Em 23/02/2013 às 08h38 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Após dois anos de um trabalho cuidadoso de pesquisa, os cidadãos mineiros - e porque não dizer, brasileiros - ganharam uma nova e importante ferramenta de consulta. O Dicionário de Políticas Públicas, lançado pela Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), é um feito inédito da produção intelectual e política brasileira, sendo o primeiro do gênero a ser organizado por uma entidade latino-americana.
De forma intuitiva e didática, o dicionário disponibiliza para estudantes, pesquisadores, gestores públicos e população em geral conceitos relacionados à teoria e à prática das políticas públicas – decisões que envolvem questões de ordem pública com abrangência ampla e que visam à satisfação do interesse de uma coletividade.
Em 498 páginas, 37 autores de notória trajetória profissional – entre juristas, cientistas políticos, sociólogos, psicólogos, pedagogos e assistentes sociais – apresentam a definição de 142 verbetes.
Dentre eles, é possível encontrar os significados determos como Associativismo, Cidadania, Democracia, Estrutura Social, Sistemas Sociais, Servidor Público e Ética, entre tantos outros que são usados no dia a dia, sobretudo por estudantes e profissionais de várias áreas.
Explicando desde o conceito de Estado presente na célebre obra O Príncipe, do italiano Nicolau Maquiavel (de 1532), até o termo Governo Eletrônico – “denominação atribuída ao uso de ferramentas eletrônicas e modernas tecnologias de informação com vistas a democratizar o acesso a dados, documentos e serviços” –, a obra faz uma importante contextualização histórica dos temas explorados.
Em entrevista à Agência Minas, uma das organizadoras da publicação, a diretora da Faculdade de Políticas Públicas (Fapp) Tancredo Neves, da Uemg, Carmem Lúcia Freitas de Castro, fala sobre o valor da obra, da sua contribuição para a sociedade e do seu processo de desenvolvimento.
“Não seria exagero dizer que, com a publicação deste dicionário, a Uemg sela o seu destino como instituição que se preocupa e zela pela qualidade das políticas públicas e pela qualidade de vida dos cidadãos, algo indissociável dos princípios e ética de uma universidade”, afirma Carmem. A pesquisadora também destaca o apoio da universidade, que financiou integralmente o projeto.
Além do formato impresso, a obra está disponível em versão online aberta para a consulta por qualquer pessoa. Clique aqui para acessar a versão online do Dicionário de Políticas Públicas.
Confira, a seguir, a entrevista da professora Carmem Lúcia Freitas de Castro:
Qual é a importância acadêmica e o valor desta obra para a sociedade?
É uma poderosa ferramenta de consulta a serviço de estudantes, professores e demais atores sociais em seus estudos e pesquisas. Os verbetes têm uma abrangência que compreende toda a gestão pública e sua relação com as transformações sociais. Embora tenha um caráter de trabalho acadêmico, o dicionário é de leitura fácil, de compreensão imediata e está ao alcance do cidadão, do estudante, do pesquisador, enfim, da sociedade em geral.
Na prática, na vida do cidadão, qual a importância deste dicionário? Como ele pode ser útil?
Acredito que o Dicionário de Políticas Públicas pode contribuir, em muito, com o cidadão, já que ele se propõe a explicar temas e conceitos que fazem parte do cotidiano de todos nós. A partir de uma breve leitura no tema que lhe interessa, o leitor poderá entender melhor contextos, situações, direitos e deveres, enfim, o universo das políticas públicas e sua participação em todo esse cenário.
Qual foi o maior desafio deste projeto?
No início, alguns não acreditavam muito no projeto. Entretanto, tivemos adesão de muitas pessoas importantes e professores e o trabalho foi tomando corpo. Foi uma experiência rica e muito gratificante. O maior desafio é que o dicionário cumpra seu papel, seja uma obra que desperte a reflexão, que transforme concepções e seja realmente um trabalho de formação, de esclarecimentos aos cidadãos.
Houve um ou mais verbetes que foram mais difíceis de serdefinidos?
Os verbetes da área de economia, com certeza, foram os que nos demandaram maior atenção. Tivemos que colocá-los em uma linguagem mais acessível, excluindo termos muito técnicos, tornando sua leitura fácil e compreensível principalmente para os que não são da área e mesmo os que pouco conhecem acerca de temas ligados a economia.
Fonte: Agência Minas