Em 17/02/2013 às 09h15 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
Seguindo o calendário da rede estadual de ensino, os 12 Conservatórios Estaduais de Música também já iniciaram o ano letivo. No Estado, mais de 1.700 alunos que frenquentam as instituições voltadas para o ensino da música estão retomando em fevereiro as aulas referentes a diversos instrumentos musicais: piano, saxofone, teclado, violino, trombone, trompete, acordeom, clarineta, guitarra, órgão, cavaquinho, viola caipira, flauta transversa, bateria e violoncelo.
A intenção dos conservatórios, que são mantidos pela Secretaria de Estado de Educação, é proporcionar aos estudantes uma formação mais humanística e que desenvolva habilidades motoras, além daquelas ligadas à capacidade de concentração e de trabalho em grupo. A ideia de fomentar a música nas escolas está em convergência com a Lei nº 11.769, que estabelece o ensino da arte como único conteúdo obrigatório, porém não exclusivo do currículo escolar.
“A volta às aulas de calouros e veteranos é marcada pela adaptação e pelo acolhimento dos alunos. Trabalhamos em conjunto nas aulas para avançarmos no quesito ritmo”, explica a educadora e ex-aluna do Conservatório Estadual de Música Padre José Maria Xavier, do município de São João del-Rei, no Campo das Vertentes, Jane Arruda.
“Cheguei aqui na década de 1990 para aprender violão e acabei me tornando professora de flauta doce. Empenho-me muito nesta causa do ensino da músicae tentomotivar ao máximo os alunos”, conta Jane.
Segundo o diretor da escola de música da cidade histórica, Anthony Claret Neri, na primeira semana os alunos se reuniram com os professores para a marcação de aulas e os pais também foram convidados a conhecer a nova rotina dos filhos.“Acho que vai ser legal meu ano aqui no Conservatório. Já aprendemos muitas coisas”, destaca Bárbara Bela de Souza, de 11 anos, estudante da Escola Estadual Aureliano Pimentel e caloura do curso de violão do Conservatório de São João del-Rei.
Capacitação de professores
A partir de março, será a vez dos professores voltarem às salas de aula para dar continuidade ou ingressar no curso de extensão de educação artística e formação musical, que os habilita a lecionar aulas de música. Serão oferecidas novas turmas para os módulos iniciais e para o módulo II. Somente em 2012, 600 professores concluíram o primeiro módulo.
“A adesão superou as expectativas. Em alguns conservatórios, como o de Varginha e o de Pouso Alegre, houve filas de espera. Este interesse retoma a natureza primordial dos conservatórios que é formar educadores”, comenta o coordenador dos Conservatórios Estaduais de Música da Secretaria de Estado de Educação, Gilbert Gouvea.
“Não existe outro caminho na educação que não seja aquele que passa pela educação e pela arte. Precisamos incentivar este saber diferenciado trazendo de volta esta alegria para dentro de sala de aula”, acredita a professora Maria Betânia França Franco, supervisora da Escola Estadual João Pinheiro, do município de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro.
A educadora ingressou no curso de educação artística em 2012, no Conservatório Estadual Doutor José Zócoli de Andrade, em Ituiutaba. Segundo Maria Betânia, o curso de extensão para professores repassa conteúdos práticos e fundamentação teórica de grande alcance. “É feito todo um resgate sobre a história da música mundial, que vai desde a musicalidade no tempo das cavernas, por meio dos sons da natureza, até os dias atuais”, conta.
Maria Betânia salienta que as aulas são ministradas por profissionais formados e, tudo o que aprende, repassa, simultaneamente, aos alunos. “Os professores precisam se despertar para esta prática”, frisa.
Sons inusitados
Sob a batuta de Maria Betânia, as aulas de música também se transformam em um momento de aprendizado cultural. Segundo ela, alguns dos focos do trabalho são as músicas africanas e o uso de formas geométricas para promover danças e sons. Em suas aulas, a professora vai além do convencional e convida seus alunos a explorar as diversas facetas da música. “Criamos atividades ligadas à percussão que ensinam aos alunos, por exemplo, a experimentarem a música em todas as suas formas, extraindo sons do corpo com pauzinhos, usando não somente os instrumentos convencionais”, relata.
No Conservatório de São João del-Rei, os alunos também aprendem a diferença entre a sonoridade produzida por instrumentos alternativos, como potes de iogurte e o compasso das batidas das mãos. A lição integra o conteúdo do curso de musicalização, coral e flauta doce do Conservatório.
Além de São João del-Rei, os conservatórios estaduais estão presentes em Uberlândia, Araguari, Diamantina, Ituiutaba, Juiz de Fora, Leopoldina, Montes Claros, Pouso Alegre, Uberaba, Varginha e Visconde do Rio Branco.
Fonte e foto: Agência Minas