Em 25/02/2013 às 08h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22

Salvador recorda seus ancestrais africanos na comida, dança, música e fé

 O Dique do Tororó foi construído pelos holandeses

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Salvador foi a primeira capital do Brasil Colônia, de 1549 até 1763, quando perdeu o posto para o Rio de Janeiro. Até hoje as duas metrópoles competem para ver quem atrai mais turistas nacionais e estrangeiros. Disputas à parte, Salvador tem um trunfo que nenhuma outra cidade brasileira tem: suas conexões explícitas com a África.

A cultura afro-brasileira se deixa literalmente tocar pelos turistas que escolhem Salvador. Com 80% da população negra, a cidade é no mundo uma das que mais preservam as cores e sons do continente de seus ancestrais escravos. Ao mesmo tempo, não deixa de renovar suas crenças diariamente. O sincretismo da religião, em terreiros ou igrejas; o berimbau e golpes ritmados que dão o tom da capoeira; e a simpatia das baianas de formas rechonchudas, servindo os quitutes à base de azeite de dendê, pimenta e leite de coco, fazem o turista relembrar o tempo inteiro: sim, essa é a Bahia.
 

Nas ladeiras do Pelourinho, cartão-postal da cidade e patrimônio da humanidade, diante dos casarões que começaram a ser restaurados na década de 1990, o povo simples e batalhador sorri, mesmo diante as dificuldades. E tenta sobreviver, seja como ambulante, com o seu pequeno negócio. Mas quando o fim de tarde chega, ele se escora em um banquinho na praça e vê a vida passar. Há até aqueles que se arriscam em uma partidinha de damas.


Salvador é tão prosaica que parece que já se conhece a cidade em sua primeira visita. Tudo ali é memória, de um livro, um filme, uma música, uma história. O Rio Vermelho de Jorge Amado, a Itaparica de João Ubaldo Ribeiro, a Cidade Baixa dos traços sem pudor de Carybé, a Itapuã de Caymmi, o saudosismo de Caetano e Gil e até o Carnaval de Daniela Mercury e tantos outros.
 

O baiano é herdeiro legítimo da alegria e do ritmo. Ele dança, primeiro porque sabe, e depois para mostrar aos outros. Os tambores africanos que dão o tom em blocos afro são os mesmos que ressoam na igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos e nos mais de 200 terreiros de candomblé da cidade.
 

A cidade tem as cores e o cheiro da saudade de uma África distante, e na impossibilidade de ter o que não podia, tornou-se única. A pimenta que esquenta a culinária é a mesma que faz a vida ter sabor. O soteropolitano é o artista que admira a beleza de sua rotina comum. Ele está lá, na ladeira do Centro Histórico, entre outros lugares, só esperando que o turista descubra essa beleza também.

 

 

 

 


 

 Fonte: http://viagem.uol.com.br/guia/cidade/salvador.jhtm

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