Em 15/02/2013 às 08h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O presidente do Equador, Rafael Correa, se encaminha sem sobressaltos para a sua segunda reeleição, o que lhe permitirá estender o seu governo socialista a dez anos.
Altamente popular graças a milionários programas sociais, Correa lidera as pesquisas com cerca de 60 por cento das intenções de voto, o quádruplo do segundo colocado. Por isso, ele deve ser reeleito já no primeiro turno, no domingo.
Seu grupo político também deve ganhar na Assembleia Nacional, mas as pesquisas não são unânimes sobre a chance de recuperar a maioria absoluta que perdeu nos últimos anos.
Economista formado nos Estados Unidos, Correa, de 49 anos, focou seu governo na redução da pobreza e da exclusão social, junto com uma retórica de repúdio ao passado recente do Equador, marcado por recorrentes crises econômicas e institucionais.
Seus opositores, no entanto, o criticam por ter aumentado o controle estatal sobre setores estratégicos, em prejuízo dos investimentos, e de ter se indisposto com os mercados financeiros ao declarar uma moratória da dívida nacional, logo no início do seu primeiro governo. Eles dizem que seu governo teve "sorte" por coincidir com uma fase de alta nos preços do petróleo.
Associado originalmente ao líder venezuelano Hugo Chávez, Correa levantou muitos dos postulados socialistas partilhados -com matizes- por outros países latino-americanos, como Bolívia ou Nicarágua.
"Não se pode tapar o sol com um dedo e negar a mudança radical da pátria", disse ele num recente comício ao sul de Quito. "O trem voltou, a saúde voltou, o trabalho voltou, mas sobretudo voltou a dignidade, voltou a justiça, voltou a soberania."
Após um governo marcado por duros confrontos com a imprensa, a fragmentada oposição não conseguiu difundir para a população o discurso que qualifica o presidente como radical e autoritário.
O ex-banqueiro Guillermo Lasso, principal figura da oposição, catalisa grande parte da rejeição a Correa, concentrada na classe média das grandes cidades. Estigmatizado pelos governistas por seu passado no setor financeiro, ele aparece com apenas 9 a 15 por cento das intenções de voto.
"É escolher entre seguir o caminho do medo ou olhar para a estrada da liberdade, da segurança e do emprego", disse Lasso recentemente numa caminhada.
Correa busca que seu projeto socialista se torne "irreversível" e promete uma reforma agrária, maior acesso a saúde e educação, ampliação da rede viária e diversificação da economia, para diminuir a dependência em relação ao petróleo.
Sua eventual vitória também lhe permitirá assumir um papel mais importante na aliança de mandatários de esquerda na América Latina, que vive um momento decisivo por causa da ausência da sua principal figura, Chávez, hospitalizado há dois meses em Cuba para se tratar de um câncer.
Fonte: Reuters