Em 31/01/2013 às 08h30 | Atualizado em 27/07/2018 às 17h22
O governo colombiano e a guerrilha Farc trocaram declarações duras na quarta-feira, depois de o grupo rebelde anunciar que continuará sequestrando militares e policiais, e um dia antes da retomada das negociações de paz entre as duas partes em Cuba.
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) voltaram a propor uma trégua durante as negociações, mas o negociador do governo, Humberto de la Calle, reiterou a posição de Bogotá de não aceitar um cessar-fogo temporário nem a assinatura de acordos parciais para regulamentar o conflito.
"Equivocam-se radicalmente se acham que com ações desse tipo vão obrigar o governo a um cessar-fogo bilateral. Isso só ocorrerá se for assinado um acordo final de paz", disse De la Calle a jornalistas antes de viajar para Cuba.
"Vamos a Havana para terminar o conflito, que é o que pactuamos, e se não for assim que nos digam de uma vez por todas, para não fazerem o governo nem os colombianos perderem tempo", disse De la Calle, um ex-vice-presidente da República.
A forte reação ocorreu depois de as Farc anunciarem que não vão abrir mão dos sequestros, o que analistas interpretaram como uma forma de pressão da guerrilha sobre o governo.
No fim de semana, as Farc capturaram dois policiais em uma zona montanhosa do noroeste colombiano, na primeira ação desse tipo desde o início do processo de paz.
"Reservamo-nos ao direito de capturar como prisioneiros os membros da força pública que se renderam em combate. Eles se chamam prisioneiros de guerra, e esse fenômeno se dá em qualquer conflito que haja no mundo", disse as Farc em nota divulgada na noite de terça-feira em Havana.
Em 20 de novembro, quando o processo de paz foi lançado, as Farc declararam uma trégua unilateral de dois meses. Ao final de prazo, na semana passada, o grupo voltou a cometer ataques contra a infraestrutura colombiana e contra os militares.
Durante a fase de trégua unilateral, o governo manteve suas operações militares contra a guerrilha, incluindo bombardeios que resultaram na morte de pelo menos 34 combatentes rebeldes.
Fonte: Reuters