão do único cardeal-eleitor do Reino Unido, arcebispo Keith O'Brien, que ficará excluído do conclave.

 

O'Brien, que continuará sendo chamado de cardeal, negou acusações de que teria se comportado inapropriadamente com os padres ao longo de 30 anos, mas apesar disso anunciou que deixará o comando da arquidiocese de Edimburgo, na Escócia.

 

Mesmo sem ser mais arcebispo, ele poderia participar do evento que elegerá o sucessor de Bento 16, mas disse que não fará isso porque não quer que a atenção da imprensa se volte para ele.

 

A dramática autoexclusão de O'Brien ocorre num momento em que o Vaticano continua resistindo aos apelos de alguns católicos para impedir a participação no conclave de outros cardeais acusados de envolvimento em escândalos sexuais, como o norte-americano Roger Mahony.

 

"A recusa de O'Brien é também importante como precedente", disse Terence McKiernan, da entidade norte-americana BishopAccountability.org, que documenta casos de abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores.

 

"Muitos cardeais com participação prevista no conclave se envolveram com bispos no trato de casos de abuso sexual do clero, e alguns deles fizeram um trabalho tão ruim que deveriam também se recusar (a participar) do conclave", afirmou.

 

Por uma regra definida em 1996 pelo antecessor de Bento 16, João Paulo 2º, o conclave deveria começar pelo menos 15 dias depois da vacância do trono pontifício, mas Bento 16 alterou isso para que as reuniões prévias ao conclave possam começar já em 1º de março, dia seguinte à renúncia. Caberá então aos participantes desses encontros definirem a data de início da eleição.

 

Alguns cardeais querem apressar o início do conclave, para reduzir o período de acefalia da Igreja num momento de crise.

 

Mas outros acham que a antecipação do conclave dará vantagem a cardeais que já estão em Roma, trabalhando na Cúria, a administração do Vaticano, foco das acusações de incompetência e escândalos sexuais que alguns jornais italianos especulam que poderiam ter levado à renúncia do papa. A Santa Sé nega o teor dessas reportagens.

 

O Vaticano parece ter a intenção de que um novo papa esteja eleito até meados de março e empossado antes do Domingo de Ramos, em 24 de março, de modo a poder comandar as cerimônias que antecedem à Páscoa.

 

Desde que Bento 16 anunciou sua renúncia, no Carnaval, cardeais já fazem consultas informais por telefone e email.

 

Fonte: Reunters

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